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O Relatório

Por:   •  9/8/2019  •  Resenha  •  1.174 Palavras (5 Páginas)  •  181 Visualizações

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No Contexto de uma crise socioambiental que marca as sociedade contemporânea, Enrique Leff traz reflexões de grande valia em sua obra Epistemologia Ambiental. Abrangendo questões desde a articulação entre os distintos campos do conhecimento para apreensão da dinâmica sociedade-natureza, o processo de transformação do conhecimento até a construção do saber e da complexidade ambiental e o significado de uma nova racionalidade ambiental.

As questões ambientais começam a tomar novas dimensões, através de uma visão holística, interdisciplinar e complexa dos problemas contemporâneos, principalmente no que se diz respeito à degradação ambiental, ultrapassando a compartimentação e fragmentação do paradigma cartesiano para a compreensão da relação ser humano – meio ambiente.

Enrique Leff na sua obra sobre a “complexidade ambiental” desenvolve uma nova maneira de pensar e estudar a crise ambiental, sob a perspectiva de que a crise ambiental é, sobretudo, um problema de conhecimento, ou, nas suas palavras, uma “crise da civilização” (LEFF, 2003, p. 16).

A complexidade ambiental implica em uma revolução do pensamento, uma mudança de mentalidade e transformação do conhecimento e das práticas educativas para construir um novo saber e uma nova racionalidade que passe a orientar a construção de um mundo de sustentabilidade. Há aqui uma nova reflexão sobre a natureza do ser, do saber e do conhecer, introduz-se o estudo da complexidade ambiental ligado ao conceito de “saber ambiental” que nas palavras de Leff se projeta para o infinito do impensado – o por pensar – reconstituindo identidades diferenciadas em vias antagônicas de reapropriação do mundo(LEFF, 2003, p. 38).

Sob esta nova perspectiva do saber ambiental e da sua complexidade, o autor busca proceder a desconstrução do pensamento unitário, disciplinar, instrumental e reducionista que rege a lógica ocidental dominante – com nítidos reflexos no pensamento científico e filosófico –, em especial na forma de conceber o mundo natural e social. E se propõe a romper estas perspectivas lineares, coisificadoras e unidimensionais, introduzindo um novo modelo de conhecimento que se corrobore na razão aberta, crítica e criativa. Nesses moldes o saber ambiental coloca-se fora da ideia do uno, do absoluto e da totalidade, ele indaga a partir de sua falta de conhecimento, do não pensando, sem se fundir num paradigma transdiciplinar.

O autor afirma que a crise ambiental é uma crise de conhecimento que dissocia o ser e o ente à lógica autocentrada da ciência e ao processo de racionalização da modernidade que se guia pelos moldes da racionalidade econômica instrumental.

Com intuito de transcender a ambientalização do conhecimento o autor demonstra a importância da construção de um saber ambiental amplo, que compromete-se não somente com as formas de objetivação do ser (e do conhecer), mas com a apropriação subjetiva da realidade, que imprimi novos sentidos civilizatórios ao mundo com o forjar de novas teorias, ideologias e utopias (novas ações sociais), para a reapropriação da natureza e novos relacionamentos entre os homens.

A epistemologia ambiental surge aqui como uma política do saber que busca a sustentabilidade da vida para além do propósito de internalizar o ambiente externalizado, é uma epistemologia política da vida e da existência humana.

Em um primeiro momento o autor busca desenvolver uma análise sobre a articulação teórica das ciências e a importância que essa terá na construção do saber ambiental. A preocupação de Leff quando fala em epistemologia é que se rediscuta os nexos existentes entre a realidade e conhecimento, objetividade e subjetividade, teoria e práxis, entre o ser e o conhecer, entre o saber formal e o patrimonial, a fim de que se rompa com as questões dialéticas características da ciência moderna.

Na suas palavras “a epistemologia ambiental transcende um exercício permanente de reflexão, teorização e ação que constrói e transforma a realidade.” (LEFF, 2010, p.17)

Quando o autor introduz o estudo da interdisciplinaridade ao lado do ambiente e desenvolvimento sustentável a partir do estudo da problemática ambiental, busca uma estratégia epistemológica para a construção de uma racionalidade ambiental.

Indagando-se sobre o ambiente em posição de objeto científico interdisciplinar, Leff discute sobre o conceito de meio e como ele é tratado pelas ciências, bem como sobre a produção de conceitos práticos em busca de resultados frente à gestão ambiental do desenvolvimento.

Dentre a multiplicidade de questões que abarcam a Obra, aduz-se a ideia que a construção de novos paradigmas envolve um amplo diálogo entre tradição e modernidade, ou seja, toma-se como pressuposto que uma nova relação entre o homem e a natureza, num intercruzamento entre várias temporalidades, implica um olhar sábio e simultâneo para frente e para trás. Ou, em outros termos, em seu projeto teórico-político, o autor propõe a busca de novas trilhas no fluxo da história, onde a tradição possa ser ressignificada.

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