RESENHA DO TEXTO: “CARTA ACERCA DA TOLERÂNCIA DE JOHN LOCKE”
Por: Matheusnf • 30/11/2018 • Resenha • 1.110 Palavras (5 Páginas) • 362 Visualizações
Direito UFRN-2018.2 Noturno
Disciplina: Sociologia e antropologia geral
Professor: Douglas Araújo
Aluno: Matheus Nunes de Figueiredo
RESENHA DO TEXTO: “CARTA ACERCA DA TOLERÂNCIA DE JOHN LOCKE”.
Locke destaca o ponto alto em sua visão de que a mutua tolerância entre os cristãos, como o diferencial para distinguir a Igreja. A questão da caridade e empatia é enxergada por Locke como uma propriedade dos cristãos, de modo que deveria ser atendida, por um indivíduo que se diga cristão.
Locke defende que o papel da religião não é o domínio eclesiástico e nem por uso da força, mas sim um aspecto orientador da vida do cidadão. Quem for descuidado com sua própria salvação dificilmente persuadirá o público a seguir os preceitos dos quais o autor definiu, como evitar as tentações e desejos que possam comprometer esse aspecto.
John afirma que aqueles dos quais buscam segregar os outros de acordo com o julgo dos seus pecados, se constitui também pecador, na medida que as atitudes dos cristãos que visam o reino de Deus não é julgar o outro, ou de qualquer modo tentar repreender os indivíduos que praticam fornicações, adultério e entre outros pecados, mas pela evitação e abstenção de certos costumes e vícios dessa natureza.
Locke usa argumentos para explicar porque a tolerância religiosa deveria ser norma em todos os estados citando muitos textos bíblicos. Seus argumentos seguem a ideia, expressa por ele também em outros escritos, como por exemplo, Primeiro e Segundo Tratados sobre o Governo Civil, de que o magistrado civil foi empossado por um arranjo realizado pela sociedade, não por Deus.
Segundo ele, a comunidade civil é uma sociedade de homens que busca os interesses civis; vida, liberdade, saúde, dinheiro, terras, casas, bens móveis. O magistrado civil, um príncipe em seu estado, deve administrar as leis que asseguram os direitos civis ao povo, fazendo-o com igualdade.
O magistrado deve usar a força para punir aqueles que violam os direitos de outros. Mas o magistrado não tem jurisdição sobre questões religiosas. O poder de decidir sobre a salvação eterna de alguém não lhe foi confiado por Deus.
Aos cristãos que creem que impor suas crenças religiosas a outro é ser zeloso do Evangelho, Locke diz que a intolerância é incompatível com a fé cristã. Esses pretensos zelosos deveriam primeiro conhecer os mandamentos de Cristo e não serem indulgentes com os pecadores de sua própria igreja antes de tentarem converter outros. O contrário seria hipocrisia. O uso da força das armas para converter outros é contrário ao ensinamento de Cristo, que, caso achasse necessário que exércitos fariam a palavra do Evangelho ser aceita usaria as legiões de anjos celestiais, não homens. Além disso, a aceitação forçada de uma religião só serviria para ofender a Deus, em vez de agradá-lo.
Locke define igreja como sociedade onde as pessoas se unem para servir a deus, por vontade própria, do modo que acreditam ser aceitável a Ele. Tanto a associação como a dissociação de uma igreja devem ser voluntárias. As regras de cada sociedade religiosa devem ser observadas por seus membros; caso um membro se recuse a seguir as normas, a sociedade pode chegar a expulsá-lo, mas a punição nunca pode atingir seus bens civis e terrestres. A força que rege os interesses civis deve estar nas mãos do magistrado, que, por sua vez, deve usá-la de acordo com a legislação.
Se ninguém pode prejudicar os interesses civis de um membro errante de sua igreja, não o pode fazer a alguém de outra sociedade religiosa. Mesmo um príncipe não pode interferir nos assuntos religiosos pois somente Deus pode dizer qual religião é a verdadeira. Nenhuma paz ou segurança, muito menos amizade, jamais podem ser estabelecidas ou preservadas entre os homens enquanto prevalecer esta opinião de que a dominação está fundada no privilégio e que a religião deve ser propagada pela força das armas escreve Locke, tendo como pano de fundo os conflitos religiosos que destruíram a Europa no século XVII.
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