RESENHA TEMPOS LIQUIDOS
Por: zeschau • 12/5/2015 • Resenha • 801 Palavras (4 Páginas) • 349 Visualizações
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RESENHA DO CAPÍTULO 3
ESTADO, DEMOCRACIA E A ADMINISTRAÇÃO DOS MEDOS
O terceiro capítulo do livro “Tempos Líquidos” de ZYGMUNT BAUMAN, aponta a maneira em que os povos da vida atual sentem ameaçados e apaixonam com facilidade por todas as coisas que lhes oferecem segurança e proteção. O autor apresenta ainda no mesmo capítulo, três possíveis causas do sofrimento e sobre o medo que as pessoas tem de sofrer, que segundo ele, isso acontece devido a inadequação dos regulamentos em relação ao convívio dos seres humanos no meio familiar, no Estado e também na sociedade.
O medo e as redes de proteção social do passado pré-moderno que eram administradas pelo Estado foram planejadas para proteger seu povo dos perigos externos. Com a globalização, o crescimento das cidades e o aumento das construções, os lugares que antes ofereciam proteção e segurança para os seres humanos, começaram a ficar fragilizados e não ofereciam mais a devida proteção que todos almejavam.
O ritmo acelerado da sociedade moderna em que tudo é intenso e constante, os atormentos cotidianos, o estresse, impaciência, a falta de tolerância uns com os outros, são sintomas de uma sociedade doente, com necessidade e fragilidades. O bem estar individual e social é um elemento ausente na sociedade globalizada.
A inadequação da sociedade globalizada que ajustam as relações dos seres humanos na família, no Estado e na própria sociedade, provoca mazelas e fragilidades nas estruturas públicas e privadas, prejudicando indivíduos e comunidades.
Foi no continente europeu, principalmente, que os temores e obsessões com segurança, mais se desenvolveram nos últimos anos, buscaram na transformação deste processo de insegurança, mostrando que a causa do medo estaria relacionado à sobrevalorização do indivíduo que se libertava das restrições impostas pelas relações sociais e também pela fragilidade e vulnerabilidade desses indivíduos, que antes tinham segurança e ao mesmo tempo se sentiam garantidos pelos vínculos sociais. Com as transformações, muitas pessoas não conseguiram se adequar aumentado assim o medo e a aflição que normalmente existe no meio social.
O Estado moderno começou a administrar o medo, que assustava os indivíduos, objetivando, estabelecer proteção. O Estado tinha ainda como objetivo a proteção do cidadão, estabelecendo seguro coletivo contra o infortúnio individual, sendo mais importante que a equiparação na distribuição da riqueza entre as pessoas, sendo uma forma de proteção para aqueles indivíduos que não tem condições econômicas.
De acordo co Sigmund Freud, as duas primeiras causas que nos levam aos nossos limites máximos do que somos capazes de fazer, é a certeza de que nunca vamos conseguir dominar plenamente a natureza. No caso do terceiro tipo de sofrimento, tem a miséria supostamente originada do meio social, já que os problemas são causados por seres humanos, poderão ser resolvidos também por eles. Conforme CASTEL, a insegurança moderna não deriva de uma carência de proteção, mas da falta de entendimento do seu escopo.
O autor afirma que a variedade de insegurança é caracterizada pelo medo da maleficência e dos malfeitores humanos, desencadeada pela suspeita em relação a outros seres humanos e suas intenções, e pela recusa em confiar nas outras pessoas e pela falta de companheirismo.
O Estado moderno já no início foi confrontado com a tarefa de administrar o medo, a construir uma rede de proteção a partir do zero a fim de substituir a antiga proteção deixada pela revolução moderna.
Segundo BAUMAN (2007), a sociedade vem substituindo as comunidades e corporações estreitamente entrelaçadas, que no passado definiam as regras de proteção e monitoravam sua aplicação pelo dever individual do interesse, do esforço pessoal e da auto-ajuda, tem vivido sobre a areia movediça da contingência. As pessoas vivem loucamente em busca de segurança, seja física, financeira ou social. A individualização moderna em si é responsável por uma parcela dessa insegurança. Afirma ainda que, a questão que envolve os direitos envolve as condições humanas de existência na sociedade, de fazer parte e ter as mesmas chances ou oportunidades, garantindo condições dignas de sobrevivência. “Estar sem emprego implica ser descartável [...] destinado ao lixo do "progresso econômico.” A segurança das pessoas e a proteção de suas propriedades são condições indispensáveis para a capacidade de lutar efetivamente pelo direito à participação política, mas não podem se estabelecer de forma definitiva nem serem adotadas com confiança, a menos que a forma das leis impostas a todos tenha se tornado dependente de seus beneficiários. (BAUMAN, 2007, p. 76).
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