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Resenha Crítica Acerca do Filme “O mercador de Veneza”

Por:   •  25/11/2023  •  Resenha  •  1.208 Palavras (5 Páginas)  •  79 Visualizações

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Resenha Crítica acerca do filme “O mercador de Veneza”

Edificada no coração comercial da rota do mediterrâneo, tal obra se apresenta pelo contexto histórico que Veneza simbolizava à época do século XIV, o cenário não se limita a apenas uma rota comercial muito importante, pois também representa o renascimento intelectual nas questões relativas ao desenvolvimento contratual e mercantil. Em razão disso, como é abordado no enredo o jogo rígido do pacta sunt servanda que imperava os tribunais mercantis é confrontado por uma sustentação exímia inclinada para que os valores da justiça fossem aplicados da melhor forma, afim de reverter situações nas quais a letra dura da lei é aplicada com certa desumanidade em prol de uma seguridade jurídica na jurisprudência.

Analisando a obra em sua essência artística, nota-se uma linguagem erudita e de difícil compreensão para aqueles que não dispõem de completa atenção nas falas das personagens, é de se esperar que uma inspiração de um clássico shakespeariano carregue tal nível de codificação, nessa vertente as tramas desenvolvidas também exprimem uma profundidade elevada e um teor repleto de essências a serem digeridas pelo consumidor da obra. Posto isso, direciono-me a análise dos fatos enunciados.

A temática jurídica que permeia a obra, é centro para que o enredo tenha nexo, tal narrativa utiliza o pacto contratual em praticamente todos os acontecimentos narrados. Bassânio personagem que se produz através da imagem de um nobre pródigo apresenta-se ao seu Amigo Antônio mercador de Veneza, para que seja financiado em seu plano, afim de quitar as dívidas ligadas a seu nome. Todavia Antônio, se limitou apenas a disponibilizar de seu crédito uma vez que suas riquezas estavam aplicadas em navios mercantis, dessa forma, surge a pessoa de Shylock, judeu, inimigo de Antônio, cristão, que realizava a prática da usura. Assim, chega-se a negociação simbólica e crítica de que ao fiador seria concedido o empréstimo de três mil “ducats”, porém não através da garantia de juros, mas sim de que a multa de inadimplência fosse uma libra de carne do cristão que havia humilhado o judeu em outras ocasiões.

Pelo desenvolver da trama esse contrato principal é entrelaçado a outros negócios jurídicos sendo um deles a vontade expressa unilateral do pai de Pórcia em designar os requisitos para que o pretendente que viesse a casar com sua filha passasse por um teste que independeria da vontade da própria. Assim, definiu que sua filha e também em decorrência seu patrimônio fossem um prêmio para o pretendente que escolhesse o baú correto.  Sob um custo, caso não lograsse êxito na escolha aquele que almejasse casar com Pórcia estaria impedido também de casar-se com outras mulheres pelo resto de suas vidas em uma espécie de contrato de adesão referente a mão de sua filha.  Bassânio, como em seu plano, consegue ser agraciado e conquista o poder para casar com a jovem rica.

Contudo, um grande litigio se constrói acerca da negociação entre Shylock e Antônio após reviravoltas econômicas, é nítido que a obra traz a desgraça a ambos os personagens para escancarar a temática do antissemitismo. Isso é, o judeu, traído por sua filha, que rouba de seu patrimônio para fugir e se unir a um amigo de Bassânio também cristão, fomenta ainda mais o sentimento de raiva, pela discriminação e pelo prejuízo empregados contra pessoa dele em virtude de sua religião, o que estabeleceu como ponto de escape a execução da dívida de Antônio, ou seja, a vingança do judeu contra os cristões.

Já pelo lado do Fiador cristão, esse se vê impossibilitado de levantar os fundos necessários ao pagamento da dívida, em virtude de seus investimentos mercantis terem resultado em diversos naufrágios. Ao que sucede os fatos Shylock vai a corte de Veneza para requisitar seu direito de cobrança, Bassânio ao ser informado do destino cruel que seu amigo Antônio viria a enfrentar, solicita ajuda a sua esposa para que fosse quitada a dívida. De forma, que consegue levar vinte vezes o valor devido consigo para renegociar. Acontece, que no julgamento, Shylock se agarrou ao argumento do pacta sunt servanda, e declinou todas as ofertas realizadas, requisitando o direito de receber coisa certa e recusando até mesmo uma proposta mais valiosa.

 Acontece, porém, que Pórcia não adotou uma posição passiva na problemática, assim, tramou junto de sua amiga, essa que também se casara com o amigo de Bassânio, um plano para defender o mercador. Nesse sentido ocorreu que ambas se passaram por homens, e compareceram à corte sob a alegação de terem sido “delegados” para apreciar e intervir no mérito da questão.

Dessarte, Pórcia como Balthazar, estrutura uma defesa dual, a priori recorre ao argumento do pedido de clemência que já permeava a corte, alegando princípios morais e com enfoque para a razoabilidade inclinada ao perdão do litígio, sem sucesso, não vê outra alternativa a não ser enraizar os termos do contrato como a lei em prol da segurança jurídica. Mas é claro, essa primeira sustentação reside na criação de tensão e clímax para a obra, e também pode ser analisada como uma tentativa em fazer com que Shylock renunciasse a sua vingança por conta própria.

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