Sobre Eichmann
Por: Leonardo Dourado • 3/5/2016 • Monografia • 328 Palavras (2 Páginas) • 223 Visualizações
É devido a isso que a Hannah desenvolve a ideia da banalidade do mal como "aquele perpetrado por seres que nunca optaram por ser maus ou fazer mal a alguém, mas que assume proporções assustadoras, e mesmo sem limites, ante a facilidade dos indivíduos de se adaptarem a qualquer imperativo, pelo simples costume de se manterem fiéis às regras (...) uma curiosa e totalmente autêntica incapacidade de pensar". E é devido a esse conceito que ela foi criticada, afinal de contas: como poderia defender Eichmann dizendo que ele não tinha ação própria e consciência moral nos eventos da Segunda Guerra Mundial? Que ele só estava seguindo uma simples ordem? É aí que podemos perceber o engano dos críticos. Mais do que ninguém, Hannah Arendt tinha propriedade para falar do sofrimento judeu, ela não era uma pessoa qualquer. Ela era uma judia. Ela ficou presa em um campo de concentração. Ela viu o seu povo ser perseguido, ela viu várias identidades e nacionalidades serem roubadas, ela viu o mal de perto. E ela viu como ele pode ser banal.
A leitura fluiu bem comigo, mas não foi simples. Por estar pressionada para a realização de um trabalho, eu não poderia deixar passar nada, minha atenção a cada parágrafo era redobrada e isso me jogou de cabeça no livro. Hannah é ótima, não é repetitiva, possui seu próprio estilo de narrativa e, o melhor ponto, te faz pensar. Pensar no que aconteceu, no que deveria ter acontecido, te faz assimilar pontos que você nunca parou para entender e te faz compreender mais coisas do que você esperava ao iniciar a leitura. O mais chocante é perceber que nem todo mal praticado vem com a intenção da maldade escancarada. É fácil entender como essa conclusão incomodou muitas pessoas, pois é difícil perceber que a maldade pode ser praticada sem consciência (repare que isso é uma POSSIBILIDADE e não uma afirmação). Parte das críticas da época não tiveram essa percepção.
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