TRABALHO E ATIVIDADE: COMPREENSÃO ATRAVÉS DE VALORES HISTÓRICOS
Por: Lucas Soares • 10/2/2019 • Seminário • 2.112 Palavras (9 Páginas) • 228 Visualizações
TRABALHO E ATIVIDADE: COMPREENSÃO ATRAVÉS DE VALORES HISTÓRICOS.
É importante conceituar estas duas palavras para que enfim, tenhamos consciência daquilo que se busca compreender. Portanto, a partir do momento que buscamos conceituar uma palavra, ela não apenas gera um grau de conhecimento, mas também um esforço de viver, conseguindo assim através de valores históricos desenvolver a competência humana da compreensão.
Por isso, de acordo com Schwartz, ao conceituar trabalho é necessário associá-lo ao histórico e social, pois do ponto de vista ergológico, o trabalho é a atividade de seres humanos situados no tempo e no espaço, e que se dá no acontecendo da vida. São atividades complexas e que possuem um caráter enigmático (Schwartz, Durrive, 2010).
Os estudos ergológicos entendem a Atividade de Trabalho como uma dramática “uso de si”: uso de si por si e uso de si pelo outro. Afinal, o que tudo isso significa? Ao depararmos com um ambiente de trabalho, onde essa atividade é regida por normas antecedentes, dando diretrizes no que fazer e renormalização do sujeito na atividade causa um drama para um corpo-si.
Ao fazer uso de si, o trabalhador arrisca e pode falhar. Isso se dá devido à dinamicidade da vida, mediante a qual estamos constantemente correndo riscos, podendo acertar ou errar. Neste trabalho, como uso, o outro participa tanto no contato direto e real quanto nas nossas decisões, pois, no momento em que escolhemos um caminho, ele nada mais é do que uma resposta ao que já vimos outros fazerem ou por aquilo que esperamos ouvir de outros. É preciso buscar esse uso de si por si onde se encontram forças aliadas, afirmadoras da vida; é aí que o sujeito lança mão de si mesmo para solucionar seus dilemas, sendo, por isso, responsável por suas decisões e arbitragens. No micro campo da dramática do uso de si, no acontecendo do trabalho, não há como se alienar do próprio uso de si. (SCHWARTZ, 2007).
Portanto, ao ser observado em meio social, a diversidade de sentimentos (sentimentos de angústias, tensões, expectativas, desafios e etc.) apresentados por trabalhadores no meio laboral devido a sua interação com o outro, que através de estudos realizados por seguidores da ergologia, despertaram, consequentemente, para a importância de se criar espaços de fala para o trabalhador refletir sobre sua experiência na atividade de trabalho.
Pois, de acordo com Lancmam (2004, p.29): O trabalho é mais do que o ato de trabalhar ou vender sua força de trabalho em busca de remuneração. Há também remuneração social pelo trabalho, ou seja, o trabalho como fator de integração a determinado grupo com certos direitos sociais. O trabalho tem, ainda, uma função psíquica: é um dos grandes alicerces de constituição do sujeito e de sua rede de significados. Processos como reconhecimento, gratificação, mobilização da inteligência, mais do que relacionados à realização do trabalho, estão ligados à constituição da identidade a da subjetividade.
O SURGIMENTO DOS PRIMEROS REGIMES DE PRODUÇÃO
Em meados do século 19, estudiosos das mais variadas formações já se debruçavam com profundidade sobre a construção de sistemas de organização cujos objetivos eram o aperfeiçoamento da qualidade e a diminuição do tempo gasto na realização de atividades complexas, visando o aumento da produtividade, ou seja, dos lucros empresariais.
Sendo que, a partir desse período, a evolução de técnicas de produção em sua grande maioria extraída do conhecimento dos trabalhadores, combinada com o desenvolvimento cientifico aplicado aos processos produtivos, possibilitou um avanço da mecanização das atividades de trabalho.
A seguir falaremos sobre três desses importantes e pioneiros sistemas de produção: o Taylorismo, o Fordismo e Toyotismo.
Taylorismo
O Taylorismo surgiu no período entre a Revolução Industrial e a Primeira Guerra Mundial, sendo que a organização da produção se apoiou em indústrias de base, como por exemplo, as indústrias siderúrgicas, químicas, máquinas e equipamentos.
No ano de 1911, Taylor publicou os princípios da administração cientifica nos quais defendia a implantação de um sistema de organização cientifica do trabalho, consistindo basicamente em controlar o tempo e também os movimentos dos trabalhadores afim de aumentar a produtividade no interior das fábricas.
Através das dificuldades em aplicar a noção de tarefa no ambiente da fábrica, Taylor projetava treinar o operário e capacitá-lo para realizar seu trabalho no ritmo que agora lhe era imposto.
Taylor propôs uma intensificação na divisão de trabalho, fracionando as etapas do processo produtivo de uma forma que cada trabalhador desenvolvesse ultra especializadas e repetitivas atividades.
Defendendo o aprofundamento da divisão entre a concepção e a execução de qualquer atividade industrial, ou seja, defendia uma divisão entre o trabalho intelectual, reservado aos dirigentes e aqueles funcionários com alto grau de especialização e o trabalho manual, reservado aos operários da linha de montagem.
Fordismo
É um modo de produção em massa baseado na linha de produção idealizada por Henry Ford, no qual tinha por objetivo a racionalização do processo produtivo, a fabricação em baixo custo, e consequentemente, acumulação de capital.
O fordismo tornou-se o modelo de gestão da Segunda Revolução Industrial, estendendo-se até meados da década de 1980.
Através da produção automobilística, em sua fábrica, “Ford Motor Company”, Henry Ford estabeleceu uma doutrina seguindo 3 princípios básicos:
• Intensificação: permite dinamizar o tempo de produção;
• Economia: tem em vista manter a produção equilibrada com seus estoques;
• Produtividade: visa extrair o máximo da mão-de-obra de cada trabalhador;
Desta forma, Henry aperfeiçoou o sistema de Taylor, no qual apenas se preocupou em aumentar a produtividade do trabalhador, enquanto Ford atentou-se desde as fontes das matérias-primas, até a produção das peças e distribuição de seus produtos. Sendo esse o diferencial entre os dois métodos de produção.
Dentre as inovações proporcionadas pelo Fordismo, destacou-se a implantação das esteiras rolantes, que leva parte do produto a ser fabricado até os trabalhadores. Estes passavam por especialização funcional a que eram submetidos e pela qual ficavam limitados, não podendo
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