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Voltaire e Portugal

Por:   •  31/10/2016  •  Resenha  •  543 Palavras (3 Páginas)  •  323 Visualizações

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Voltaire e um episódio da história de Portugal

                O autor do texto Voltaire e um episódio da história de Portugal, José Oscar de Almeida Marques, visa abordar os relatos históricos de Voltaire a dois acontecimentos impactantes e revolucionários em Portugal no século XVIII, o terremoto de Lisboa e o atentado ao rei D. José I, que se encontram jungidos no mesmo processo, acentuando as consequências desses fatos ao seio social e político da época, inferindo críticas a possíveis lacunas e erros da obra de Voltaire, buscando corrigi-los mediante averiguações mais aprofundadas do tema.

Nessa parte conseguinte do texto, aborda sobre a catástrofe acarretada pelo terremoto, que dizimou mais de 30 mil pessoas e destruiu quase por completo a cidade de Lisboa, quarta maior da Europa no período relatado. Constata também a dicotomia presente nos discursos da época: de um lado o clero, extremamente influente no país, que defendia a ideia de que era um castigo divino devido uma sociedade pecaminosa e do ministro Carvalho e Melo, que atribuía a catástrofe a causas naturais impossíveis de evitar, cabendo aos governantes reconstruírem a cidade e não se manter no ócio apenas realizando ações de auto fé.

O autor evidencia a oposição de maneira hostil de Voltaire a atuação e influência religiosa nos Estados, questionando o atraso de Portugal perante os demais países da Europa, como a Inglaterra, que possuía mais autonomia diante dessas entidades, aversão relacionada também a exploração dos recursos das colônias, principalmente ouro e prata. Nesse período, houve um atentado ao rei D. José I, uma tentativa de assassinato arquitetada pelos jesuítas, que tinha como protagonista o padre Malagrida, de extrema influência devido a sua atividade missionária e seu poder de oratória, que divergia, dentre diversos temas, a colonização dos indígenas, em relação a escravização dos mesmos, gerando conflitos entre o missionário e Carvalho e Melo. Malagrida ganhou mais força após o terremoto de Lisboa atribuindo a sua razão uma punição divina, e prevendo mais um terremoto no período de um ano, o que não ocorreu, fazendo perder parte de sua credibilidade, sendo acusado de espalhar o pânico e aproveitar de superstições.

Outro relato importante foi sobre o massacre dos Távoras, condenados a morte por traição na tentativa de assassinato do rei, porém segundo o autor, mal explorado por Voltaire ao não se aprofundar sobre o fato, se atendo a versão oficial facilmente manipulado por interesses de uma determinada cúpula, atribuindo a Carvalho e Melo mais poder do que tinha anteriormente, que utilizaria para a expulsão dos jesuítas posteriormente.

Voltaire demonstrava sua indignação diante do atraso do julgamento dos jesuítas, em que Portugal, subordinado muitas vezes ao clero situado em Roma, aguardava autorização para tomar providências dos mentores do ato. Carvalho e Melo, ao despopularizar e explorar as supostas mazelas causadas pela Companhia, expulsou de Portugal e dos territórios pertencentes a metrópole, ocasionando em uma crise institucional, principalmente no âmbito educacional e humanitário.

Malagrida, condenado e executado por razões e erradas segundo Voltaire, mais por razões pessoais de Carvalho e Melo, fora enforcado e queimado publicamente, como represália aos seus atos, em que o Marquês de Pombal, ao decair ao nível mais baixo da miséria humana alcançou a sua tão almejada grandeza.

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