A Economia Keynesiana
Por: dpsmotta • 15/6/2016 • Trabalho acadêmico • 4.648 Palavras (19 Páginas) • 1.692 Visualizações
Capítulo 4: Modelo Keynesiano Simples
Introdução:
Como visto anteriormente, a teoria clássica propõe o livre funcionamento do mercado, e na ausência de imperfeições, a economia tenderá a atingir uma condição de pleno emprego. De acordo com essa teoria não haveria o chamado desemprego involuntário, ou seja, não haveriam pessoas desejando trabalhar por salários a nível de mercado e que não obtivessem emprego.
No entanto, essa teoria não podia explicar o que estava ocorrendo na grande depressão, durante os anos de 1930. Os salários nominais estavam despencando enquanto o desemprego passava por altos índices de crescimento.
Nesse contexto surgiram as ideias que viam o problema da depressão como insuficiência de demanda agregada, de forma que, mudava-se o foco da análise de oferta agregada e como determinante do nível de produto passando para a análise da própria demanda agregada.
Abaixo será discutido o princípio da demanda efetiva com base na determinação do produto e renda, de forma que, será rompido a ideia de passividade da demanda e o automatismo de sua adequação à oferta.
Modelo Keynesiano Simples (o lado real)
A ideia básica do modelo é de que o produto (a renda) é determinado pela demanda agregada, de forma que não haja restrições pelo lado da oferta para a expansão do produto. Dessa forma as empresas podem oferecer qualquer quantidade a um nível de preços estabelecido, isto é, a oferta agregada é infinitamente elástica em relação aos preços.
Nesse modelo os preços são constantes e a variável de ajuste é a quantidade, as empresas produzem justamente o necessário no intuito de atender a demanda. Assim o mecanismo de ajustamento quando ocorre excesso de oferta.
Equilíbrio de mercado
De acordo com a contabilidade nacional, na condição de equilíbrio a oferta agregada será sempre igual a demanda agregada. Inicialmente, no intuito de explicar esse contexto, tomamos como base uma economia fechada sem governo em que Y=C+I. Esta igualdade sempre e verifica, afinal, consideramos como investimento não apenas a aquisição de novos bens de capital, mas também a variação de estoque. O comportamento dos estoques não segue necessariamente o planejamento inicial podendo variar de acordo com mudanças nas condições de mercado.
Dessa forma podemos decompor o investimento em duas partes:
I: Investimento voluntário: Corresponde às aquisições de bens de capital pelas empresas e à variação pretendida no nível de estoques.
II: Investimento involuntário: Corresponde a variação no nível de estoques decorrentes de erros na previsão do nível de produção.
O equilíbrio corresponde a uma situação em que a variação de estoques não planejada seja nula, e, além disso, o consumo das famílias seja igual o consumo planejado. Assim:
(Ver anotações- página 2)
Dessa forma, dada uma situação adversa, seja de excesso ou retração da demanda, O investimento involuntário pode ser maior ou menor que zero. Consequentemente as empresas
Podem ampliar a produção de modo a atender a demanda ou retraírem a produção de modo a cessar o aumento de estoques. Ou seja, pela resposta da produção à variação no volume de estoques a economia tende à situação de equilíbrio.
Obs.: É válido reafirmar que os preços não desempenham qualquer papel no ajustamento econômico, que se dá pelo movimento de estoques. Isso é chamado política de ajustamento de estoques.
Renda de equilíbrio
Para analisarmos a determinação da renda de equilíbrio, supomos inicialmente que o único componente da demanda seja o consumo:
- Y = DA = C
Sabemos que o consumo aumenta de acordo com o aumento da renda, mas em menor magnitude, logo:
- C = C(Y)
- Supondo uma função linear:
- C = Co + cY
- Onde:
- Co = consumo autônomo (C0>0)
- C = propensão marginal a consumir (0
- O consumo autônomo corresponde ao consumo que independe do nível de renda ou seja, existe mesmo que a renda seja zero.
- A propensão marginal mostra a parcela de renda destinada ao consumo e determina o aumento do consumo dado um aumento da renda.
- A renda de equilíbrio é dada abaixo:
- [pic 1]
- Ver anotações – pág 2
O equilíbrio também pode ser expresso a partir da função poupança. Por definição a poupança é equivalente a renda não consumida. Assim:
- S = Y - C
- S = Y - (Co + cY)
- S = -Co + (1 - c)Y
Definimos (1-c) como a propensão marginal a ser poupada. Assim como o consumo, a poupança aumenta conforme é aumentada a renda, no entanto, em menor magnitude.
Modelo Keynesiano com consumo e investimento
Ao introduzirmos o investimento, vamos considerá-lo fixo, dessa forma estaremos supondo que o investimento é constante e não depende do nível de renda.
- I = Io
A demanda agregada agora transforma-se em:
DA = C + Io
A renda de equilíbrio agora será dada pela seguinte expressão:
- Y + C + I
- Y = Co + cY + Io
- [pic 2]
Graficamente, quando introduzimos o investimento como variável de gasto autônomo, a função demanda agregada desloca-se paralelamente para cima com magnitude igual ao valor do investimento pois este é tomado como constante.
A condição de equilíbrio dada por Y = DA implica em S = I {S = (C+I) - C}. Assim, a renda de equilíbrio é determinada no ponto em que a função poupança intercepta a função investimento. Essa forma de determinar o equilíbrio macroeconômico é chamada ótica de vazamentos e injeções de renda
- Vazamento de renda: Ocorre quando há quedas autônomas da demanda agregada.
- Injeções de renda: Representa aumentos autônomos de demanda agregada.
Sabemos que aumento da poupança representam aumento do vazamento do fluxo de renda, deslocando a curva de demanda agregada para baixo provocando, consequentemente, queda na curva de equilíbrio. Por outro lado, aumento nos gastos com investimento representam injeções ao fluxo de renda da economia.
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