A Governança Sadia

O Caso SADIA

Introdução

O ano era de 2008 e a empresa Sadia registrava o seu pior resultado da história em 64 anos. As operações com derivativos cambiais levaram a empresa a ter um prejuízo de R$ 2,5 bilhões. A excessivas transações com derivativos tinham como objetivo proteger as exportações da companhia contra eventuais desvalorizações do dólar, no entanto, a empresa operou neste mercado a fim de garantir retornos financeiros baseados em especulação frente as variações do dólar. Quando a crise de 2008 se instaurou o dólar sofreu grande valorização e a empresa ficou diante de um enorme rombo financeiro. Só para constar que naquele mesmo ano a receita bruta da companhia havia sido 18% superior ao ano anterior.

Governança Corporativa: identificação do problema

O caso Sadia é um excelente exemplo de como práticas de Governança Corporativa são importantes, sobretudo em empresas grandes e de sociedades anônimas, para o desempenho da companhia. Neste exemplo a falta de boas práticas ajudou a levar até a insolvência financeira.

De acordo com Alexandre Di Miceli da Silveira – “Governança – o caso Sadia”, bem como a conclusão da acusação, reproduzida no § 92 da decisão proferida no Processo Administrativo Sancionador CVM 18/08, houve uma “sucessão de falhas na administração que acabou por permitir a adoção, por parte da Diretoria Financeira, de práticas contrárias à Política Financeira da Sadia, o que só ocorreu pela total falta de monitoramento e supervisão, devidamente demonstrada nestes autos, sobre as atividades desta Diretoria”.

A operação excessiva em derivativos cambiais, suportada pela decisão da diretoria financeira, não estava em conformidade com a Política Financeira da Sadia. O órgão responsável por validar as ações da diretoria é o Conselho de Administração que, neste cenário, não honrou com as suas atribuições, houve falta de zelo em relação às boas práticas de governança.

Falhas de Governança

Foram identificadas diversas falhas no caso Sadia de práticas ruins de governança corporativa, ainda segundo Silveira (2012). Dentre elas podem ser destacadas: a ausência de uma política financeira eficaz; ausência de maior transparência e fluência na apresentação de resultados das operações aos investidores; falta de efetividade dos comitês consultivos instaurados na companhia; distribuição inadequada de funções; ausência de discussão sobre as boas práticas de governança e de controles internos efetivos que pudessem garantir que as políticas da companhia estivessem sendo cumpridas e adequadas ao compliance; falha no processo de troca e divulgação de informação essencial para o controle da operação; e uma remuneração da diretoria financeira atrelada aos ganhos provenientes das operações de derivativos.  

Soluções para as Falhas de Governança

Após a identificação das falhas de governança corporativa existentes dentro da companhia, é possível apresentar soluções que, se adotadas à época, poderiam ter evitado o prejuízo histórico que culminaria na união da Sadia com a concorrente Perdigão.

O Comitê de Finanças e Auditoria deveriam ter tido atuação mais incisiva e participativa no processo das operações de derivativos e tinham que ter fiscalizado os cumprimentos de acordo com a Política Financeira da empresa.