A História do Pensamento Econômico
Por: JEAN FELIPE AGOSTINHO MACHADO • 13/11/2018 • Resenha • 2.346 Palavras (10 Páginas) • 229 Visualizações
Prova 3 - História do Pensamento Econômico I
Bruno Ramon. Passagens: 2,3,5
Adam Smith e David Ricardo lideraram o pensamento econômico no final da século XVIII e nas primeiras décadas do século XIX, fundamentando a Economia Política como uma ciência autônoma e figurando na lista de autores clássicos da Economia, devido a interpretação pioneira do funcionamento do sistema econômico que se estabelecia – o capitalismo –, e a compreensão de alguns fenômenos da época.
Smith no ano de 1776 escreve sua obra máxima A Riqueza das Nações (2003), onde estabelece um distanciamento com o pensamento até então aceito. Portanto quando Smith (2003) expõe que: “a sociabilidade mercantil se estabelece pela troca de mercadorias excedentes, e a sociedade moderna é mercantil por excelência porque, ao crescer a produtividade do trabalho, abundam mercadorias excedentes”. Desta maneira, o autor salienta que não mais poderia ser aceito que a riqueza vem da acumulação, como propõe os mercantilistas, para Smith o aumento riqueza vem do aumento da produtividade oriunda de uma maior divisão do trabalho.
A divisão do trabalho para Smith (2003), é a divisão de tarefas capaz de gerar uma especialização na produção e uma ampliação da produção, por razão de cada trabalhador desenvolver uma habilidade maior na realização de uma simples tarefa, além disso, tempo é economizado com a divisão, pois, caso um trabalhador falte, outro poderá fazer sua função sem grande dificuldade, e também permite a utilização de maquinário podendo aumentar a produtividade, uma vez que as tarefas tenham sido simplificadas e feitas habitualmente por meio da divisão do trabalho.
Deste modo é possível perceber a divisão do trabalho como um ponto chave no pensamento de Smith, sendo capaz de alcançar o desenvolvimento da nação. Conforme o modelo de Smith, a utilização da divisão do trabalho incrementa da produtividade do trabalhador, deste modo, ampliando a produtividade e o consumo da nação. Para mais, este aumento da produtividade reflete na ampliação do mercado permitindo uma especialização ainda maior do trabalho com um grau maior de acumulação de capital, neste contexto, os trabalhadores se favorecem com o aumento dos salários proporcionado pelo aumento da acumulação de capital, consequentemente, o aumento das reservas de salário[1] que é utilizado para pagar a mão de obra, e com maiores salários contribui novamente para o aumento da produtividade do trabalhador e retomando o ciclo (BRUE, 2006).
Compreendido a importância fundamental da divisão do trabalho, Smith coloca a mesma como oriundas da natureza humana, conforme o autor:
"Essa divisão do trabalho, da qual derivam tantas vantagens, não é, em sua origem, o efeito de uma sabedoria humana qualquer, que preveria e visaria esta riqueza geral à qual dá origem. Ela é a consequência necessária, embora muito lenta e gradual, de uma certa tendência ou propensão existente na natureza humana que não tem em vista essa utilidade extensa, ou seja: a propensão a intercambiar, permutar ou trocar uma coisa pela outra” (SMITH, p. 73).
A compreensão da origem da divisão do trabalho marca as influências filosóficas de Smith, para o autor esta necessidade de trocas é inerente de uma sociedade civilizada, o homem tem necessidades constantes da ajuda de seus semelhantes, porém, não é da benevolência que se deve esperar tal ajuda, como expõe o autor:
“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse. Dirigimo-nos não à sua humanidade, mas à sua autoestima, e nunca lhes falamos das nossas próprias necessidades, mas das vantagens que advirão para eles” (SMITH, p. 74).
A necessidade de permutar sem depender da benevolência alheia resulta em uma harmonia de interesses. Enquanto o consumidor busca o preço mais baixo e com qualidade, o trabalhador tende a procurar maiores salários, o empregador busca maiores lucros, para Smith dentro do caos dessa atividade econômica encontra-se uma ordem natural, isto é, uma mão invisível capaz de dirigir o interesse próprio para o bem estar social (BRUE, 2006).
A chave da compreensão deste fenômeno está na competitividade, a ação de um produtor em busca de lucros altos elevando o preço é contida por seu concorrente, e o mesmo acontece com salários, pela disputa pelos melhores trabalhadores. Desta maneira, estabelece o paradoxo de Adam Smith, onde buscar o seu próprio interesse, controlada pela competitividade, tende a alcançar o bem estar social (SMITH, 2003). Estas conclusões do autor também direciona ao debate sobre o papel do Estado, não tendo ele que se intrometer na atividade econômica[2], uma vez que haja a ordem natural, vigorando o discurso dos fisiocratas, laissez-faire, laissez- passer[3].
Outra discussão e preocupação presente tanto em Smith quanto em Ricardo é a distribuição, a Economia Política há uma preocupação com a distribuição da renda na economia. Conforme Smith (2003), “salários, lucros e renda da terra são as três fontes originárias de toda renda, bem como de todo o valor de troca. Toda outra renda é em última instância derivada de uma ou de outra destas”.
No modelo de Smith, o valor do salário vem da sua teoria da reserva de salário exposta anteriormente, entretanto, independente desta reserva, o valor mínimo deve garantir a sobrevivência e permanência do trabalhador de sobreviver e manter sua oferta de trabalho, de forma geral, uma nação rica seria capaz de pagar salários altos aos trabalhadores. No que tange a questão do lucro, Smith ressalta a importância do mesmo recompensar a perda do investimento e proporcionar um excedente ao empresário. Na questão da renda, Smith não se aprofunda muito no tema, considerando a renda o aluguel da terra, o preço que se paga pelo uso da terra (BRUE, 2006).
Ricardo também demonstra em sua obra Princípios da Economia Política e da Tributação (1996) uma preocupação com a distribuição de renda, valor e principalmente a acumulação. Ricardo é tido como um dos mais influentes autores clássicos, tendo sua obra como um manual de economia. A preocupação central com a distribuição pode ser exposta no trecho a seguir:
"O produto da terra — tudo que se obtém de sua superfície pela aplicação combinada de trabalho, maquinaria e capital — se divide entre três classes da sociedade, a saber: o proprietário da terra, o dono do capital necessário para seu cultivo e os trabalhadores cujos esforços são empregados no seu cultivo. Em diferentes estágios da sociedade, no entanto, as proporções do produto total da terra destinadas a cada uma dessas classes, sob os nomes de renda, lucro e salário, serão essencialmente diferentes, o que dependerá principalmente da fertilidade do solo, da acumulação de capital e de população, e da habilidade, da engenhosidade e dos instrumentos empregados na agricultura. Determinar as leis que regulam essa distribuição é a principal questão da Economia Política: embora esta ciência tenha progredido muito com as obras de Turgot, Stuart, Smith, Say, Sismondi e outros, eles trouxeram muito pouca informação satisfatória a respeito da trajetória natural da renda, do lucro e do salário” (RICARDO, 1996, p. 19).
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