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A Obra de Jean-Baptiste Say

Por:   •  5/12/2018  •  Ensaio  •  1.811 Palavras (8 Páginas)  •  492 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

CIÊNCIAS ECONÔMICAS – Campus Campos dos Goytacazes

Disciplina: Pensamento Econômico II (Professor: Maracajaro)

Aluno: Alan Gomes da Silva Poubel - 2º Período – 2018.2

TRABALHO PARA REPOSIÇÃO DE FALTAS (Tema Escolhido: Economistas do Século XIX – Jean-Baptiste Say)

1) Introdução à Obra de Jean-Baptiste Say

Jean-Baptiste Say foi um industrial e economista clássico, tendo nascido no ano de 1767 em Nantes, na França e falecido no ano de 1832 em Paris, capital francesa. Nasceu em uma família burguesa francesa (mercadores de tecidos) e por tal motivo cresceu fortemente influenciado pelos ideais iluministas, com influências baseadas no liberalismo, individualismo e o racionalismo.

Durante sua infância e juventude, acompanhou o ambiente político intenso em que a França era inundada, que acabou por culminar com a Revolução Francesa em 1789. Também pode testemunhar os primórdios da industrialização na França, que foi um dos primeiros países no mundo a seguirem o modelo industrial pioneiro da Inglaterra.

Após o momento da Revolução francesa, Jean-Baptiste Say viveu sua fase de jornalista liberal, contribuindo frequentemente para o jornal “Courier de Provence” e posteriormente para o periódico “La Décade Philosophique, Littéraire et Politique, pour une Société dês Republicains”, onde foi diretor e começou, influenciado pela leitura da obra A Riqueza das Nações de Adam Smith, a divulgar os ideais econômicos do mesmo.

Essa leitura da obra de Adam Smith inspirou Jean-Baptiste Say a escrever a sua principal obra, qual seja, o “Traité d’Économie Politique” (2 volumes), em 1803, onde foi extraída a popular Lei de Say (ou Lei de Mercado), que irei tratar adiante. É importante destacar que o referido Tratado, muitaz vezes descritos como uma popularização das ideias de Adam Smith (com alguns autores entendendo que sua releitura de Smith acabou por clarificar, precisar e corrigir as teorias do mesmo), teve como ponto de partida a típica metodologia da Economia de sua época. Esse ponto base para o produção dos ideais de Say é de que a Economia deveria começar, não por fórmulas matemáticas abstratas e análises estatísticas, mas sim a partir da experiência real do ser humano. A referência humanística destacada por Say acabou por resultar em um destaque no papel do empreendedor dentro da Economia, sendo considerada a primeira contribuição do autor para o meio econômico.

Retornando à vida pública do autor, alguns historiadores dão conta de que o mesmo, entre os anos de 1799 e 1814 foi membro do “Tribunat” na França, sendo demitido por ordem de Napoleão por se recusar a publicar algumas ideias do Imperador.

Ademais, com o fim do Império francês de Napoleão, Say acabou por se dedicar à atividade intelectual com maior frequência, momento no qual escreveu suas obras mais importantes e se dedicou à introdução e difusão do ensino econômico na França, primeiramente no “Athénée” (1815-1816) e, posteriormente no Conservatório Nacional de Artes e Ofícios (1820) e no “Collège de France” (1831). É considerado o patrono da Economia na Françam, sendo o criador do ensino dessa disciplina lá. Foi um defensor da separação da economia da política e se reconhecia como um herdeiro das ideias dos mercantilistas, dos fisiocratas, além das obras clássicas de Adam Smith.

Dentre as suas principais obras, além do já citado “Traité d’Économie Politique” (1803), estão:

- Cathécisme d’Économie Politique (1817);

- Lettres à Malthus (1820);

- Cours Complet d’Économie Politique (6 volumes – 1828-1829).

2) As Principais Contribuições de Say para a Economia

Apesar de Jean-Baptiste Say possuir diversas contribuições à economia, vou destacar seus ideais em 3 principais pontos, quais sejam:

1º - O princípio do valor não é o trabalho mas sim a utilidade, isto é, sim o que é desejado pelo Homem é que constitui riqueza;

2º - As máquinas criam um desemprego provisório, mas ao permitirem as descidas de preços provocam o aumento da produção e, por este fato acabam por gerar a readmissão dos trabalhadores antes despendidos das indústrias. Nesse sentido, sua visão prega que a industrialização não possui limites nem perigos, visto que um produto criado é uma oportunidade de emprego; em uma condição de trocas internas e externas se manterem livres;

3º - O papel econômico essencial não cabe ao capitalista, como acreditavam os liberais ingleses, e nem aos proprietários de terra, como pregavam os fisiocratas, mas sim ao empresário (empreendedor) e, em menor grau ao trabalhador e ao sábio.

A) Valor Utilidade

Antecipando o pensamento defendido por John Stuart Mill na defesa da tese de que é a utilidade, e não o trabalho, o principal fator determinante do valor de uma mercadoria, Say entendia que “a produção não era uma criação de matério, mas uma criação de utilidade”.

Nesse sentido, acabava por romper com a indefinição do pensamento de Adam Smith, que não se posicionava claramente acerca dos valores de uso e de troca, e também com os ideais defendidos por David Ricardo, que se decidia claramente favorável a teoria do valor-trabalho, sendo acompanhado por Karl Marx e seus seguidores.

Sobre a teoria do valor, Jean-Baptiste Say entendia que:

[...] a utilidade é o fundamento do valor. O preço é a medida da utilidade. Quando não existem obstáculos à livre concorrência, nem intervenções estatais, os preços do mercado refl etem adequadamente os valores reais, ou seja, a utilidade dos diversos produtos. O custo da produção não é mais do que uma limitação imposta ao produtor, um limiar aquém do qual ele se absterá de produzir, mas que não determina, de modo algum, o valor dos produtos. [...] Trata-se, aqui, de uma total rejeição da teoria do valortrabalho, assim como, também, de toda a distinção entre o valor de uso e o valor de troca. O valor de Say é um valor mercante que só se defi ne pela troca. (SAY, 1982, p. 10).

Logo, na Teoria da Utilidade elaborada por Say, o cosumidor passa a ter um papel de importância crucial, pois a demanda é o fator determinante para o estabelecimento de um equilíbrio econômico, além do fato de que é a procura que irá definir o que será ou não produzido.

Dessa forma, na sociedade desenhada por Say, os indivíduos vão ao mercado com o objetivo de maximizarem duas utilidades e trocam os bens de que necessitam por seu trabalho ou serviço (terra ou capital) e o empreendedor (empresário) passa a destacar nesse cenário a partir do momento em que se empenha para atender (através da oferta) essa demanda dos indivíduos e assim, maximizarem seus lucros.

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