A Teoria do valor nos diferentes âmbitos da escola clássica e neoclássica
Por: EduardaNP • 31/1/2018 • Artigo • 1.903 Palavras (8 Páginas) • 447 Visualizações
A teoria do valor nos diferentes âmbitos da escola clássica e neoclássica
Eduarda Sabrina Nobre Pereira[1]
Sandro Augusto Viegas Leão[2]
Resumo
Pretende‐se neste artigo abordar aspectos teóricos que norteiam o campo da economia expondo de diferentes formas a teoria do valor utilizando como ferramenta de estudo a Escola Clássica e Neoclássica. O artigo inicia-se com o contexto histórico de cada escola e, sucessivamente, a abordagem da teoria com seus respectivos criadores: Adam Smith e Carl Menger. Em seguida, será analisado especificamente referente a cada pensador a forma como a teoria do valor se modificou entre as escolas.
Palavras-chaves: Escola Clássica. Escola Neoclássica. Teoria do valor.
Introdução
Ao fim do século XVIII o mundo passava por uma descomunal mudança politica denominada de Era da Razão, onde produzia cientistas cujas descobertas levavam a novas tecnologias que, consequentemente, levariam a transformação do modo de produção de bens. Simultaneamente, filósofos políticos inspiraram revoluções da França e na América do Norte que teriam efeito profundo na estrutura social do Velho e do Novo Mundo. O novo enfoque científico alterou a antiga visão mercantilista de uma economia movida por um comércio protegido e confiante nas exportações como meio de preservar sua riqueza.
Ao fim das guerras napoleônicas, especificamente em 1815, a Europa começava a se industrializar em escala sem precedentes necessitando de uma nova abordagem com objetivo de compreender às exigências desse novo mundo econômico que estava crescendo rapidamente, resultando no nascimento da Escola Clássica por meio de Adam Smith.
A escola clássica nasceu com Adam Smith (1723-1790) no final do século XVIII – período do Iluminismo – em 1776 com a publicação de sua obra a Riqueza das Nações, estendendo-se até no final do século XIX. Adam Smith foi o fundador da economia moderna e é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. Para Adam Smith, o governo não precisava interferir na economia, ou seja, um mercado livre produziria bens na quantidade e no preço com total liberdade econômica.
A Escola Neoclássica surgiu no final do século XIX tendo como criadores o austríaco Carl Menger (1840-1921), o inglês William Stanley Jevons (1835-1882) e o suíço Léon Walras (1834-1910). A Escola Neoclássica dita, o contrário que fora exposto na Escola Clássica, pois em vez de usufruir o trabalho como determinação de valor e preço na mercadoria utiliza para si a utilidade marginal como determinação de preço e valor.
Carl Menger (1840-1921) foi criador da teoria da utilidade marginal correlacionando a satisfação dos desejos humanos ao nível de utilidade de cada mercadoria. Os indivíduos que usufruem o produto conduzem a atividade econômica, mostrando o nível de utilidade marginal presente nesta utilização. Para Menger, o valor resulta da satisfação de uma necessidade, ou seja, sem presença de um bem para contentar tal necessidade não se instauraria um valor sobre ela. Evidenciando que preço é diferente de valor.
1. Adam Smith (1723 – 1790)
Adam Smith nasceu em Kirkcaldy perto de Edimburgo na Escócia em 1723 e viveu até os 67 anos, ficou conhecido como pai da economia moderna e o mais importante teórico do liberalismo econômico. Publicou, em 1759, um de sua duas principais obras: A Teoria dos Sentimentos Morais. (HUNT, 1989). Nos anos de 1764 a 1766, morou na França onde teve contacto com diversos iluministas da época, especificamente, com Voltaire que defendia todas as liberdades: pensamento, imprensa, religião e economia. Por quase dez anos, Smith, investigou as causa e a natureza das riquezas dos países. Foi quando em 1776, ano da independência dos Estados Unidos, lançou sua obra mais importante: A Riqueza das Nações. (HUNT, 1989).
Sua obra cumpriu o papel ideológico de respaldar o combate aos privilégios e restrições que caracterizavam as políticas mercantilistas da monarquia daquele período. O mercantilistas afirmavam que a riqueza de uma nação resulta da quantidade de dinheiro que ela possui, Smith refutava expondo que a verdadeira riqueza de uma nação vem do trabalho e do fluxo de mercadorias e serviços que ela produz, ou seja, Smith (2011) afirma que “Não foi por ouro ou por prata, mas pelo trabalho, que foi originalmente comprada toda a riqueza do mundo;” (p. 32).
Smith expunha que a capacidade uma nação de produzir riqueza resultava de acumulação de capital e divisão do trabalho a esse respeito, Smith (2011), declara: “Em toda sociedade desenvolvida, o agricultor geralmente é apenas agricultor, e o operário de indústria somente isso. Também o trabalho que é necessário para fabricar um produto completo quase sempre é dividido entre grande número de operários.” (p.11).
A teoria do valor tem, como ponto de partida “[…] o reconhecimento de que, em todas as sociedades, o processo de produção pode ser reduzido a uma série de esforços humanos” (HUNT, 1989, p. 70). Foi enfatizado então por Adam Smith (2011) “O trabalho foi o primeiro preço, o dinheiro de compra original que foi pago por todas as coisas. Não foi por ouro ou por prata, mas pelo trabalho, que foi originalmente comprada […]” (p.31).
Assim, Smith define que para, sem distinção de mercadoria , se ter valor seria necessário que ela resultasse de um esforço humano.(HUNT, 1989). A teoria do valor de Adam Smith resulta do esforço que cada individuo realiza ao produzir determinada mercadoria. Com a divisão de classes destaca-se três delas, das quais Smith classificou para analisar: os proprietários de terras, os trabalhadores e os capitalistas. Dela resultam a renda terra (alugueis), os salários e os lucros, respectivamente, que estipulariam, posteriormente, o preço natural.
Para Smith o preço que era imposto sobre uma determinada mercadoria era, integralmente, justo, pois todos os bens têm um preço natural que reflete o esforço para fazê-lo. A utilização da terra deveria ganhar sua renda natural, após a produção de um produto, o capital utilizado na fabricação desse produto deve auferir seu lucro natural e a mão de obra deve ganhar um salário natural. O preço de mercado era, de fato, o preço da mercadoria. O preço teria sido regulado com base na quantidade de mercadoria que os vendedores queriam vender entre a quantidade que os compradores gostariam de comprar, resultando na exposição de vários preços. Ou seja, o preço de mercado nasci por meio das forças da oferta e da procura. O preço natural era o que fosse o bastante para dar aos proprietários de terras: alugueis, aos capitalistas: lucro e aos trabalhadores: salários. (HUNT, 1989)
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