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Análise Setorial - Construção Civil

Por:   •  14/12/2015  •  Projeto de pesquisa  •  4.335 Palavras (18 Páginas)  •  1.218 Visualizações

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A Indústria da Construção Civil

I. Introdução

A Construção Civil é um dos principais setores da economia brasileira. Os movimentos do setor tem capacidade de gerar enormes impactos econômicos e sociais mesmo no curto prazo, o que se dá por diversos fatores, entre os quais se destaca a enorme parcela da renda nacional que é gerada dentro do setor, responsável 5,8% do PIB nacional em 2011 (último dado oficial disponível – IBGE-2012). Dados mais atualizados mostram que o setor foi responsável por 6,5% do valor adicionado bruto a preços básicos (VABpb) do país, e impressionantes 27,8% do VABpb da indústria nacional como um  todo (CBIC-2015).

Para além da própria atividade de construção, o setor se notabiliza pela enorme cadeia produtiva, abarcando uma ampla gama de produtos de diversas naturezas, como pedras, parafusos, acessórios, areia, tintas, madeiras, alvenaria, cerâmicas, vidros planos, maquinas e equipamentos, entre outros. O setor é tão amplo que o conjunto de suas atividades é frequentemente chamado de “macro complexo da construção”. É característica digna de nota que este é um setor praticamente todo nacionalizando, com apenas 2% do total dos insumos utilizados vindo de fora do país, minorando muito o impacto de variações cambiais, mesmo as mais bruscas, significando também que seu crescimento não vai acarretar aumento de gastos com importações para o país.

O setor também mobiliza um vasto contingente de mão-de-obra, empregando mais de 8 milhões de pessoas em 2011 (IBGE), o que representa uma parcela de 8,13% de toda a população ocupada no país neste ano. Dados estimados pela PNAD-2015 apontam para um número superior a 7,8 milhões de trabalhadores formais e informais empregados no setor em 2014. Para além da massa salarial disponibilizada a uma população, em sua maioria, de baixa qualificação, o setor possui uma centralidade social por conta do tamanho do déficit habitacional do país, calculado em quase 5,8 milhões de unidades (Fundação João Pinheiro – 2014), que se configura como forte candidata a questão urbana mais dramática da sociedade brasileira, sobretudo no sudeste, onde está localizado quase metade deste déficit.

De acordo com a Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE 2.0 (IBGE), as atividades da construção civil estão divididas em três segmentos: i) “Construção de Edifícios”, divisão 41 da CNAE, onde estão incluídos também as reformas e as incorporações imobiliárias; ii) “Obras de Infra-Estrutura”, divisão 42 da CNAE, constituída por obras de infra-estrutura de todas as naturezas, linhas de eletricidade, complexos esportivos, etc. E, finalmente; iii) “Serviços Especializados para Construção”, representada pela divisão 43 da CNAE e inclui uma ampla gama de serviços necessários em todas as etapas da atividade construtiva. Em geral, as unidades classificadas nesta divisão são especializadas em um determinado tipo de serviço, comum a diferentes tipos de estruturas, onde se faça necessária à utilização de técnicas e/ou equipamentos especiais. Também estão compreendidas atividades como a construção de estruturas como vigas, colunas, andaimes e lajes, desde que estas não sejam realizadas pelo próprio fabricante. Mais informações acerca das definições e critérios da CNAE, consultar o site indicado nas referencias bibliográficas.

Além desta introdução (I), o trabalho conta com uma ampla seção de conjuntura (II), disposta logo abaixo, uma seção exclusiva para tratar das questões do financiamento para a construção (III), assim como um tópico que reúne dados sobre o desempenho setorial no que tange produto e emprego (IV). Por fim, o trabalho se encerra apresentando as referencias bibliográficas utilizadas em sua elaboração (V).

II. Conjuntura

Os segmentos que compõem a indústria de base (siderurgia, metalurgia, petroquímica, cimento, etc), via de regra, são extremamente pró-cíclicos, o que significa dizer que reagirão muito bem a uma boa situação macroeconômica, em geral, significativamente melhor que a média da economia, e, por outro lado, serão mais duramente impactados durante momentos de deterioração do ambiente de negócios. Com a construção civil não é diferente, o setor encerrou recentemente um forte ciclo de expansão, detalhado posteriormente, aonde vinha crescendo sistematicamente acima do PIB nacional desde 2007, trajetória interrompida no ano passado (2014).

O momento de crise, somado ao ajuste fiscal em curso, resulta em impactos diretos no setor da construção civil. A queda de investimentos faz com que postos de trabalho sejam fechados, aumentando o desemprego no país. E este, por sua vez, está relacionado ao aumento da inadimplência, que afeta as empresas brasileiras como um todo. Um dos efeitos sentidos pelo setor está no estoque de novos imóveis ou mesmo a paralisação de lançamentos imobiliários, que afetou o número de construções e a venda de materiais.

O desemprego na construção civil impacta na situação financeira das empresas, pois possui efeito em cascata, logo de início, o desligamento de funcionários gera custos significativos relacionados rescisão de contratos ou acordos, impactando o caixa e saúde financeira das organizações. Em um segundo momento, com a continuação dos desligamentos, a escassez de funcionários qualificados e experientes afeta operacionalmente as empresas, prejudicando o andamento dos projetos de diversas maneiras, tornando provável o atraso nos projetos, bem como compromete a qualidade do produto final.

A projeção para o PIB da construção civil deste ano foi, revisada para baixo pela 3ª vez neste ano. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), que estimava queda de 5,5% no PIB do setor, projeta agora retração de 7%. Os dados do setor abrangem os segmentos de edificações – residenciais e não residenciais -, infraestrutura – obras viárias, energia, telecomunicações e saneamento -, serviços especializados em construção – obras de acabamento, instalações e preparação de terrenos – e demanda das famílias.

“A queda maior será no segmento de infraestrutura”, diz o presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, que avalia o desempenho do setor, no primeiro semestre, como “péssimo”. “As obras de infraestrutura estão paradas. O governo não está contratando e tem atrasado pagamentos”, ressalta Ferraz Neto.

A estimativa para o setor leva em conta a projeção do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) de queda de 2% para o PIB do Brasil em 2015. Se houver uma “deterioração muito rápida” do cenário, o Sinduscon-SP pode rever, outra vez, as previsões de desempenho para o setor.

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