As Considerações Sobre David Ricardo e Suas Teorias
Por: Lucas Bandeira • 17/8/2022 • Artigo • 3.587 Palavras (15 Páginas) • 356 Visualizações
RESUMO
Objetivo: Compreender as contribuições das teorias de David Ricardo no século XIX. Metodologia: O presente trabalho trata-se de um estudo referencial bibliográfico. No qual buscou-se trabalhos, teses e artigos voltados a temática, publicações essas disponibilizadas em textos completos, brasileiros, em língua portuguesa. Conclusão: A maior potencialidade acerca da discussão levantada é como os estudos envolvendo David Ricardo reverberam até os dias atuais e como repercute no meio acadêmico. Sendo assim, reforça-se a relevância de mais trabalhos tendo David Ricardo como objeto de estudo e suas implicações na economia.
PALAVRAS CHAVES: Teoria do valor, Renda Fundiária, Relação salário-lucro.
Introdução
À Economia Política Clássica, interessava compreender o conjunto das relações sociais que estava surgindo na crise do Antigo Regime, por isso, em suas mãos, a mesma se erguia como fundante de uma teoria social, um elemento articulado de ideias que buscava oferecer uma visão do conjunto da vida social. Os principais nomes da Economia Política Clássica foram Adam Smith e David Ricardo, e a respeito das diferenças entre suas perspectivas teóricas, encontram-se nitidamente duas características centrais da teoria que vinha se elaborando há quase duzentos anos. A primeira delas retrata a natureza dessa teoria: “não se tratava de uma regra particular, especializada, que procurava “recortar” da realidade social um “objeto” específico (o “econômico”) e analisá-lo de forma autônoma (GUIMARÃES, 1995).
Neste presente artigo, serão abordadas as contribuições de David Ricardo durante o século XIX. Nascido em 1772 o britânico e capitalista Ricardo foi um dos cinco os economistas que mais influenciaram a época atual, ele destinou seus estudos à economia política, defendia o livre comércio e o crescimento das forças produtivas pelo capitalismo. (HUNT,2013)
Em 1779, quando leu o livro a Riqueza das nações de Adam Smith, foi o momento em que ele desenvolveu a sua mais famosa contribuição chamada teoria Ricardiana do valor com base na teoria do valor de Smith desenvolvida em seu livro. Além disso, houve estudos para a renda fundiária e a relação de salários e lucros. (HUNT,2013)
A teoria do valor-trabalho de Ricardo, foi o aperfeiçoamento de uma presente dualidade metodológica contida na teoria de Smith, ele afirmava que embora qualquer mercadoria tenha utilidade, ela não estabelece o seu valor, e que o custo não deveria fundamentar-se apenas da mão de obra, mas em todo o custo abrangido no processo produtivo (RUBIM,1978). Já na teoria da renda fundiária, compreendia-se nas bases dos lucros obtidos a partir dos produtos que eram cultivados na terra gerando renda para o proprietário do solo (HUNT,2013).
Por fim, é imprescindível realizar uma análise acerca de pontos positivos e negativos com relação a sua teoria ricardiana – lei do ferro dos salários – que diz que, por mais que aumentem os salários, eles sempre serão próximo ao nível de subsistência do trabalhador (RUBIM,1978).
Referencial Teórico
1.1 Valor- Trabalho
Com base em problemas e contradições presentes na Teoria do valor de Adam Smith como a dualidade metodológica, em que ele confunde as medidas de valor com as causas das mudanças quantitativas do mesmo, David Ricardo como seu seguidor aperfeiçoou tais ideias criando a sua teoria do valor-trabalho. Ricardo afirmava que o valor de determinado bem poderia ser avaliado a partir do trabalho necessário para que ele possa ser produzido, e que durante a atividade de fabricação o custo não deveria só se fundamentar na mão de obra, mas em todo o processo produtivo. (RUBIM,1978).
Ricardo repulsou qualquer tentativa de encontrar uma medida invariável do valor afirmando que tal medida não poderia ser encontrada, durante o desenvolvimento da sua teoria ele aplicou o estudo científico da causalidade, onde procurou as causas nas mudanças quantitativas no valor dos produtos e formular as leis dessas mudanças. O economista adotou uma postura correta e direta quando baseou sua inteira investigação no conceito de trabalho despendido na produção de uma mercadoria, e vê nas mudanças de quantidade deste trabalho como uma razão constante e mais importante das flutuações quantitativas no valor (RUBIM, 1978).
Ele levantou uma série de questões importantes a serem discutidas, primeiro adota um ponto de vista objetivo excluindo todas as avaliações subjetivas sobre os esforços realizados no trabalho, segundo sustenta que “não é apenas o trabalho aplicado imediatamente nas mercadorias que afeta o seu valor, mas também o trabalho despendido nos implementos, ferramentas e edifícios que contribuem para a sua execução”, com essa declaração Say e Lauderdale atribuíram às máquinas a capacidade de criar um novo valor, mas Ricardo defende que embora elas possam aumentar a eficiência do trabalho, não criam qualquer valor de troca,
Mas esses agentes naturais, embora incrementem imensamente o valor de uso, jamais incrementam valor de troca igual o sr. Say se refere: quando, com ajuda da maquinaria, ou com o conhecimento da filosofia natural, obrigam se os agentes naturais a realizarem o trabalho que antes era realizado pelo homem, o valor de troca de tal trabalho cai na mesma proporção do emprego desses agentes. (RUBIM,1978 p.310)
A terceira questão se dá por Ricardo está preocupado apenas com os valores relativos e não com os valores absolutos, mas de fato ele está interessado em saber as bases para as elações de troca das mercadorias, e consequente precisaria falar sobre as causas das trocas em valores relativos. Em Principles of political economy and taxation (1817), Ricardo falou que para uma mercadoria ter valor de troca, ela deveria ter valor de uso, e possuindo utilidade e valor de uso as mercadorias teriam seu valor de troca de duas origens, primeiro por sua escassez e em segundo a quantidade de trabalho exigida para obtê-las (BRUE,1945).
E continua argumentando que para itens como trabalhos de artes raros, livros clássicos e as velhas moedas que são mercadorias não reprodutíveis, só são determinados pelas suas escassezes, por isso a oferta é fixa e, portanto, a demanda será o fator principal na determinação do valor de troca,
Seu valor é totalmente independente da quantidade de trabalho originalmente necessária para a sua produção e varia em razão da Riqueza e das tendências mutantes aqueles que estão ansiosos para possuí-las. (BRUE,1945 p.107)
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