Celso Furtado 1991, caps. XXX a XXXII, p. 177-203
Por: lucastorresouza • 9/12/2015 • Resenha • 434 Palavras (2 Páginas) • 1.134 Visualizações
No final do séc. XIX configurou-se um cenário favorável à expansão do café na economia brasileira. Entre os fatores que possibilitaram essa situação, destacam-se: crise na oferta não-brasileira, descentralização republicana e o efeito estimulante da inflação de crédito. Assim, enquanto essa vantagem relativa permanecesse, os investimentos dos empresários brasileiros se destinariam ao café.
Essas condições apresentadas na sociedade brasileira fizeram do Brasil produtor de 75% do café mundial e garantiram um grande poder de mercado aos empresários brasileiros – que puderam manipular a oferta e, consequentemente, os preços. Esse controle artificial era feito através da manutenção de estoques de café e as bases dessa política de valorização do produto foram definidas no Convênio de Taubaté, após a crise de 1893.
No entanto, essa política econômica apresentava um problema notório: mantendo os preços e elevados e não havendo outra possibilidade de investimento na economia interna, os empresários utilizavam os lucros obtidos para ampliar a produção de café. Por outro lado, o aumento da renda per capita não refletiva numa expansão da demanda por café. Isso representava um intenso desequilíbrio estrutural entre oferta e procura.
O desenvolvimento desse processo esbarrou na grande depressão. Quando a crise de 29 ocorreu, a economia cafeeira brasileira estava no auge da expansão e a produção deveria continuar crescendo (devido as plantações realizadas nos anos anteriores). Para completar, a fonte para financiamento de novos estoques – crédito no exterior – já não era mais possível por conta da situação de instabilidade.
Diante desse cenário, o mecanismo de defesa adotado pelo Brasil foi, antes de tudo, a proteção dos produtores de café. Como visto, isso se deve ao enorme poder político que a classe de cafeicultores detinha. Porém, inconscientemente, a política de defesa do setor significou um “verdadeiro programa de fomento da renda nacional”. Os estoques financiados internamente representavam uma expansão de crédito e possibilitavam uma menor redução da renda e da atividade econômica, bem como um menor nível de desemprego.
A contrapartida da referida política econômica se encontra no desequilíbrio externo cuja correção implicava na desvalorização da moeda nacional. Essa desvalorização ocasionava uma pressão inflacionária nos produtos internos, visto que a demanda por estes aumenta em detrimento das importações. Postas essas circunstâncias, o mercado interno aqueceu e ofereceu melhores alternativas de investimentos que o setor externo. Portanto, desenvolveram-se as indústrias destinadas a substituir as importações, seja de bens de consumo ou capital.
A partir disso, o setor interno passou a concorrer com o setor externo. Neste novo cenário, as flutuações cambiais passaram a ter repercussões extremamente sérias, determinando modificações estruturais na economia. Por isso, perdeu-se um dos mecanismos de ajuste mais importantes presentes na economia.
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