Comportamento Econômico e Sentimentos morais
Por: jhemaxado • 3/4/2016 • Resenha • 377 Palavras (2 Páginas) • 730 Visualizações
Comportamento Econômico e Sentimentos Morais
Ao contrário do médico francês Quesnay e de sua escola fisiocrática, cujos membros se autodenominavam économistes, Adam Smith, provavelmente, se enxergava como parte da tradição dos filósofos morais britânicos. O fato de que, para Smith, a Economia Política era um ramo da Filosofia Moral, reforça a ideia de que um entendimento mais completo da teoria econômica de Smith não pode prescindir do exame de sua obra da juventude. O conceito central de A Teoria dos Sentimentos Morais, exposto em seu primeiro capítulo, é a ideia de simpatia, que significava para Smith simplesmente a capacidade de se colocar no lugar de outras pessoas. Este seria o fundamento atrás de todo o juízo moral. Ao exercermos nossa simpatia, colocando-nos no lugar de outras pessoas, podemos avaliar se uma determinada ação é adequada ou não, ou, na linguagem da época, se é apropriada. Podemos também imaginar como agiríamos em situação semelhante; mais do que isso, podemos imaginar como as pessoas em geral considerariam aquele ato específico. Em linguagem metafórica, Smith evoca a figura do espectador imparcial, também chamado de “homem dentro do peito”, ou “homem consigo mesmo”. Esta imagem, muito comum entre os filósofos éticos britânicos, exprime a capacidade que o ser humano teria de distinguir o certo do errado. Seria uma espécie de termômetro interno ou consciência, que compatibilizaria o auto interesse com o bem-estar coletivo. É verdade que diferentes pessoas julgam uma dada situação com base em interesses diversos e estão sujeitas à contaminação decorrente de seus vieses particulares. Contudo, no entendimento de Smith, um julgamento isento e consciente seria aquele proferido por uma pessoa que está na situação de neutralidade característica do espectador imparcial. Este forma seus juízos baseado nos reflexos de sua imagem no conjunto de espelhos em que se mira. A experiência e a observação em sociedade lhe ensinam a julgar, com razoável grau de neutralidade, o conteúdo moral de diversas situações de sua vida. Assim, o fundamento da vida moral seria esse jogo de espelhos que representa a sociedade, em que aprendemos o que é certo e errado ao observar o comportamento alheio, pelo exercício contínuo da simpatia. Esta nos dá o dom de nos colocarmos no lugar de outras pessoas, sejam estas agentes ativos, passivos, ou meros espectadores.
...