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DESMISTIFICANDO A INFLAÇÃO

Por:   •  14/1/2021  •  Artigo  •  4.261 Palavras (18 Páginas)  •  192 Visualizações

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DESMISTIFICANDO A INFLAÇÃO

PRODUTOR: Yago Lorran Silva Souza

CONTATO: yagolorram@gmail.com

(31) 99904-6654

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ÍNDICE:

  1. O que é a inflação?
  2. O que  inflação faz?
  3. Como ocorre a inflação?
  4. Inflação brasileira
  5. Como a inflação afeta a vida das pessoas de uma maneira geral?
  6. Como o governo escapa da inflação?
  7. Como as pessoas se blindam da inflação? 
  8. Extra: Congelamento de preços e seus efeitos.

O QUE É A INFLAÇÃO?

    Durante muitos anos na história econômica brasileira, a inflação era vista como um aumento desordenado de preços, grande parte causado pelos períodos hiperinflacionários da história recente brasileira, que ficaram marcados pra sempre com a situação grotesca dos chamados fiscais do Sarney, período onde o presidente da época congelou preços, prendeu empresários e o caos econômico reinou no Brasil.

    Bom, em economia nem sempre o que vemos é verdade, muitas vezes o que é visto é apenas um vislumbre da realidade, sendo a realidade bem destoante do que é dito ou socialmente aceito como uma realidade, afinal de contas, a realidade não é nada mais que uma questão de perspectiva, de forma de olhar e pensar.

    A inflação, portanto, ao contrário do que se costuma dizer em debates de bar e até mesmo entre autoridades econômicas não é o aumento de preços, mas sim a desvalorização da moeda. Parece muito difícil, ok é difícil, mas não tanto, pensa em um celular que custa 1000 reais, cuja conversão direta se traduz em 500 dólares no ano X quando o dólar está custando 2 reais hipoteticamente. Bom, acontece alguma situação mundial que faz esse mesmo dólar passar a custar 5 reais, portanto o mesmo celular que custava 1000 reais, passou a custar 2500 reais, mesmo sem mudar 1 dólar sequer. Nesse caso ocorreu um aumento de preços? Não, ocorreu uma desvalorização monetária.

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COMO OCORRE A INFLAÇÃO?

    A inflação ocorre por um motivo econômico muito simples: a desvalorização da moeda como um todo. No exemplo anterior, a moeda se desvalorizou perante ao dólar, num comparativo onde mantivemos o valor do dólar fixo e levamos em conta apenas a variação do Real, o que obviamente é uma situação hipotética, mas essencial para análise. Bom, congelando o fator cambial, podemos focar na inflação propriamente dos produtos, sejam eles quais forem. A inflação nesses moldes é de culpa direta do governo, já que é responsabilidade do mesmo garantir uma politica monetária que sustente a economia do país. Bom, de forma bem simples, a inflação única e exclusivamente dos produtos ocorre devido uma expansão monetária exagerada, que decorre de politicas de alto ganho politico, mas com péssimos ganhos práticos, ou seja, políticas que visam a impressão de dinheiro. Mas uma coisa pouco falada é que o DINHEIRO também é um produto, portanto, também está sujeito as leis da oferta e da demanda.

    Como assim? Bom, todas as pessoas já devem ter ouvido falar na LEI DA OFERTA E DA DEMANDA, correto? Embora à grande maioria delas não saibam explicar como ela ocorre de fato, o que é bem simples: de modo geral, um produto tem determinada OFERTA que em termos bem genéricos é o quanto tem dele para vender naquele exato momento, e a PROCURA consiste em quanto à população quer esse determinado produto. Em termos bem genéricos, ao aumentar a produção exageradamente e a demanda não subir em conjunto o preço tende a desabar, tal qual ocorreu durante a crise de 1929, quando se produziu de forma exagerada e equivocada, mas a procura não acompanhou, o que fez com que os preços desabassem no intuito de vender as mercadorias, o que muitas vezes culmina com a quebra generalizada de diversos empresários e um caos econômico gritante, crise essa que ficou conhecida como a crise da SUPERPRODUÇÂO. Bom, o que não te disseram é que a tal crise de superprodução na prática foi uma crise DEFLACIONÁRIA, ou seja, a oferta monetária não acompanhou o crescimento da produção. O que quer dizer que faltou dinheiro na economia.

     Os senhores leitores devem estar se perguntando: “Mas que porcaria é essa? Não estou entendendo nada”, ok, não é simples, mas espero que entenda: como havia mencionado anteriormente, em economia as coisas não são efetivamente o que parecem. O que ocorre é que a maioria das pessoas ao verem um preço subindo ou caindo no mercado, logo associam que aquilo descrito é realmente o que está acontecendo, quando a realidade é algo infinitamente mais complexo do que os olhos podem ver. Bom, então o que de fato está ocorrendo? Lembram que o dinheiro é um produto e sofre as leis da oferta e da demanda? Então, quando ocorre a dita DEFLAÇÃO, não é o preço das coisas que caem, mas a moeda que ganhou muito valor. Da mesma forma que quando ocorre uma INFLAÇÃO, o preço das coisas não subiu, mas sim a moeda que perdeu seu valor. Tal conceito descrito deriva da própria definição de preço (não vamos adentrar na diferença entre preço e valor para não confundir os senhores, trate os como sinônimos no presente artigo), que consiste em uma comparação entre a oferta e demanda do produto descrito e a oferta e demanda da moeda em si.

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INFLAÇÃO BRASILEIRA 

    A pergunta que fica aos caros leitores é: “Como o Brasil atual entra nessa historia?” Bom, deriva dos mesmos conceitos descritos anteriormente, a inflação que hoje é tema de mídia, jornais e reclamações de cunho “quão absurdo o preço das coisas está” é causada por diversos fatores (alguns realmente inflacionários e outros não). Então devemos ir por partes:

  1. Preço do dólar: bom, como não deve ser segredo para ninguém o preço de tudo no mundo é cotado em dólar, sendo esta a moeda de trocas mundiais, o que a dá o poder de ser aceita em qualquer parte do mundo, pelo menos enquanto essa for a convenção econômica mundial. Conforme todo mundo notou (se você não notou deveria notar), o dólar disparou nos últimos meses, alcançando patamares recordes, grande parte por causa dos efeitos da pandemia de COVID-19, o medo generalizado e o fato do Brasil ser um país subdesenvolvido que não é lá um dos mais confiáveis do mundo. Portando, aliado a isso a diminuição massiva da Taxa Selic (que mede o juros no país) fez com que o capital estrangeiro se afugentasse do país, e consequentemente pela diminuição da oferta de dólares no país, seu preço aumenta, além claro dos EUA, país que emite o dólar, ser justamente um país desenvolvido para onde os dólares vão em momentos de crise (ou perspectiva dela). Bom, mas como isso afetou o cotidiano de fato? Bom, em primeiro lugar todas as tecnologias, por advirem componentes e os programas em si, tem seu preço atrelado ao dólar, ainda mais pelo fato que o Brasil não é um grande polo produtor de tecnologia, portanto precisa importá-la, como no caso do setor agrário, que importa máquinas para beneficiar sua produtividade, ou grãos transgênicos, visto por muitos como mais nutrientes (enquanto outros odeiam). Em segundo lugar, a própria produção interna é impactada pelo dólar, como é o caso do Pão, esse mesmo de padaria, já que o trigo utilizado por ele é importado, consequentemente cotado em dólar. Em terceiro lugar, produtos produzidos internamente. É comum as pessoas de maneira geral pensarem em como produtos internos sofrem influência do mercado externo, e a explicação para isso é até muito simples e precisa de uma palavra: concorrência. O estrangeiro, com obviamente poder de compra em dólar, ao comparar as duas moedas possui muito mais reais para comprar na mão do produtor brasileiro, enquanto a nossa própria indústria ou supermercados, possuem muito mais dificuldade já que compram em reais. Bom, para convencer o produtor a vender o produto internamente, é preciso que a indústria + os supermercados ofereçam preços iguais ou superiores aos praticados internacionalmente para comprar os produtos. Não vamos nem entrar em questão sobre politica de proibição de exportações porque é mais que óbvio que traz mais malefícios que benefícios ok?

  1. “BOOM” das commodities: esse fenômeno, em teoria, não corresponde a um fenômeno inflacionário, visto que é um deslocamento da oferta e demanda das commodities e não da moeda em si, mas como afeta o preço dos produtos, é necessário sua divulgação. A China, como todo mundo sabe é o país com a maior população do mundo, pelo menos oficialmente, já que logo a Índia irá assumir o posto. Mas como qualquer país tão densamente povoado, a população precisa de alimentos, e muitos alimentos. A China, por hoje ser o segundo maior PIB (Produto Interno Bruto) do Mundo, possui um altíssimo poder de compra, seja por empresas, seja de forma governamental. Sendo a China o maior parceiro comercial do Brasil, tudo que ela faz, afeta o Brasil em cheio, e o que aconteceu foi que eles foram as compras de commodities, provavelmente fizeram estoques, o que redefiniu o equilíbrio da oferta e demanda dos produtos. Além disso, com o dólar nas alturas, nossos produtos ficaram ainda mais atrativos aos gringos, que com menos dólares conseguem comprar muito mais em reais. Aumentando a procura considerável por produtos como ocorreu, a OFERTA se mantém constante mas a PROCURA aumenta muito, o que gera o chamado BOOM DAS COMMODITIES, tal qual ocorreu em entre 2000 e 2015, mas dessa vez com muitos mais fatores envolvidos na questão devido ao desbalanceamento econômico provocado pela pandemia de COVID-19, o que obviamente fez os preços subirem muito.
  2. Expansão Monetária: o último, mas não menos importante, é a chamada expansão monetária. Como já foi mencionado anteriormente no e-book, a expansão monetária consiste do desarranjo da oferta e procura no que diz respeito a moeda, ou de modo popular de se dizer, é “ter dinheiro demais na economia”. No Brasil, devido o auxílio emergencial aliado com aumento considerável de crédito, ocorreu um aumento considerável de papel moeda em poder das pessoas, o que não corroborou com um também aumento expressivo da produtividade, que aumentaria a oferta de produto também de maneira considerável, o que equilibraria a OFERTA E PROCURA comparativa entre MOEDA e PRODUTOS. Mas de fato não foi isso que ocorreu, aumentou-se demais o papel moeda, mas a produtividade não acompanhou, consequentemente sobram pessoas querendo comprar e faltam produtos, o que faz com os preços também aumentarem consideravelmente. Ou em outras palavras, o papel moeda perdeu valor frente aos produtos, portanto, há a desvalorização cambial interna. No imaginário popular, isso é algo péssimo e inerente comportamento humano pelo capitalismo agressivo, não tente convencer um advogado no que diz respeito a esse tipo de conduta que eles chegam a bufar de raiva, as palavras “absurdo” e “abusivo” não saem da boca das pessoas no que diz respeito ao comportamento econômico, mesmo a teoria já tendo quantificado isso à anos e anos atrás. Portanto vamos a um exemplo prático e cotidiano de como é o mundo econômico: no início da pandemia, muitas pessoas notaram que o vidro de álcool em gel do nada disparou de preço, correto? Muitos berraram por congelamento de preços, tabelamentos e muitos outros comportamentos de origem estatais que mantivessem os preços estáveis para a população, mas que bom que o governo não atendeu esse pedido. Com o tempo, inclusive bem curto período de tempo, começaram a surgir diversas falsificações do produto, pessoas que misturavam álcool com gel de cabelo e dentre outras bizarrices, que embora sejam sim comportamentos reprimíveis, sinalizavam que algo estava acontecendo no que diz respeito aquele ramo de produtos. E com o passar do tempo foi isso que ocorreu, empresas se adaptaram a produzir álcool em gel não por querer ajudar ao próximo, mas por saber que ao produzir aquele material, poderia vendê-lo com altos preços, e assim o fez. Bom, passados alguns poucos meses desse período caótico para se comprar álcool em gel, hoje ao irmos a farmácia, encontramos diversas outras marcas que antes não estavam lá, e em estoques bem elevados, o que mostra que a população diminuiu sua ânsia por comprar esse produto, concorrência aumentou de maneira brutal e principalmente, o mercado tende sempre a se reestabelecer no equilíbrio de forma natural. O que demonstra uma famosa característica do capitalismo: enquanto maior a taxa de retorno, com menor risco ao empresário, mais intensamente e rapidamente determinado setor se desenvolve. Mais pra frente retornaremos esse assunto quando abordarmos o famoso congelamento de preços.

COMO ISSO AFETA A VIDA DAS PESSOAS?

         É possível dizer que a inflação corrói o poder de compra da população, em um fenômeno chamado IMPOSTO INFLACIONÁRIO que consiste na receita gerada pelo Governo pela emissão adicional de moeda para custear seus gastos. O maior volume de dinheiro colocado em circulação faz com que a inflação aumente e, consequentemente, o poder aquisitivo da população caia. Obviamente não é um imposto propriamente dito, É um “imposto” sobre a propriedade da moeda, porque quem detém dinheiro perde parte do seu valor com o aumento de preços causado pela inflação provocada pelo Governo.

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