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Da contabilidade social à macroeconomia

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Por:   •  28/10/2014  •  Artigo  •  589 Palavras (3 Páginas)  •  292 Visualizações

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- DA CONTABILIDADE SOCIAL À MACROECONOMIA

Já comentamos, no início do Capítulo 1, a importância que teve, para a definição do formato e do conteúdo do sistema de contas nacionais, a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John Maynard Keynes. Assim, do ponto de vista da evolução das idéias e do aprimoramento da caixa de ferramentas dos economistas, o caminho foi inverso àquele que aqui faremos.

Em realidade, foi a partir da teoria macroeconômica, que teve seu nascimento com a publicação da Teoria Geral, em 1936, que foram envidados todos os esforços para a construção de um sistema a partir do qual pudesse ser observada a evolução dos agregados que são de fundamental importância na avaliação da performance econômica de um país. Portanto, foi partindo da macroeconomia que se chegou às contas nacionais.

Fazendo o caminho inverso, mostraremos de que maneira as contas nacionais denunciam as relações sistêmicas (derivadas da teoria keynesiana) que lhes deram origem, as quais, de uma maneira ou de outra, ainda presidem senão os desenvolvimentos teóricos contemporâneos na área de macroeconomia, seguramente as análises quanto a crescimento, formação bruta de capital fixo, relações externas e outras tantas variáveis determinantes na análise evolutiva das economias reais.

Essas considerações são importantes não apenas por conta do necessário registro histórico, mas também em função de uma questão metodológica. Na Seção 1.2, afirmamos que uma identidade contábil não implica nenhuma relação de causa e efeito entre as variáveis que a constituem. Poderia, portanto, parecer contraditório pretender agora derivar relações de causalidade a partir das identidades expressas nas contas nacionais.

Contudo, é preciso lembrar que o objetivo maior de Keynes, ao escrever a Teoria Geral, foi contrapor-se à teoria econômica então dominante (a teoria neoclássica , de orientação marginalista). Naquela abordagem chegava-se, entre outras, à conclusão de que a economia capitalista portava uma espécie de regulador automático que impedia as crises e o desemprego. Todo o desemprego então existente era tomado como desemprego voluntário, ou seja, considerava-se que as pessoas que eventualmente não estavam trabalhando encontravam-se em tal situação porque não se dispunham a ofertar sua força de trabalho aos salários vigentes. Em outras palavras, não trabalhavam porque não queriam

A enorme crise dos anos 1930 mostrara a clara inadequabilidade de tal teoria para explicar a realidade. Keynes, portanto, tentou demonstrar que não existia o tal regulador automático e que, por conseguinte, a maior parte do desemprego era involuntário, vale dizer, decorrente de uma demanda por força de trabalho diminuta e, assim, incapaz de empregar toda a oferta existente.

Para conseguir demonstrar essa situação, Keynes teve de fazer uma verdadeira revolução nas idéias econômicas e jogar por terra, vários dos postulados que constituíam a espinha dorsal da teoria então dominante. Embrenhado nesse caminho, porém, Keynes não apenas questionou relações de causa e efeito tomadas como líquidas e certas até então, mas apontou para relações distintas e muitas vezes opostas àquelas, forjou novos conceitos (como o de incerteza, o de preferência pela liquidez, o de custo de uso) e revelou identidades. Assim, "fazendo o carro de Keynes andar de marcha à ré", mostraremos alguns dos resultados mais importantes de sua teoria, seja no nível mesmo das identidades, seja no que diz respeito às relações de causa e efeito a partir das quais elas foram reveladas. Evidentemente, não pretendemos aqui, visto não ser este o objetivo do livro, dar conta de todos os aspectos da teoria keynesiana, mas simplesmente mostrar a ligação entre essas duas áreas da ciência econômica - a contabilidade social e a macroeconomia.

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