Economia Brasileira e Contemporâneas - As mudanças das condições do mercado financeiro internacional afetaram o desempenho da economia brasileira no início dos anos 80.
Por: tomasbachiega • 3/7/2017 • Trabalho acadêmico • 3.121 Palavras (13 Páginas) • 400 Visualizações
Economia Brasileira e Contemporânea.
1. As mudanças das condições do mercado financeiro internacional afetaram o desempenho da economia brasileira no início dos anos 80. Discuta:
• O efeito sobre o balanço de pagamentos dos choques externos (o segundo choque do petróleo e o aumento das taxas de juros internacionais).
• A ruptura do crédito internacional e as consequências para o financiamento do balanço de pagamentos.
• A crise da dívida externa e as políticas de ajuste do balanço de pagamentos: principais objetivos e política econômica (articulação das políticas monetária, cambial e fiscal).
O Balanço de pagamentos consiste no registro sistemático de todas as transações econômicas realizadas, durante certo período, entre residentes do país e residentes de outros países ditos estrangeiros. Registra o total de dinheiro que entra e sai de um país na forma de importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais.
Existem duas contas principais, que são:
- Conta corrente ou transações correntes, que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços, bem como pagamentos de transferências.
- Conta capital e financeira, que se destina a agrupar os investimentos diretos e investimentos em carteira.
A soma das duas contas fornece o balanço de pagamentos. Quando o resultado de determinada conta é negativo, significa que houve maior saída de recursos naquele período contábil, sendo que resultados positivos acusam consequentemente entrada maior de recursos.
Um resultado positivo do balanço de pagamentos equivale a um aumento das reservas internacionais, ou seja, um aumento dos dólares que entram no país na forma de investimento direto, empréstimos, financiamentos e captações. Há a necessidade de se trocar esses dólares por reais nos bancos, sendo que os reais são injetados na economia e os dólares retidos no Banco Central.
Assim sendo o Brasil estava otimista com relação ao período de 79 a 82, pois o déficit da balança comercial havia sido reduzido, a capacidade de produção de bens de capital estava se ampliando e a economia continuava a crescer. Porém, o segundo choque do petróleo e o aumento das taxas internacionais abalaram a economia brasileira.
O segundo choque do petróleo aconteceu em 1979 devido a paralisação da produção Iraniana, o que resultou num aumento do preço do petróleo e consequentemente do déficit da balança comercial, uma vez que as despesas com as importações aumentaram consideravelmente. O preço da tonelada de petróleo que custava US$91,90 em 1978 subiu para US$126,10 em 1979 e chegou a US$215,20 em 1980. Ou seja, o aumento do déficit foi considerável e afetou a economia brasileira.
Já o aumento das taxas de juros internacionais teve início nos Estados Unidos posta em prática no governo de Reagan. Com a valorização do dólar americano os bancos Europeus também aumentaram as taxas de juros a fim de evitar uma evasão de capital em direção aos Estados Unidos. Esse aumento em cascata repercutiu o mundo gerando impactos em diversas economias, incluindo a brasileira, que teve um aumento significativo dos custos de manutenção da dívida externa, uma vez que a maioria dos empréstimos contraídos no exterior utilizavam taxas de juros flutuantes e que eram atualizadas a cada seis meses. Os juros da dívida externa brasileira aumentaram de US$2.696 milhões em 1978 para US$11.353 milhões em 1982. Já os recursos para amortizar a dívida externa eram relativamente estáveis, variando de US$6.385 milhões em 1979 para US$5.010 milhões em 1980 e US$6.241 milhões em 1981. Ou seja, o Brasil foi obrigado a suprir suas obrigações financeiras internacionais implantando uma política de endividamento externo.
Além das taxas de juros flutuantes o Brasil também sofreu com o aumento da inflação, que variou de 77,2% em 1979 a 99,7% em 1982, tendo uma pequena variação tanto pra cima quanto pra baixo no período.
Devido aos aumentos da dívida externa e da inflação, os bancos internacionais reduziram o volume de capital a ser emprestado ao Brasil, mantendo apenas o volume de empréstimo necessário para reciclar a dívida externa.
De modo geral o Brasil era obrigado a gerar novos empréstimos para pagar os que já haviam contraído e isso gerou um desgaste da economia brasileira, principalmente para as reservas cambiais que o país dispunha. O Brasil passou a utilizar as suas reservas internacionais a fim de saldar seus compromissos externos, reduzindo-as de US$9.689 milhões em 1979 para US$3.994 milhões em 1982.
Mesmo assim o Brasil não conseguia contrair empréstimos externos suficientes para financiar a balança de pagamentos, sendo obrigado posteriormente a aumentar sua dívida imobiliária interna, resultando no crescimento do déficit público e no descrédito da política governamental.
A situação do país começou a mudar depois que o Brasil acertou um acordo com o FMI no início de 1983 e com o seu apoio conseguiu efetivar um acordo de renegociação formal da dívida com os principais credores. Mesmo com esses acordos, o Brasil ainda passou por uma série de dificuldades de balanço de pagamentos antes de, a partir de 1984, reverter a situação e obter um superávit da balança comercial. Esse desempenho só foi possível pela ampliação das exportações ao mercado norte americano e pela maturação de projetos desenvolvidos durante o II PND.
Com relação a crise da dívida e as políticas de ajuste do balanço de pagamentos, os objetivos da política monetária eram em 1981 elevar as taxas de juros internas e contrair liquidez real; abolir a prefixação da correção monetária; haver correção pelo INPC; liberar as taxas de juros dos empréstimos bancários; limitar a expansão dos meios de pagamentos e da base monetária em 50%. Já em 1982 iniciou-se o compromisso formal de austeridade para o ano seguinte e o país teve que se submeter ao crivo do FMI. Em 1984 a política monetária estava sem controle e houve um relaxamento da restrição externa. A recuperação da economia se deu através da atividade industrial, que proporcionou o aumento das exportações. Houve também uma tentativa de definição de metas menos restritivas com o FMI, além da recomposição das rendas rural e urbana.
A política fiscal teve como objetivos em 1981 o aumento da arrecadação, a limitação dos investimentos das estatais, a centralização da administração dos recursos orçamentários e um controle maior dos saldos das contas do governo. Ocorreu também a
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