Entre Modas e Moedas
Por: Nathan Caixeta • 20/6/2018 • Dissertação • 755 Palavras (4 Páginas) • 178 Visualizações
Entre modas e moedas:
A discussão de maior relevância na teoria econômica nos últimos anos é também a mais inócua de todas: As articulações do sistema monetário e real(produtivo). Tal inocuidade não se expressa na importância da questão para o "mundo econômico", mas nos instrumentos que por hora são utilizados pelos teóricos e aplicados pelas autoridades monetárias do mundo, instrumentos esses do "arco da velha", ou anteriores à crise de 2008, pois anteriormente a falência dos bancos americanos, já estavam falidas e penduradas até o pescoço as teorias monetárias da chamada corrente "convencional" que elege a estabilidade monetária como senhora máxima da boa conduta do mundo capitalista, ou limpando as expressões do economês: "Os preços no lugar certo orientam corretamente a sociedade em suas decisões sejam elas quais forem, a preferência pela abundância ou fome, ou um trade-off entre a liberdade ou aprisionamento das paixões a lógica do trabalho(está sendo sempre voluntária, transformando homens em ociosos vagabundos, ou tornando trabalhadores ansiosos pelo sucesso como self made man’s alá Donald Trump).
Desse modo, todas as transfigurações pelas quais passou(a) a sociedade capitalista do pós guerra foram, ou apenas timidamente incorporadas nas teorias, ou simplesmente ignoradas como sendo consequência de um cosmopolismo irresponsável, fruto de um Keynesianismo desafortunado. Soma-se a isso o fato de que os instrumentos teóricos “convencionais” não apenas prescrevem os remédios mas advertem desde o diagnóstico que no caso de sua ineficiência a culpa é sempre de governos gastões ou monopólios que desafiam a lógica natural dos mercados. Um over view histórico seria um requinte cruel e sádico dispensável para a prova desse fato, de modo que é relevante analisar as consequências desses movimentos.
O cume teórico das respostas convencionais aos problemas econômicos talvez tenha sido atingido no início dos anos 2000, quando por quase todo o mundo, a estabilidade monetária pautada em políticas de câmbio flutuantes e fiscalmente superavitária, era celebrada como um glorioso consenso que concedia aos chineses o papel de indústria do mundo, aos estadunidenses a tarefa de administradores da moeda mundial, e ao restante dos países em seus maiores ou menores graus de desenvolvimento, o papel de produtores de especiarias industriais ou agrárias. A crise de 2008, derruba do cavalo os teóricos e desobriga os governos de seguir o novo consenso, logo aplicam-se as políticas de salvação, ou de moeda direto na veia do mundo financeiro, rebaixando as taxas de juros reais a níveis inimagináveis ao mesmo tempo que repromete-se a estabilidade de preços, algo digno de merecidos prêmios Nobel que já estavam há anos na galeria de troféus daqueles que admitiam ter com suas canetas e teses retirado do capitalismo o medo das crises. No entanto, a memória da crise não fez vistas a teoria que remexeu o caldo de suas hipóteses a ponto de ninguém admitir que estava errado, apenas iludidos por descontroles das almas humanas que em delírio, ou não tinham aprendido ainda, ou tinham esquecido por relance, como calcular os próprios pontos ótimos entre lucros e satisfações. Em outras palavras: Cortou-se a cabeça do monstro sem que se tenha destruído o corpo que a sustenta.
O rejuvenescimento dos teóricos dignos de oitentões de bermuda e gola V na praia de Ipanema, resultaram em novas modas que de novas tem apenas a alcunha, pois preservam tanto os pressupostos anteriores como a velha mania de atribuir aos vizinhos do mercado, os governos, a culpa pelas sujeiras no próprio jardim. Um fato é inescapável, a crise de 2008 jogou no lixo 100 anos de teoria econômica, e a negação desse fato pode comprometer toda uma geração a convivência de uma desigualdade crescente, além de um impacto negativo nos níveis de preços(deflação), isto é, guardar dinheiro embaixo do colchão ou em ativos especulativos como bitcoin e tantos mais, será sempre mais vantajoso que investir na produção de parafusos, casas, comida, e por consequência, na criação de empregos.
Enquanto isso, as leis de movimento do capitalismo avançam sobre os homens como o inverno sobre o exército Alemão, sem que se tenha meios mínimos de controle, entregando a todos o fardo do desemprego e somente a alguns o controle "democrático" da própria liberdade. Logo, enquanto as ideias não forem de fato novas e incorporadas as tendências do mundo contemporâneo, a liberdade estará fadada ao fracasso, a igualdade ao idilismo, e a democracia a uma falsa sensação de existência."
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