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Fome a Marca de uma História

Por:   •  11/9/2016  •  Resenha  •  930 Palavras (4 Páginas)  •  308 Visualizações

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Resenha sobre o capítulo “Fome: a Marca de uma História” escrito por Maria Aparecida de Moraes Silva do livro “Segurança Alimentar e Cidadania”, Maria Antônia M. Galeazzi.

Maria Aparecida de Moraes Silva

Durante quatro décadas se dedica aos estudos sociológicos voltados para a pesquisa. Buscando aprofundar em torno de uma sociologia crítica, capaz de dar conta das preocupações do campo da sociologia rural.

O artigo traz a história da fome no vale do Jequitinhonha – MG, com base numa pesquisa empírica. Local considerado uma das regiões mais pobres do Brasil com registros altíssimos de pobreza absoluta.

Falar da fome nesta região, é falar de um contexto geral do causador da fome, é buscar tentar entender o real motivo, baseado em depoimentos, cartas, documentos que comprovam a expropriação de muitos camponeses. É necessário entender a fome como um fenômeno produzido por relações sociais.

A escritora descreve a situação da região desde a época dos índios, houveram sempre disputas por terras, onde o mais forte sempre ganhava do mais fraco.

Ela relata então sobre a expropriação que aconteceu nesta região por parte das grandes companhias, que com a ajuda da lei em seu favor, conseguiu fazer grande injustiça aos camponeses que ali habitavam, transformando-os em proletários mal remunerados ou excluídos.

Com a decadência da mineração, as populações pobres, ou titulados pela historiadora Laura de Melo e Souza, como “desclassificados do ouro”, espalharam-se por aquelas extensas áreas. Os mesmos possuíam suas pequenas posses, viviam com a agricultura de subsistência, e de alguma maneira conseguiam ter o básico em seus lares.

Há cartas que comprovam, onde viajantes falavam acerca das terras, mostravam que pareciam ser bastante frutíferas. Portanto, o sertão não poderia ser considerado desocupado ou possuindo terras impróprias para a agricultura.

O estado autoritário regulados pelos princípios dos valores de troca e do dinheiro, negou toda uma história de vida que os camponeses ali tiveram. Exercendo uma violência explícita e aberta aos homens e a natureza.

Esse processo de expropriação foi legalizado por lei, a qual legitimou as terras como devolutas, sendo assim, do domínio público. As vendendo como terras “inadequadas” para agricultura.

Essas terras nas mãos de seus verdadeiros proprietários eram locais de sobrevivência por meio da agricultura, criação de animais, pesca e outros. Mesmo passando por períodos de seca, conseguiam uma produção para seu próprio consumo. Até mesmo produção têxtil, a qual teve seu momento de alta no século XX. Fabricação de tecidos e cobertas que vendidas proporcionavam condições de vida as pessoas.

Produziam também embalagens de mercadorias, toalhas, guardanapos e lenços. Quando ocorreu o declínio das atividades algodoeiras e por consequência da produção têxtil. Eles se mantinham também dos animais. Dando início logo em seguida, a pecuária de corte nas grandes fazendas. Os vaqueiros se alimentavam também de frutos vindos de árvores frutíferas que predominavam na região, enquanto seus animais tinham crias, como vacas e éguas.

A pesquisadora diz dá contradição por parte do governo, ao descrever as terras como inapropriadas e informando assim as chapadas e cerrados que compunham essas terras, estarem designadas para uma reserva florestal ou distritos florestais.

Iniciou-se um processo de desapropriação, os camponeses foram praticamente obrigados a sair das terras. Grande maioria teve medo e foi obrigado a vender o que possuía, o valor recebido não dava para quase nada, dizia um dos depoimentos registrados.

Aqueles que tentaram ficar, foram quase que atropelados pelo poder das grandes companhias, não tinha muito o que fazer, não tinha para onde socorrer. Em um dos depoimentos o injustiçado dizia: - “A justiça nunca ajuda, A justiça ajuda o lado mais forte”.

Houve até a duplicidade de escritura, referentes a mesma propriedade, lavradas na mesma data. As duas escrituras eram quase idênticas,

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