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História do Pensamento Econômico I

Por:   •  27/3/2017  •  Resenha  •  5.321 Palavras (22 Páginas)  •  382 Visualizações

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Texto 1 – CERQUEIRA, H. A. G. (2001). “O discurso econômico e as suas condições de possibilidade.” In: Síntese, Revista de Filosofia.

O texto procura mostrar que o surgimento da economia como um campo separado do saber é recente e está ligado ao aparecimento das economias de mercado, que constituem sua “condição objetiva de possibilidade”.

A economia é bem recente, o que não havia era a combinação desses temas em um conjunto unitário e articulado de saberes.

Oikonomikos de Xenofonte. Este último, escrito cerca de 380 a.C, constituía-se fundamentalmente numa obra sobre a ética. O objetivo que Xenofonte tem em mente é o oikos, cujo sentido é normalmente traduzido, de modo bastante impreciso, pelos nossos conceitos de casa ou família. Filhos, mulheres, os escravos e os bens da casa estão todos sob o poder de uma mesma autoridade, cabendo ao chefe do núcleo domésticoexercer o poder sobre as pessoas e objetos da casa, sem distinguir entre  assuntos econômicos e comportamentos pessoais.

Xenofonte tinha da economia, como a arte de organizar o espaço doméstico que permite alcançar uma vida voltada para o bem, reunindo conselhos sobre os cuidados que ele deveriatomar com as culturas, os animais ou as tarefas da mulher na casa. A agricultura é entendida como uma forma de atividade, não é definida por sua posição econômica ou social.

Não há uma única frase que exprima um principio econômico ou proponha uma análise econômica, nada sobre eficiência de produção, escolha racional, ou comercialização de colheitas.

Para Hutchesonoikonomia, não existequalquer vestígio de um discurso que trate a esfera econômica como uma unidade de atividade compondo um sistema diferenciado no interior das sociedades. De modo geral, os textos de história do pensamento econômico apresentam os autores do período mercantilista: como representantes de um momento em que emergem os conceitos e uma nova maneira de pensar, que redundariam no surgimento da economia política clássica. Tratar os autores mercantilistas como economistas não se resume a verdadeira dificuldade se coloca quando percebemos que estes mesmos conceitos só ganham sentido se olhados de um ponto de vista que não é o do funcionamento espontâneo e regular de uma esfera econômica com regras próprias, tal como os economistascompreendem seu objetivo.

O mercantilismo propõe a regulação da vida econômica da sociedade pelo Estado, pois esta não se organiza por si só.

O Estado compete a oikonomia, a organização daquele espaço que é entendido como a propriedade, a casa do rei.

O Estado ou a nação representam a esfera de ação do rei.  A economia é a forma de organização deste espaço.

No Estado não há servos, todos são considerados como filhos, ao contrário de uma família, que pode ser criada em qualquer momento ou local de acordo com o plano que seu chefe julgar adequado, os Estados já se encontram constituídos e, portanto, seus dirigentes não podem estabelecer uma ordem arbitrária e nem mesmo valer-se da autoridade que têm para subverter, po sua vontade, as leis estabelecidas.

Politicaleconomy é um tipo de conhecimento que se relaciona com a regulação justa e sábia do Estado.

Nessas sociedades, que leva os homens a desenvolverem atos de produção e distribuição não éo interesse individual na posse de bens, mas a tentativa de preservar sua situação social, interesses especificamente econômicos, mas pode estar ligada a um conjunto de fatores sociais que variam em cada grupo humano: a necessidade de preservar vínculos familiares ou valores tradicionais, etc.

Os atos de produção e distribuição não dependem de nenhuma motivação, como a“busca do lucro”, minimização de custos para se atingir um determinado objetivo ou a maximização do retorno obtido a partir de meios dados.

O que assegura a unidade e recorrência são as condições sociais que determinam as motivações dos indivíduos ao produzir, isto é, a maneira como os atos de produção são institucionalizados. Os atos de produção e de apropriação só semostram interdependes e, só constituem um “campo de interesse prático e dignidade teórica e moral” se pensados a partir da maneira como são institucionalizados.

Com efeito, areligião ou o governo podem ser tão importantes para estrutura e o funcionamento da economia como as instituições monetárias ou a disponibilidade de ferramentas e máquinas que simplifiquem o trabalho

A existência de uma ordem na produção e distribuição é assegurada por uma combinação de dois diferentes princípios de comportamento: a reciprocidade e a redistribuição.

A troca ou a permuta, que se efetiva no interior do padrão institucional do mercado.  A existência deste padrão é a condição para que a troca produza preços, ou seja, para que as trocas se realizem segundo uma proporção que é resultada de uma barganha, de uma negociação, onde cada parte é livre para buscar sua vantagem e não tem de se submeter, por exemplo, a preços pré-estabelecidos por algum agente regulador externo.

Toda a reprodução social passa a depender dos preços que cada bem, entre qual o trabalho e a terra, alcancem no mercado.

A constituição deste sistema econômico auto regulável envolve uma inversão completa, uma ruptura em relação às formas pretéritas. Ela não decorre de uma mera difusão espontânea dos mercados.

Em resumo, a reprodução material da sociedade depende de que tudo alcance um preço, ou seja, se comporte como uma mercadoria, inclusive a terra e o trabalho.

Texto 2- ARIDA, P. (2003[1983]). “A história do pensamento econômico como teoria e retórica”. In: A história do pensamento econômico como teoria e retórica.

Segundo Pérsio Arida, a história do pensamento Econômico afirma-se como história das ideias, estuda a ciência iluminando o passado pelo presente. Ela apresenta duas leituras distintas da HPE e da teoria econômica, sendo elas a Hard Science e a Soft Science.

O modelo hard Science, criado no século XX, ignora toda a história do pensamento, considerando assim teorias atuais. A fronteira do conhecimento estabelecida neste modelo, em que o horizonte de tempo varia de cinco a seis anos, sugere um ensino com manuais mais recentes, ou seja, a história não precisa ser revisitada, pois as contribuições de relevo já estão incorporadas ao estado atual da ciência. Está ideia é transmitida das ciências exatas, onde aprendendo o estágio atual da disciplina, este contribui efetivamente no seu conhecimento. A prática deste modelo tem como consequência tornar a HPE desnecessária, sendo dispensável na formação do economista.

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