Mudanças na Política Monetária
Artigo: Mudanças na Política Monetária. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 24/11/2013 • Artigo • 706 Palavras (3 Páginas) • 213 Visualizações
1 - Introdução
Do ponto de vista macroeconômico, a política econômica pode ser dividida em dois
instrumentos básicos: a política monetária e a fiscal.1
Ao longo das décadas de 80 e 90, a maioria das
nações passou a concentrar-se na busca da estabilidade de preços. A principal estrutura utilizada
para a consecução desse objetivo tem sido a separação da função monetária de outras instituições
fiscais do Governo. Os motivos que levaram à mudança na condução da política monetária se devem
aos choques de oferta ocorridos nos anos 70 e ao rompimento com o paradigma keynesiano
tradicional para a condução da política econômica.
Em resposta às transformações observadas nos anos 70, houve o desenvolvimento do debate
regras versus discrição. A antiga literatura sobre o assunto considerava, na análise, as intenções e a
capacidade do responsável pela condução da política. Argumentos favoráveis ao uso de regras
tinham por base o conhecimento imperfeito dos agentes sobre a economia e a tendência de as
autoridades políticas conduzirem a política econômica para fins inadequados do ponto de vista do
bem-estar social. Essa visão sobre regras ou discrição sofreu uma mudança significativa a partir do
estudo feito por Kydland e Prescott (1977). Desde então, as regras passaram a ser consideradas uma
tecnologia de compromisso capaz de evitar a manifestação do problema de inconsistência temporal.
Nos anos 80, esse tema para análise da política econômica recebeu novo impulso com a proposta
feita por Rogoff (1985), na qual a condução da política monetária deveria ser feita por um banco
central independente e conservador. A determinação da taxa de juros em uma economia sob metas para inflação: o caso brasileiro
Com a consolidação do argumento de que o banco central deve ter independência
operacional e de que o seu objetivo deve ser a busca da estabilidade de preços, o regime de metas
para inflação tornou-se uma estratégia adotada por diversos países para a condução da política
monetária desde o início dos anos 90.2
Como conseqüência de o objetivo final da condução da política
monetária estar focado na busca da estabilidade de preços, a taxa de juros tornou-se a meta
intermediária do banco central.3
É reconhecido que a taxa de juros representa o instrumento mais importante à disposição da
autoridade monetária para o combate à inflação. Todavia uma taxa de juros muito elevada pode
prejudicar o equilíbrio fiscal devido à incidência da mesma sobre o estoque da dívida pública,
implicando déficits cada vez mais elevados. Portanto, há limitações para o uso da taxa de juros na
tentativa de estabilizar a inflação. Um outro ponto a ser considerado é que não é adequada uma taxa
de juros baixa resultante de uma passividade monetária, pois há o risco de se colocar a economia em
uma rota de aumento do endividamento público e de aceleração inflacionária. Em suma, para
estabilizar a razão dívida/PIB e a taxa de inflação, é preciso um esforço para o alcance de uma
disciplina fiscal concomitante ao combate à inflação.
Desde junho de 1999, devido à introdução do regime de metas para inflação no Brasil, a taxa
de juros tornou-se uma variável proeminente para análise da condução da política econômica.4
Com o
objetivo de se avaliar a adequabilidade da adoção da regra de Taylor (RT) original para a
determinação da taxa de juros básica da economia brasileira, foi calculada a taxa de juros, com base
nessa regra, para o período posterior à introdução do regime sobredito. Ademais, foi estimada a
influência do desvio da inflação em relação à meta, do hiato do produto, da Selic defasada e do
Risco-País sobre a taxa Selic. Além desta Introdução, o artigo está organizado da seguinte forma. A
segunda seção apresenta, brevemente, a estrutura utilizada pelo Banco Central do Brasil (Bacen)
para a definição da taxa de juros básica da economia e a proposta feita por Taylor (1993). A terceira
seção apresenta a evolução da taxa de juros brasileira no período posterior à introdução do regime de
metas para inflação, com base na regra de Taylor original, e a importância do Risco-País para a
análise da taxa de juros. A quarta seção apresenta algumas evidências empíricas para se avaliar a
determinação da Selic. Por último, é apresentada a conclusão do artigo.
Helder Ferreira de Mendonça; Lucas Lautert
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