Noam Chomsky – O Fim do Sonho Americano
Por: Vivi Vivarini • 26/10/2017 • Trabalho acadêmico • 2.143 Palavras (9 Páginas) • 1.735 Visualizações
Instituto Federal do Rio de Janeiro – IFRJ / Rio de Janeiro[pic 1]
Curso Superior de Tecnólogo em Gestão Ambiental
Disciplina: Fundamentos da Economia
Profª: Maria Gabriela Podcameni
Nome: Vivian Viana Vivarini Data: 23/10/2017
“Noam Chomsky – O fim do Sonho Americano”
(Requiem for The American Dream)
Tendo como base uma sequência de entrevistas realizadas num período de 4 anos, Noam Chomsky, linguista, filósofo e cientista político, considerado um dos maiores intelectuais vivos do planeta, que parece estar no seu auge intelectual, discute como a estrutura política influencia na corrupção pelo mundo, e como a concentração do poder e da riqueza na mão poucos provocou uma das maiores crises dos últimos tempos e por consequência o declínio da classe média.
Na Grande Depressão de 29 a condição dos desempregados era extremamente pior a atual, porém havia esperança. A desigualdade econômica e social atual é muito maior se comparada as décadas anteriores, e um fato comum que podemos observar, ao analisarmos períodos de extremo desenvolvimento, como a era de ouro entre outros, é a super-riqueza concentradas nas mãos de poucos, super-ricos, aproximadamente menos de 0,1% da população.
Na visão de Chomsky a desigualdade social não só afeta a sociedade como também a democracia. A desigualdade social e a riqueza concentrada em apenas uma fração da população, em sua existência, vai contra o interesse do povo e assim da democracia. A crença e esperança da transição de classes, entre baixa, média e alta; conseguir um bom emprego; ter condições de construir um lar e dar uma boa educação aos filhos. Tudo isso foi sendo retirado do povo. A esperança aos poucos foi diminuindo e o ‘sonho americano’ se acabando.
Já foi o tempo em que as crises econômicas penalizavam somente os mais pobres. Atualmente a classe média norte-americana é uma das maiores vítimas da excessiva concentração de renda nas mãos de poucos. A concentração de riqueza gera concentração de poder através da política, em particular, nas eleições, onde os setores ricos e privilegiados apoiam e financiam campanhas e mandatos que futuramente irão favorecê-los através de Leis e outros meios. Desta forma cria-se um ciclo vicioso no qual quem tem riqueza e poder sempre terá influência na política, perpetuando o ciclo. Manter o poder dos setores ricos, atualmente grandes multinacionais e corporações financeiras, é um dos interesses da política no senado e vice-versa.
Chomsky explica sobre a economia, política e a sociedade da atualidade, baseado em 10 princípios da concentração de riqueza e poder, interligando e explicando assim todas as crises passadas e as que possivelmente ainda virão.
O princípio mais importante, a meu ver, é o financiamento privado de campanha, origem de toda a corrupção do sistema, tendo em vista que os ricos financiam políticos para aprovarem leis a favor de seus interesses particulares, e não a favor da população. Assim, a democracia deixa de fazer sentido.
OS DEZ PRINCÍPIOS DA CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA E PODER
1. Reduzir a democracia: Pela visão de Chomsky, no ano em que a constituição dos EUA foi redigida, já era de interesse do Senado, que na época era constituído por políticos escolhidos por ricos sem voto popular, uma proteção aos seus próprios interesses. Ou seja democracia norte-americana é uma criação da elite intelectual de sua época.
Foi levantada uma das maiores preocupações, que era proteger os ricos do “excesso” de democracia. James Madison propôs a proteção da minoria dos super ricos contra a maioria. Já prevendo naquela época a possibilidade da dissolução da riqueza para povo, em favor da igualdade social, caso o poder fosse dado em total a maioria, que era pobre. Sua proposta era um mecanismo de proteção que reduzissem os ricos do “excesso” de democracia.
Esta filosofia já era debatida a séculos pelo famoso filósofo Aristóteles, onde propunha a diminuição da desigualdade social para enfrentar o mesmo dilema de James Madison. No caso do voto popular, para diminuir o atrito e proteger os ricos, Aristóteles propôs a igualdade social, dar Bem-Estar à população. James Madison propôs a redução do Excesso de Democracia.
Ao analisar a história política, econômica e social dos EUA, principalmente a partir dos anos 60, Chomsky, basicamente divide a luta pela democracia e interesse da minoria contra os interesses e privilégios dos ricos em dois partidos respectivamente, Democrata e Republicano.
2. Moldar a ideologia: Chomsky cita o Memorando de Powell e o Primeiro Grande Relatório da Comissão Trilateral, cujo título é “A Crise da Democracia”, como evidências dos esforços da Elite e dos Plutocratas para manter o povo pacífico e às margens da política.
Durante os anos de 1960 e 1970 houve um grande crescimento da participação da população na política nos EUA, principalmente as minorias. Jovens, estudantes, negros, feministas, ambientalistas e homossexuais se juntaram em grandes movimentos políticos e de certa forma, civilizadores. Isto assustou os ricos e a elite dos EUA que pretendiam manter a plutocracia, desta forma começaram os questionamentos sobre doutrinação, o que era ensinado nas escolas, universidades e igrejas do país a fim de evitar novos movimentos, pacificar e afastar da política as novas gerações formadas pelos jovens da época afinal o povo precisa ser passivo e despolitizado. Definir o modo como os cidadãos comuns devem pensar e agir faz parte da estratégia de dominação das elites.
3. Redesenhar a economia: A partir da década de 70 os EUA começaram a migrar de atividade industrial para atividade financeira. Em 2007 os grandes bancos norte-americanos eram responsáveis por 40% dos lucros corporativos, o que se tornou um perigo para economia do Estado, gerando assim as grandes crises financeiras como a de 2008, obrigando o Estado a intervir e aplicar dinheiro em grandes corporações e instituições financeiras a fim de evitar uma catástrofe na economia e sociedade.
A globalização mudou o comportamento da economia fazendo com que as instituições e leis se adaptassem ao mercado, a elevação do conceito de ‘insegurança do trabalhador’ que deixa os trabalhadores em constante medo de perder o emprego é fundamental para mantê-los em seu devido lugar. Chomsky explica que no ‘neoliberalismo’ o capital é livre, mas o trabalho não. O industrial pode facilmente fechar sua fábrica nos Estados Unidos – onde os custos sociais e trabalhistas são maiores – e transferir a produção para a China – onde o salário mínimo gira em torno de US$1 dólar a hora de trabalho. Para competir com China em termos de Emprego, os sindicatos se viram obrigados a aceitar condições de trabalho mais precárias e instáveis.
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