O impacto da pesquisa e desenvolvimento sobre a produtividade global dos fatores de produção agrícola no Brasil (PTF)
Pesquisas Acadêmicas: O impacto da pesquisa e desenvolvimento sobre a produtividade global dos fatores de produção agrícola no Brasil (PTF). Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: antonio3991 • 16/9/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 2.566 Palavras (11 Páginas) • 670 Visualizações
Atividades aulas 1 e 2
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Reportagem
Desafios e perspectivas para a inovação no campo
Por Cintia Cavalcanti
10/07/2013
Anunciado pelo governo brasileiro no início de junho deste ano, o Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 deverá aplicar 18% a mais de recursos para o setor em comparação com a safra recém-encerrada, constituindo o maior aporte de recursos já destinados ao segmento no Brasil. O financiamento da ordem de R$ 136 bilhões deverá ser destinado a grandes e médios produtores, à modernização de armazéns para estocagem, à melhoria da logística e à adequação da infraestrutura para dar seguimento à comercialização de produtos. Durante o lançamento do plano, foram criados o Serviço Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural e o Programa Inovagro, que deve destinar R$ 3 bilhões para o agronegócio, com R$ 2 bilhões para pesquisa e desenvolvimento de máquinas e equipamentos e R$ 1 bilhão para que os produtores rurais incorporem novas tecnologias. Os investimentos destinados ao agronegócio como um todo refletem a grande contribuição que o setor tem dado à economia brasileira, que resulta em um mercado agropecuário interno forte e uma balança comercial que gera mais de R$ 220 bilhões a cada ano.
Conforme ressaltou o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) durante o lançamento do Plano, os temas abordados têm interface direta com as pesquisas feitas pela empresa. Exemplo disso é o Programa Inovagro que deverá levar a inovação tecnológica ao campo, fomentando o acesso a tecnologias relacionadas a temas de extrema relevância para o setor na atualidade, como agricultura de precisão, cultivo protegido, automação para a avicultura e suinocultura, atualização tecnológica da bovinocultura de leite, entre outras tecnologias geradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Embrapa. Para Ricardo Yassushi Inamassu, engenheiro mecânico e pesquisador da Embrapa Instrumentação, o crescimento vivenciado pelo setor nos últimos trinta anos é um reflexo direto de sua avidez por inovação e de sua capacidade de incorporação de novas tecnologias.
Dispondo de condições muito favoráveis, as quais, em tempos passados, poderiam ser consideradas como determinantes do êxito de empreendimentos agropecuários – como a grande disponibilidade de área para a produção de grãos, carnes e plantios florestais comerciais, entre 12 e 18% da água doce do planeta, existência de insolação e chuvas regulares na maioria das regiões brasileiras –, o sucesso da produtividade no país depende hoje, acima de tudo, de investimentos em infraestrutura, especialmente em transporte rodoviário para escoamento da produção, na pesquisa e desenvolvimento, em telecomunicações, na irrigação e em energia elétrica, conforme aponta o artigo recente da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), intitulado “Produtividade e crescimento: algumas comparações”.
A análise realizada pela assessoria do Mapa tem como base uma pesquisa considerada uma das mais importantes contribuições ao estudo da agricultura mundial, intitulada “Productivity growth in agriculture: an international perspective”, realizada por técnicos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que analisa a elevação da produtividade agrícola em 156 países. Nesse estudo, o Brasil e a China despontam como expoentes do crescimento da produção mundial, bem como da produtividade entre os anos de 2001 e 2009, fato atribuído pelos autores aos pesados investimentos em pesquisa e extensão feitos em ambos os países. Os dados sobre o crescimento no Brasil mostram que a produção agrícola cresceu nos últimos 37 anos a uma média anual de 3,77%, enquanto o uso de insumos, 0,20% ao ano, percentual baixo que foi acentuado por uma taxa média negativa de crescimento (-0,8%) no uso de insumos na última década. De acordo com José Garcia Gasques e seus colaboradores, no artigo, a mudança da qualidade dos insumos em geral, tais como máquinas agrícolas, defensivos e fertilizantes tem sido outra fonte de aumento da produtividade.
O impacto das atividades de pesquisa e desenvolvimento sobre a produtividade total dos fatores (PTF) – cálculo feito a partir da divisão entre a produção nas lavouras e na pecuária sobre os insumos utilizados no campo, entre os quais trabalhadores rurais, máquinas agrícolas, defensivos e fertilizantes –, contribui para o elevado percentual do crescimento da produção agrícola no Brasil através de tecnologias voltadas para uma maior precisão e eficiência das operações no campo, do melhoramento genético e outros aperfeiçoamentos introduzidos nos principais cultivos comerciais visando uma maior produtividade, a resistência às pragas e doenças e às mudanças climáticas, como destaca o artigo da assessoria estratégica do Mapa. Por outro lado, os aumentos de produtividade do trabalho e da terra devem-se, em grande parte, a um uso mais intensivo de fertilizantes, à utilização de máquinas agrícolas mais eficientes, e à incorporação de novas áreas no Centro-Oeste e, atualmente,no Centro-Nordeste do país, segundo a análise da assessoria.
Racionalização de insumos
De forma geral, pode-se dizer que para que o setor dos agronegócios permaneça competitivo, cada vez mais o uso abundante de insumos materiais deverá dar lugar ao uso intensivo de recursos intelectuais. Nesse sentido, o acesso e a utilização da agricultura de precisão (AP) de uma forma mais massificada deverão permitir a distribuição otimizada de insumos e, por consequência, a sua racionalização, impactando num segundo momento a produtividade das lavouras, explica José Paulo Molin, engenheiro agrícola, pesquisador da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), criada em setembro de 2012 pelo Mapa. Além de aumentar o potencial produtivo e o retorno econômico através de um melhor aproveitamento do solo, o uso da AP diminui o impacto ao meio ambiente, reduzindo o uso de agroquímicos e, consequentemente, uma parcela importante dos gases de efeito estufa relacionados às mudanças climáticas. “Pode-se afirmar, portanto, que o benefício da agricultura de precisão é a sustentabilidade da nossa agricultura”, resume Inamasu, da Embrapa.
A despeito de suas diversas formas de abordagem,
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