Relatório de Estabilidade Financeira – Abril/2016 Resumo
Por: Renata Peixoto • 29/1/2017 • Resenha • 1.512 Palavras (7 Páginas) • 360 Visualizações
Relatório de Estabilidade Financeira – Abril/2016 Resumo | junho 4 2016 |
Renata Quissak Bartelega Peixoto | Mercado Financeiro e Mercado de Capitais |
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Introdução
O Relatório de Estabilidade Financeira é publicado semestralmente pelo Banco Central do Brasil e tem como objetivo apresentar os resultados de análises sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN), suas perspectivas e o nível de resistência a eventuais choques internos e externos na economia doméstica e consequentemente no próprio sistema.
Liquidez
O lento crescimento do crédito impactou em aumento do estoque dos ativos líquidos dos bancos e desaceleração de suas captações. Como consequência, houve redução do risco médio de liquidez de curto prazo do sistema bancário, mantendo um patamar confortável. Foi possível manter o risco de liquidez estrutural também em patamar adequado em função do volume suficiente de captações para financiar os ativos de longo prazo.
Outras conclusões positivas foram: capacidade dos bancos financiarem suas operações de longo prazo com fontes de financiamento estáveis e baixa dependência de funding externo.
Importante salientar que apesar do contexto de risco limitado, o cenário é de maior restrição ao acesso a recursos externos, causado pela redução no volume captado no exterior e o aumento do custo desses recursos. As maiores taxas de captação para bancos no Brasil são resultado do aumento do risco-país e a redução da liquidez internacional.
Crédito
A concessão de crédito está desacelerada em função do cenário de retração econômica, juros elevados, piora das condições de emprego e redução no nível de confiança dos consumidores e dos empresários. Observou-se também incremento na renegociação e reestruturação de dívidas dos tomadores. No caso dos bancos privados houve aumento significativo da cobertura de provisões para a inadimplência. O crescimento real do crédito nos bancos públicos e privados no ano foi de 0,2% e -8,2%, respectivamente.
Em termos de SPREADs das operações de crédito do sistema financeiro, ao final do segundo semestre observou-se estabilidade, indicando que a baixa demanda pode constituir fator limitante para aumentos relevantes. Em 2014 e primeiro semestre de 2015 as instituições financeiras vinham em um ciclo de aumento dos SPREADs (em função do cenário de maior risco).
Como consequência do cenário, o risco de inadimplência é percebido através do uso crescente de ferramentas como campanhas de renegociação e restruturação de dívidas e a cessão de carteiras. As renegociações podem ser realizadas seguindo parâmetros normais de mercado em relação a prazos, taxas e demais condições de pagamento, ou seguindo parâmetros especiais que só são admitidos para arcar com a possível redução na capacidade de pagamento do tomador. As renegociações e as restruturações de crédito aumentaram no SFN ao longo de 2015, principalmente no segundo semestre, no crédito às pessoas físicas e de maneira mais representativa nas jurídicas. O processo de renegociações deve ter continuidade em função dos índice de pré-inadimplência observados em 2015.
Crédito para Pessoa Física: baixa confiança dos consumidores e condições menos favoráveis de emprego e de renda resultaram em desaceleração no segundo semestre de 2015. A desaceleração ocorreu principalmente nas carteiras de imobiliário financiamento (justificado pelo menor disponibilidade de recursos de poupança) e de financiamento de veículos.
Inadimplência da Pessoa Física: crescimento no semestre, reflexo das condições econômicas mais adversas que impactaram a capacidade de pagamento dos tomadores. Contudo, o volume de operações em atraso sofreu queda expressiva em dezembro, decorrente, em grande parte, das renegociações de contratos em atraso. Como consequência da redução de renda e aumento das taxas de juros, o Comprometimento de Renda das Famílias demonstrou tendência de crescimento até setembro.
Perspectivas para o mercado de crédito à Pessoa Física para 2016: continuidade nas condições restritivas de oferta e demanda de crédito, motivado principalmente pela piora nas condições de emprego, pelo maior comprometimento de renda dos tomadores de crédito, pelo aumento da inadimplência, pelo menor nível de tolerância ao risco e pela queda na confiança dos consumidores.
Crédito para Pessoa Jurídica: houve baixo crescimento da carteira no segundo semestre de 2015, em especial para as Pequenas e Médias Empresas. Para grandes empresas foi possível observar um crescimento nominal anual, mas com tendência de queda (inflado pela desvalorização cambial ocorrida no período).
Inadimplência da Pessoa Jurídica: para Pequenas e Médias Empresas houve tendência de alta e atingiu o maior valor da série histórica para bancos públicos. Nas empresas de grande porte, houve leve redução da inadimplência ao longo do último semestre de 2015. A pré-inadimplência subiu ao longo dos últimos 6 meses de 2015, em ambos os portes de empresa, com maior impacto para as PMEs, indicando provável aumento da inadimplência no próximo semestre e/ou continuidade do ciclo de renegociações de créditos.
O cenário econômico adverso vem se refletindo também nos indicadores econômico-financeiros das empresas. A queda de lucros e aumento das despesas financeiras e do endividamento líquido causam deterioração da capacidade de pagamento das companhias abertas
Para o universo das empresas não financeiras há expectativa de oferta menor de crédito para as grandes empresas nos próximos meses, em razão das condições gerais da economia doméstica, das condições específicas da indústria/setor ou empresa e da percepção de risco de cada cliente. Para as micro, pequenas e médias empresas, os níveis de inadimplência e de tolerância ao risco, aliados às condições específicas dos clientes, continuam sendo os principais limitadores à oferta de crédito.
Em suma, pode-se dizer que o aumento da inadimplência, crescimento nas renegociações e baixo crescimento de crédito são reflexos da redução da atividade econômica e a deterioração na capacidade de pagamento das famílias e das empresas, indicando aumento do risco de crédito no SFN. A alta resistência das instituições do SFN à deterioração econômica (baseada em provisionamento) confere um cenário de estabilidade financeira às instituições, além de demonstrar capacidade para absorver novos aumentos nas provisões para crédito, se necessário.
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