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Resenha: Adam Smith em Pequim

Por:   •  29/11/2023  •  Resenha  •  1.864 Palavras (8 Páginas)  •  42 Visualizações

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Departamento de Ciências Econômicas

Faculdade de Ciências Econômicas

Universidade Federal de Minas Gerais

ECN010 - Economia da China

(Professor Gilberto de Assis Libanio)

Aluno: Santiago Rezende Silva

Resenha "Adam Smith em Pequim - Capítulo 12, ARRIGHI (2008)"


Belo Horizonte

2023


1) Introdução

As razões que atraem o fluxo de capital estrangeiro para a República Popular da China (RPC) vão além de sua vasta força de trabalho e baixos custos laborais. O diferencial reside na qualidade dessa mão de obra, que inclui níveis superiores de saúde e educação, bem como capacidade de autogestão. Uma mão de obra de qualidade e em abundância, juntamente com o rápido crescimento das condições de oferta e demanda dentro da própria China, tem sido o principal motor para o investimento estrangeiro. Notavelmente, essa dinâmica não foi criada pelo capital estrangeiro, mas emergiu de um processo de desenvolvimento enraizado em tradições orientais, incluindo a revolucionária que deu origem à RPC.

A união entre o capital estrangeiro e o mercado chinês foi desempenhada pelo capital da diáspora chinesa. Este ator facilitou essa ligação graças ao compromisso da RPC, especialmente sob Deng Xiaoping, em envolver a comunidade chinesa no exterior na abertura da China ao comércio e investimento estrangeiro. Esse esforço também visou recuperar territórios como Hong Kong, Macau e, eventualmente, Taiwan sob o modelo "Um País, Dois Sistemas". Essa parceria provou ser mais bem-sucedida para o governo chinês do que sua política de porta aberta em relação a corporações estrangeiras, que enfrentavam restrições em contratação, comércio e repatriação de lucros.

Os empresários chineses no exterior tinham vantagens consideráveis, incluindo familiaridade com práticas locais, linguagem e habilidades de gerenciamento de laços de parentesco e comunidade. Além disso, recebiam tratamento preferencial de integrantes do Partido Comunista Chinês (PCC). Enquanto corporações estrangeiras reclamavam das restrições, empresários chineses de Hong Kong migraram rapidamente para a província de Guangdong. O fortalecimento dessa parceria levou o governo chinês a buscar ainda mais o apoio do capital chinês no exterior, estendendo privilégios a residentes de Taiwan.

A ascensão da China, entretanto, não se deve apenas à colaboração entre o PCC e a diáspora chinesa, mas também a uma série de complexos fatores históricos. A China se tornou vital para o capital estrangeiro, especialmente dos Estados Unidos, que buscavam mão de obra acessível e uma economia em rápido crescimento, além de acessar um mercado consumidor que conta com mais de um bilhão de pessoas.. Portanto, a ascensão chinesa não pode ser atribuída ao neoliberalismo, mas a uma interação de elementos únicos em sua história e evolução econômica.

2) A abertura da China: Smith contra Friedman

        São discutidas as diferenças na expansão econômica da China em relação à expansão japonesa anterior e contrapõe a ideia de que a China aderiu às prescrições neoliberais. Destaca-se que, embora a China tenha abraçado o comércio e o investimento estrangeiro, não seguiu estritamente o Consenso de Washington, adotando uma abordagem mais gradual e diferenciada para suas reformas econômicas. Pode-se dizer que a China foi quem melhor escutou os conselhos do Consenso e adotou medidas em prol dos interesses nacionais.

Uma das principais características da abordagem chinesa foi a ênfase na competição não apenas entre capitais estrangeiros e domésticos, mas entre todos os tipos de capitais, sejam eles públicos ou privados. Em vez de priorizar a privatização, o governo chinês buscou promover a concorrência e a inovação entre empresas, resultando em preços mais baixos e uma maior diversidade de produtos no mercado. Isso também incentivou o crescimento acelerado de indústrias de alta tecnologia.

Outro aspecto importante das reformas chinesas foi a ênfase na formação de um mercado doméstico forte e na melhoria das condições de vida nas áreas rurais. Isso envolveu grandes investimentos em educação, com o governo expandindo significativamente o sistema educacional e promovendo a abertura das instituições de ensino para influências externas. Também foi fundamental para o sucesso da China o estímulo à inovação tecnológica, resultando em uma mão de obra mais educada e qualificada.

Em resumo, as reformas econômicas da China se destacam por sua abordagem gradual e diferenciada, enfatizando a competição, o desenvolvimento do mercado doméstico, a expansão da educação e a melhoria das condições de vida rural. Esses fatores desempenharam um papel crítico no sucesso econômico da China, ao mesmo tempo em que a diferencia das abordagens estritamente neoliberais observadas em outras partes do mundo.

3) Acumulação sem desapropriação

        Uma das reformas mais importantes foi a introdução do Sistema de Responsabilidade Familiar, que devolveu o controle sobre os excedentes agrícolas das comunas para os domicílios rurais. Além disso, os preços de aquisição agrícola foram substancialmente aumentados em 1979 e novamente em 1983, o que resultou em um aumento significativo na produtividade agrícola e nos retornos das atividades agrícolas.

O governo chinês incentivou a mobilidade espacial da mão de obra rural, permitindo que os trabalhadores rurais buscassem oportunidades fora de suas aldeias. A partir de 1983, os residentes rurais receberam permissão para se envolver em transporte de longa distância para comercializar seus produtos, marcando a primeira vez em uma geração em que os agricultores chineses conduziram negócios fora de suas aldeias. Regulamentações posteriores permitiram que os agricultores trabalhassem em cidades próximas nas emergentes Empresas de Aldeias e de Municípios (EAMs) de propriedade coletiva.

O surgimento das EAMs foi impulsionado por outras reformas, como a descentralização fiscal, que concedeu autonomia aos governos locais na promoção do crescimento econômico, e a avaliação de quadros com base no desempenho econômico de suas localidades, o que proporcionou incentivos fortes aos governos locais para apoiar o crescimento econômico. As EAMs se tornaram os principais locais de reorientação das energias empreendedoras de quadros do partido e funcionários do governo em direção a objetivos de desenvolvimento.

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