Resenha O Instituto Ethos
Por: edilaynessalles • 30/10/2020 • Resenha • 1.840 Palavras (8 Páginas) • 373 Visualizações
O Instituto Ethos
Introdução:
No ano de 1998, foi fundado o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, pelo empresário Oded Grajew junto com outros empresários. No Brasil já existiam diversas organizações sem fins lucrativos após a ditadura militar. O início das operações do Ethos se deu em um escritório com poucos funcionários e alguns empresários que acordaram em efetuar o pagamento de taxas mensais e fazer doações com o objetivo de apoiar as ações. Os mesmos se comprometeram a seguir e respeitar um código de práticas éticas.
O objetivo do Ethos era criar algo até então inédito no país, um conceito de responsabilidade social empresarial (SER), não tratava-se apenas de doações das empresas participantes e sim um movimento com o intuito de criar uma responsabilidade em todas as empresas de praticarem suas atividades de forma responsável, lutando contra o trabalho infantil, racismo, protegendo o meio ambiente e atuando com publicidade de forma honesta e transparente.
O Ethos não visava apenas o setor privado, como todas as empresas de uma forma geral, acreditava-se que o setor privado era um agente determinante para o sucesso da organização. No ano de 2007 o Ethos era responsável por um terço do PIB brasileiro, com cerca de 1300 membros.
O movimento RSE já havia criado um impacto tão grande na sociedade que foi matéria principal da revista Exame que dedicou uma edição anual para empresas líderes no segmento. Algumas das leis que o governo havia deixado a desejar como proibição de trabalho infantil e trabalho escravo eram figurinhas carimbadas no movimento de RSE.
O Brasil teve uma desigualdade de renda muito grande no século XIX, seguido de problemas de escravidão e trabalho infantil. Mesmo com a abolição da escravatura, o cenário não mudou muito e a desigualdade permaneceu, a hierarquia racial era bem clara e nítida dentro do cenário nacional.
O objetivo do Ethos era diminuir essa desigualdade dentro do país, o instituto enxergava a sociedade como um todo orgânico como o corpo humano, todas as partes deveriam funcionar para que o corpo humano inteiro funcionasse da forma ideal. Disseminar a prática da responsabilidade social entre as empresas do país era a forma que o Ethos enxergava para prosperar e contribuir com o desenvolvimento social, econômico e sustentável do Brasil.
Uma grande preocupação do Instituto Ethos era não ser mais uma organização sem fins lucrativos com propagandas enganosas. A intenção era gerar um negócio sustentável e responsável para todas as empresas, é a atividade econômica orientada para a geração de valor econômico-financeiro, ético, social e ambiental, cujos resultados são compartilhados com os públicos alvo. Sua produção e comercialização são organizadas de modo a reduzir continuamente o consumo de bens naturais e de serviço ecossistêmicos, a conferir competitividade a continuidade à própria atividade e a promover e manter o desenvolvimento sustentável da sociedade.
A forma de controle do Ethos era através de Indicadores, que têm como foco avaliar o quanto a sustentabilidade e a responsabilidade social eram incorporadas nos negócios das empresas, auxiliando a definição de estratégias, políticas e processos. Embora traga medidas de desempenho e sustentabilidade e responsabilidade social, esta ferramenta não se propõe a medir o desempenho das empresas e nem reconhecer empresas como sustentáveis ou responsáveis.
Outro ponto que preocupava o Instituto era sobre financiamento público, o Ethos não aceitava financiamento público pois não queria atrelar seu trabalho a qualquer área partidária, dessa forma todo o financiamento era privado visando o total distanciamento do governo, para que a imagem da organização se mantivesse intacta e eles conseguissem atuar da maneira que gostariam, caso contrário haveriam conflitos de interesse entre as partes (governo x ethos). Já existiam muitas ONGs financiadas pelo governo e a forma que o Instituto conseguiu definir para seguir com os objetivos estabelecidos foi de solicitar pequenas doações a um grupo grande e diversificado de empresas-membro, buscando inicialmente algumas centenas. Se um membro eventual os deixasse devido a algum conflito, não haveriam implicações para o Ethos.
Com esse planejamento estratégico financeiro o Instituto Ethos conseguiria financiar suas próprias ações e objetivos de maneira mais segura sem depender de uma única fonte de renda e não estaria ligada ao governo, evitando assim qualquer tipo de conflito de interesses. Foi adotado um conselho autônomo com autoridade para que pudessem definir as estratégias, esse pequeno conselho lideraria seria consultado e lideraria o caminho para que o Ethos pudesse avançar enfrentando menores riscos dentro do seu modelo de negócios.
Desenvolvimento:
O principal objetivo do Instituto Ethos é fazer com que as empresas adotem suas políticas e códigos de ética e que se comprometam com seus princípios para que possam aperfeiçoar a responsabilidade social e uma economia sustentável para promover mudanças na sociedade e agregar valor as marcas das empresas-membro.
Houveram dificuldades antes mesmo do Ethos ter seu início, os fundadores haviam sido expulsos da FIESP, juntamente com outros participantes do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) por serem taxados como esquerdistas. A grande vantagem era de que estava emergindo de um regime militar em queda, em contra partida a democracia ganhando espaço.
A Ethos pensou inicialmente em trabalhar com uma política de selos para as empresas serem socialmente responsáveis, porém isso seria muito difícil de fiscalizar e os riscos seriam grandes em manchar o nome da organização. Eles não queriam que a RSE fosse vista como uma jogada de marketing e sim como um esforço sério das empresas em reformar toda a sociedade. A alternativa foi gerar benefícios concretos para as empresas que se tornassem parceiras seguindo toda a carta de princípios estabelecidos. Os benefícios eram de publicidade, publicações do Ethos, poder frequentar cursos e obter outros serviços.
As empresas podiam se juntar ao Ethos como um gesto filantrópico, elas não eram policiadas e só sofriam sanções em casos extremos, como exemplo de trabalho escravo. O Ethos tinha o apoio da imprensa, a estratégia era muito clara, proporcionar publicações e ajudar as empresas a compreender e melhorar as práticas de RSE, incentivando por meio de comunicação e outras indutoras externas a exigir o progresso.
Um momento crucial para o Instituto Ethos foi no ano de 2000, onde já existiam mais de 287 membros, número que havia ultrapassado sua meta inicial. A estratégia era eficaz em encorajar e pressionar empresas a abraçar a RSE e o progresso era substancial. A medida que o movimento foi ganhando mais proporção, uma questão passou a preocupar, se as empresas que estavam praticando todas as medidas do código Ethos e se desenvolvendo de uma forma sustentável teriam algum tipo de vantagem competitiva a outras empresas que não seguiam a linha da Ethos.
...