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INSTITUTO ETHOS DEBATES

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Por:   •  21/10/2014  •  1.852 Palavras (8 Páginas)  •  438 Visualizações

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INSTITUTO ETHOS DEBATES

14/Agosto/2002

A convite do Instituto Ethos, Paulo Vilares, presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), e Gilberto Mifano, superintendente geral da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), discutiram a ética e a transparência das empresas.

“Crise mundial de confiança nas empresas: uma questão de responsabilidade social” foi o tema da reunião mensal do Instituto Ethos, que ocorreu no dia 14 de agosto de 2002, no Centro de Treinamento do Carrefour, em São Paulo. O encontro contou com a presença de cerca de 200 associados ao Instituto Ethos, representado por seu diretor-presidente, Oded Grajew.

Ao abrir o evento, Oded Grajew enfatizou o especial significado da reunião num momento em que as empresas vivem uma crise mundial de confiança, devido às fraudes flagradas nos balanços de companhias como a Enron e WorldCom. “Desde a criação do Instituto Ethos, nosso maior desafio tem sido disseminar a mensagem da responsabilidade social empresarial como uma cultura que tenta balizar todas as atividades e relações da empresa por princípios e valores éticos”, explicou Grajew.

Segundo ele, no Brasil há uma confusão entre responsabilidade social, por um lado, e ação ou investimento social, por outro. O Instituto Ethos tem se esforçado para dizer e mostrar que ação ou investimento social faz parte da responsabilidade social e é muito importante no Brasil, um país que tem imensas carências. “Mas não deve ser confundido com a responsabilidade social, que abrange todas as relações da empresa além de suas atitudes, projetos e planos”, ressaltou.

Para Grajew, o que acontece nos Estados Unidos hoje, e também de maneira mais atenuada na Europa, vem reforçar o que o Instituto Ethos tem falado no sentido de que confundir responsabilidade social com ação social não só é um erro conceitual, como pode ser perigoso para a própria empresa. “Ao fazer esta distorção, a ação social corre o risco de ser vista como uma tentativa de melhorar a imagem da empresa, mas sem que ela realmente esteja debruçada sobra a questão ética”, afirmou o diretor-presidente do Instituto Ethos. E completou: ”Também pode atentar contra a credibilidade de tudo que temos feito até hoje. Se nossa missão for desacreditada, ocorrerá um imenso retrocesso neste movimento de levar a ética para as empresas e, se as empresas se restringirem a uma mera ação social, sem uma abrangência sobre a sua atividade, a sociedade olhará nosso trabalho apenas como uma tentativa de maquiar uma determinada atividade”.

Oded Grajew também lembrou aos presentes que as empresas nos Estados Unidos que foram pegas em falcatruas aparentavam um comportamento exemplar: tinham projetos sociais, várias delas tinham prêmios de preocupação com o meio ambiente, códigos de ética e assim por diante. Vários CEOs daquelas empresas até mesmo faziam conferências sobre ética empresarial. Mas, na verdade, não tinham absorvido a cultura da responsabilidade social que deveria abranger todos os públicos: os acionistas, investidores, funcionários e, sobretudo, o próprio CEO. E não pensavam realmente que aquilo deveria ser levado a sério na gestão da empresa, incluindo processos de implementação, avaliação e auditoria. O resultado disto é que todo o movimento da responsabilidade social empresarial foi posto em xeque.

“Portanto, acredito que temos uma grande responsabilidade de reforçar esta cultura, que é tão importante não só para as empresas, mas também para a sociedade. Não é possível fazer pela metade”, insistiu Grajew. E destacou: “Não se pode confundir responsabilidade social com filantropia. Apesar de ser muito importante, vale lembrar que a filantropia também é praticada pelo jogo do bicho, pelo tráfico organizado, por algumas igrejas que tentam muitas vezes explorar a boa fé das pessoas.”

E concluiu: “Esta crise nos dá uma oportunidade de disseminar com mais ênfase os conceitos e parâmetros dignos de empresas socialmente responsáveis. Este encontro, portanto, que tem o apoio do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e da Bovespa, é muito significativo para o Instituto Ethos e para o sucesso do movimento da responsabilidade social no País”, destacou Oded Grajew.

Em seguida, Paulo Vilares, presidente do IBGC, falou sobre Ética e Governança Corporativa. “São dois balizadores que andam sempre juntos.” Ele explicou que Governança Corporativa são as práticas e os relacionamentos entre os Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o acesso ao capital.

Segundo Vilares, uma empresa pode ter os melhores princípios de Ética e não ter boa Governança Corporativa, mas a recíproca não é verdadeira. “A adoção de boas práticas de Governança Corporativa significa também a adoção de princípios éticos”, garante o presidente do IBGC.

Paulo Vilares também expôs em sua apresentação o Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, elaborado pelo IBGC. O principal objetivo do documento é indicar caminhos para todos os tipos de empresas (sociedades por ações, abertas ou fechadas, limitadas, sociedades civis) visando a melhoria do desempenho e facilitar acesso ao capital. “As empresas têm buscado seguir os princípios fundamentais da Governança Corporativa: transparência, eqüidade, prestação de contas, cumprimento das leis e ética. Já é um bom começo, mas ainda temos muito a fazer”, avalia Paulo Vilares.

A apresentação seguinte foi de Gilberto Mifano, superintendente geral da Bovespa. Ele começou sua fala mostrando qual é o pano de fundo para a falta de ética: pressão por desempenho e por resultados, questão de cultura (não admitir fracassos), normas contábeis que dão margem a interpretações e têm grande grau de subjetividade, ganância, pouco apego a princípios éticos, fraude e crime (insider trading).

E como resgatar a confiança? Segundo Mifano, a Lei contra fraudes assinada pelo presidente americano George W. Bush é um bom começo, mas não ataca todos os problemas. “É preciso resgatar o papel das atividades profissionais de auditores independentes e analistas de investimentos; ter maior responsabilidade do conselho de administração e do comitê de auditoria; e buscar maior participação dos acionistas nas decisões sobre remuneração dos executivos”, sugere o superintendente. “Mas tudo será insuficiente sem ética”, garante.

Para Mifano, também há o risco de sufocar

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