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Resenha do Documentário: Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá

Por:   •  2/4/2023  •  Resenha  •  1.050 Palavras (5 Páginas)  •  164 Visualizações

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Resenha do documentário: Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá, do cineasta brasileiro Sílvio Tendler.

No documentário do cineasta Sílvio Tendler, Milton Santos é o ator principal. O geógrafo se considera um intelectual outsider, ou seja, ele não pertence a nenhum partido, não pertence a nenhum grupo, inclusive de intelectuais, como também não possui nenhum credo e não participa de nenhuma militância.

Para Milton Santos, a globalização é analisada pelo ponto de vista dos povos em países em desenvolvimento, os quais foram severamente afetados pelas políticas neoliberais. Desse modo, o Consenso de Washington foi ressaltado como uma espécie de bula para os países em desenvolvimento, que possuía prescrições consensuais, austeridade fiscal, elevação de impostos, juros altos para atrair investimentos estrangeiros e privatizações em nome da boa administração do setor privado e da incapacidade dos estados.

Para o economista Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e economista chefe do Banco Mundial entre 1997 e 2000, o Consenso de Washington não provém de análise econômica, mas de uma postura ideológica. Um dos exemplos – que representa claramente essa ideia – citados foi a Bolívia que seguiu as prescrições e sofreu bastante em termos financeiros. Por outro lado, a China não seguiu essas mesmas prescrições e obteve crescimentos econômicos – é claro que existem inúmeras variáveis que afetam esse resultado.

Concluiu-se, portanto, que como muitos países da América Latina estão em fase de desenvolvimento, o Consenso de Washington representou um “fruto envenenado”.

Em vários momentos são mostrados exemplos de como o capitalismo tem como finalidade o lucro, mesmo que seja ao custo das vidas da população mais pobre. Barreiras são levantadas, às vezes separando um mesmo povo, ou então para tirar o acesso das pessoas a coisas que elas necessitam para viver, como recursos naturais. O documentário mostra vários exemplos ao redor do mundo para elucidar a globalização, demonstrando claramente o desemprego e a falta de perspectiva, além de uma visão um tanto quanto surreal de pessoas que não tem acesso sequer a algo tão importante para a vida quanto a água, a qual tem sido tratada em alguns casos como um bem econômico, não um direito.

Nesse caso, as corporações, visando o lucro, não possuem limites. A tentativa de privatizar a água potável em alguns países, a exemplo da Bolívia, mostra o quanto essas corporações não se preocupam com a humanidade. É uma tentativa de usar a pobreza em função do dinheiro e do lucro. A água é um patrimônio da humanidade, é um patrimônio dos seres vivos, e ninguém pode apropriar-se dela. Isso ocorre pelo fato das corporações não têm responsabilidade social e moral.

Em um dos tristes casos revelados no documentário, alguns ternos que são vendidos por um preço elevado, não custaram mais do que algumas dezenas de centavos em encargos trabalhistas. Isso ocorre devido a ideia da busca incessante do lucro máximo, onde o capitalismo global procura países com leis trabalhistas “flexíveis” para reduzir custos à custa dos trabalhadores, colocando-os em situação análoga a da escravidão. Algumas empresas, por exemplo, transferem suas produções industriais para países onde não há limites para a exploração de mão-de-obra.

Milton Santos declara – e é verdade – que possuímos a capacidade de alimentar toda a população mundial, mas, os problemas reais são a distribuição dos alimentos, as barreiras impostas, e a desigualdade social. Essa ideia, provavelmente, provém do fato de que alguns países produzem mais alimentos do que necessitam, concluiu-se, portanto, que a fome não é uma questão de produção de alimentos, mas uma questão de distribuição. É escolhido quem irá comer e quem irá passar fome.

Nunca na história da humanidade houve condições técnicas e científicas tão adequadas para construir um mundo digno para a sociedade humana. Porém, essas condições foram expropriadas por um punhado de empresas que decidiram construir um mundo perverso, cabe a nós fazer dessas condições a produção de uma nova política, de um novo mundo.

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