Resumo A Riqueza das Nações
Por: Novo Canto Popular • 4/12/2020 • Resenha • 8.914 Palavras (36 Páginas) • 407 Visualizações
A Riqueza das Nações
Adam Smith
Bruno Rafael dos Santos
Novo Hamburgo
2020
O presente texto é um resumo dos principais aspectos do pensamento econômico de Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho de 1723 – Edimburgo, 17 de julho de 1790) presentes em sua obra Uma investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, publicada originalmente em 1776.
A obra é considerada até os dias de hoje como o marco inicial do estudo da Economia como ciência independente e do liberalismo econômico, como resposta ao mercantilismo. Smith defendia que a riqueza de um país consiste na capacidade de produzir bens de consumo suficientes para atender a demanda da população, o que só seria possível através do desenvolvimento das forças produtivas, ao contrário do que pregava a doutrina mercantilista, cuja riqueza consistia no acúmulo de metais preciosos. Da mesma forma, Smith defendia o livre comércio em detrimento do protecionismo mercantilista, argumentando que este impedia o curso natural do desenvolvimento da economia.
O resumo que se segue não tem a pretensão de ir além do que fora dito pelo próprio autor em sua principal obra, tendo, portanto, um caráter predominantemente expositivo, com o objetivo de tornar as suas ideias mais acessíveis àqueles que se aventurarem na leitura de A Riqueza das Nações e que porventura necessitarem de esclarecimento a respeito de alguns aspectos que podem se apresentar obscuros no decorrer da leitura, algo que julgo ser bastante frequente em se tratando de obras tão antigas.
O resumo seguirá a ordem linear da exposição proposta pelo autor, isto é, estará dividido em cinco partes, do primeiro ao quinto livro de A Riqueza das Nações, sendo eles:
– Livro Primeiro: as causas do aprimoramento das forças produtivas do trabalho e a ordem segundo a qual sua produção é naturalmente distribuída entre as diversas categorias do povo;
– Livro Segundo: A natureza, o acúmulo e o emprego do capital;
– Livro Terceiro: A diversidade do progresso da riqueza nas diferentes nações;
– Livro Quarto: Sistemas de economia política;
– Livro Quinto: A receita do Soberano e do Estado.
LIVRO PRIMEIRO
AS CAUSAS DO APRIMORAMENTO DAS FORÇAS PRODUTIVAS DO TRABALHO E A ORDEM SEGUNDO A QUAL SUA PRODUÇÃO É NATURALMENTE DISTRIBUÍDA ENTRE AS DIVERSAS CLASSES DO POVO
CAPÍTULO I
DIVISÃO DO TRABALHO
Uma nação é mais ou menos rica de acordo com os bens necessários e os confortos materiais que é capaz de produzir. A proporção entre essa produção e o número de pessoas que deve consumi-la determina a riqueza das nações.
Se em um país, a produção de alimentos não é suficiente para suprir a necessidade primária de alimentação de uma parcela qualquer de sua população, em hipótese alguma o mesmo poderá ser considerado um país rico. Do mesmo modo, um país que produz alimentos o suficiente para atender toda a sua população, mas que é incapaz de suprir a demanda por bens de vestuário e moradia a toda população, será menos rico do que aquele que consegue.
Em sociedades desenvolvidas, a capacidade produtiva, isto é, a capacidade de fornecer bens de consumo em número suficiente para toda a população, parece ser efeito da divisão do trabalho.
Tomemos como exemplo, uma pequena manufatura de alfinetes. Um único operário produziria, se efetuasse todas as atividades produtivas, um único número bastante reduzido de alfinetes em relação ao que é produzido com a divisão do trabalho.
Os efeitos da divisão do trabalho são as mesmas em todas as artes e indústrias. A agricultura, entretanto, não é uma atividade capaz de ser subdividida tanto quanto as atividades manufatureiras. Portanto, a riqueza de uma nação deve ser melhor determinada pela sua capacidade industrial do que agrícola.
As vantagens da divisão do trabalho devem-se a três circunstâncias:
1) Aumento da destreza dos trabalhadores;
2) Poupança de tempo, correspondente à passagem de uma atividade à outra;
3) Invenção e utilização de máquinas que facilitam e reduzem o trabalho.
Assim, a multiplicação dos produtos do trabalho em sociedades desenvolvidas, como efeito da divisão do trabalho, proporciona, mesmo para as camadas mais pobres da população, um nível de vida superior do que aquele que pode ter qualquer membro de uma sociedade primitiva.
CAPÍTULO II
O PRINCÍPIO QUE DA ORIGEM A DIVISÃO DO TRABALHO
A divisão do trabalho procede mais da natureza humana do que de convenções sociais. O homem primitivo não era capaz de satisfazer todas as suas necessidades sem imenso esforço e mesmo sem arriscar sua própria vida em suas atividades produtivas. Tampouco é o homem o animal mais forte e com melhor constituição para enfrentar os perigos do mundo natural.
Levando em conta que é impossível a um único indivíduo suprir todas as suas necessidades através do produto direto de seu trabalho, não é difícil imaginar que mesmo nas sociedades mais primitivas já houvesse certa divisão do trabalho, de modo que um produtor de x, necessitando de um bem y, trocasse o excedente de sua produção pelo excedente de um produtor de y, o qual igualmente necessitasse de x.
Evidencia-se, portanto, na natureza humana, uma propensão à troca, ao escambo, à permuta.
Essa tendência à troca é o princípio que dá origem à divisão do trabalho. Numa sociedade desenvolvida, o homem necessita da cooperação de uma imensidade de pessoas para atender todas as suas necessidades, tendo maior probabilidade de obter aquilo que deseja, se conseguir fornecer às outras pessoas aquilo que elas desejam. Em outras palavras, é o egoísmo de cada produtor específico o motor da cooperação econômica entre os membros de uma sociedade.
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