TEXTOS PARA EDUCAÇÃO REMOTA: INTRODUÇÃO À TEOLOGIA
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
CENTRO DE TEOLGIA E HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA
TEXTOS PARA ESTUDOS DE ENSINO À DISTÂNCIA:
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA I
Prof. Pe. Pedro Paulo de Carvalho Rosa
Petrópolis
2014
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
CENTRO DE TEOLGIA E HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA
TEXTOS PARA ESTUDOS DE ENSINO À DISTÂNCIA:
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA I:
Humanismo Cristão
Texto de Pe. Pedro Paulo de Carvalho Rosa elaborado
. É um
texto de estudo para reflexão sobre o item 1.3 do p
rograma de
Intr. à Teologia I.
Prof. Pe. Pedro Paulo de Carvalho Rosa
Petrópolis
2014
Introdução
Esse texto servirá para ajudar o estudante a conhec
er, sob uma perspectiva
filosófica cristã, e, por isso, cabe neste momento
um olhar sobre o caminho percorrido
pela razão humana à luz da revelação divina, ao lon
go de diversos anos, na busca
incansável para responder a uma pergunta: o homem,
quem é ele?
O ser humano de modo geral tem muitas perguntas que
o incomodam, mas uma
das mais significativas e que o acompanha há século
s é: o homem, quem é ele? No texto
anterior foi possível uma leitura nas mais variadas
culturas sobre possíveis respostas. O
humanismo cristão busca oferecer uma reflexão que p
ossa dar sentido a toda a
existência humana, pois dessa compreensão depende s
ua forma de relacionar-se com
tudo que está a sua volta.
Humanismo Cristão
A Igreja Católica, atenta às questões fundamentais
da existência humana, presta
um serviço para a humanidade, ao combater visões re
ducionistas do ser humano, que
acabam por mutilá-lo em muitas de suas dimensões es
senciais, contribui oferecendo sua
compreensão sobre o ser humano. Para ela o ser huma
no é pessoa que deve ocupar o
centro em relação às outras criaturas (no seu senti
do mais amplo) e no relacionamento
com o Criador, deve reconhecer que o centro absolut
o deve ser ocupado por Deus. A
pessoa humana é mais humana na medida em que, atraí
da pelo mistério, decide-se
percorrer o caminho de busca de sentido para toda s
ua vida nas situações cotidianas.
Essa busca de sentido implica numa escuta do seu pr
óprio coração, que vem entendido
como totalidade do seu ser.
O Magistério da Igreja, entre outros, nos oferece
o belíssimo texto de
Gaudium
et Spes
, n. 24 que diz: “o homem que é sobre a terra, é a
única criatura que Deus
escolheu por si mesma, e não pode reencontrar-se a
não ser pelo dom de si mesmo”, e o
salmista interroga-se: “Quando vejo o céu, obra dos
teus dedos, a lua e as estrelas que
fixaste, que é um mortal, para dele te lembrares, e
um filho de Adão, que venha visitá-
lo?”
1
e imediatamente afirma: “E o fizeste pouco menos
do que um deus, coroando-o
de glória e beleza. Para que domine as obras de tua
s mãos sob seus pés tudo
colocaste...”
2
.
Parafraseando o Salmo 8 eu me pergunto: o que nós h
omens somos para Deus?
3
E para responder a esta pergunta creio ser necessár
io um estudo, ainda que breve, sobre
o homem à luz da revelação, alguns documentos recen
tes da Igreja e reflexões sobre a
totalidade desse ser humano.
1. A Visão Bíblica
a) Deus Criou o homem
Na revelação bíblica vetero-testamentária, o homem
sempre aparece em relação
com Deus. Este é o criador e aquele é criatura.
4
O homem é criatura de um criador
pessoal, isto é, a criação é obra de um ser que é P
essoa, e isto nos aponta a existência de
um significado, pois o criador tem algo a dizer.
1
Sl 8,4-5
2
Sl 8, 6-7
3
Sl 8, 5
4
Cf. Eclo 17, 1-12
O saudoso papa João Paulo II, escrevendo sobre a di
gnidade e a vocação da
mulher, por ocasião do ano mariano, cita Santo Irin
eu quando diz “Devemos colocar-
nos no contexto do ‘princípio’ bíblico, no qual a v
erdade revelada sobre o homem como
‘imagem e semelhança de Deus’ constitui a
base
imutável
de toda a antropologia
cristã.
”
5
Seguindo rigorosamente as normas de uma hermenêutic
a bíblica, verifica-se
facilmente que o contexto da narrativa bíblica da c
riação do homem e da mulher
expressa uma solenidade, já que no texto é destacad
o a diferença em relação à criação
dos outros seres. No versículo 27 do 1º capítulo do
livro do Gênesis encontramos o
verbo
Barah
(grifo nosso), que significa criar, usado pela prim
eira vez, contrapondo-se
ao verbo
haver ou fazer
(grifo nosso), usado até o momento. O verbo
Barah
,
pronunciado por Deus como sujeito, é de um poder qu
e não se pode imaginar. Nesse
versículo aparece por três vezes o verbo
barah
.
6
Quanto ao verbo
fazer
na primeira
pessoa do plural
façamos
há diversas interpretações ao longo da patrologia,
porém há
consenso no que diz respeito ao que se segue: para
a criação do homem há uma
particular referência de Deus que se volta para si
mesmo. Ele olha para dentro de si
mesmo e cria o homem e a mulher.
Deus cria o homem e a mulher à sua imagem e semelha
nça. Imagem em
hebraico é usado para coisas mais concretas, mais e
státicas.
7
A imagem é o aspecto
visível de uma realidade invisível. Já o termo seme
lhante é usado para coisas mais
abstratas, mais dinâmicas. O que nos leva a conclui
r que o homem é um modelo de
Deus sem ser Deus, ou seja, o homem e a mulher fora
m “feitos” do molde original,
porém sem ser o original. É importante perceber que
os dois termos são usados para
dizer uma só coisa, uma só idéia, uma só realidade.
O que nos leva a inferir que a
geração do gênero humano não é uma emanação de Deus
, mas sim criada por Ele.
O fato do homem e da mulher terem sido criados à im
agem de Deus pode ser
percebido também ao verificar que só o homem dialog
a com Deus, o que não ocorre
com nenhuma outra criatura, pois mesmo quando Deus
amaldiçoa a serpente, ela não
fala nada com Deus.
8
Essa Imagem de Deus pode ser verificada pelo fato
de só o ser
humano ter recebido o domínio sobre tudo o que foi
criado
9
, e só ele ter sido capaz de
5
JOÃO PAULO PP. II,
MD,
nº. 6.
6
Cf.
A Bíblia de Jerusalém.
São Paulo, 1985, nota rodapé, letra b.
7
Cf.
L. cit.
8
Cf. Gn 3
9
Cf. Gn 2,19
conhecer a lei da natureza e ser capaz de discernim
ento.
10
Enfim, no capítulo 5º do livro
do Gênesis encontramos a transmissão dessa imagem e
semelhança de Deus aos filhos
(descendentes) do homem.
11
b) Homem e Mulher se complementam
A diferenciação e a complementaridade entre o homem
e a mulher na imagem de
Deus é a capacidade de colocar-se em relação, ou me
lhor, colocar-se em comunhão,
pois foram criados à imagem de um único Deus na rea
lidade de três pessoas distintas. A
unidade entre o homem e a mulher é radical, pois po
ssuem a mesma natureza. Em
Gênesis 2,18 encontramos a seguinte expressão “
Iahweh
Deus disse: “Não é bom que o
homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe cor
responda”. Como vemos, a
iniciativa é de Deus. É Deus quem julga, é Deus que
m decide.
No texto bíblico Deus é apresentado como um sábio p
edagogo que acrescenta
aos poucos o conteúdo de tal revelação. Pois ressal
tando suas iniciativas começa a
narrar a criação da mulher quando o homem é dominad
o pelo sono enviado por Deus, e
ele de fato dorme. A identidade de natureza entre o
homem e a mulher é narrada de
forma a não deixar dúvidas, pois a mulher é criada
da costela de Adão, que coloca em
luz sua unidade radical. Também a bênção procede de
Deus seja para o homem que para
a mulher. Por fim, a alegria de Adão quando viu e r
ecebeu sua mulher, colocando-se em
relação, em comunhão com a mesma, reconhecendo-a co
mo carne de sua carne e osso
de seus ossos, sela a unidade de natureza entre amb
os, que é confirmada por Deus ao
dizer que eles serão uma só carne, isto é, terão um
a unidade de vida.
12
Aqui num contexto mais amplo das origens, fala-se d
o matrimônio, ou seja, a
criatura humana foi criada com uma natureza predisp
osta ao dom de si mesmo, aberta
ao outro. Assim, na bênção divina “sede fecundos, m
ultiplicai-vos, enchei a terra e
submetei-a; dominai ... .”
13
Deus estabelece que deve ser entre ambos, homem e
mulher,
pela complementaridade, não por subordinação, a com
unhão e o auxílio. Deus os coloca
numa condição de interdependência existencial. Pois
na feminilidade da mulher está a
capacidade de gerar o homem, e está justamente aqui
, na maternidade da mulher, o
ponto mais alto do vínculo de confiança e de comunh
ão do homem e da mulher.
c) Desobediência: o homem rompe com Deus.
10
Cf. Gn 2, 15-17
11
Cf. Gn 5, 1-3
12
Cf. Gn 2, 21-24
13
Gn 1, 28
Homem e mulher viviam em perfeita harmonia com Deus
, consigo mesmo, entre
si, com os animais e enfim com toda a natureza. Tod
a essa harmonia do estado original
do homem e da mulher foi rompida pelo ato de desobe
diência a Deus.
Deus havia proibido de comer do fruto do conhecimen
to do bem e do mal, que
estava no centro do jardim. O ser humano ao dialoga
r com o mal, fica alucinado pela
possibilidade de ser igual a Deus, conhecedor do be
m e do mal, isto é, ser o definidor do
bem e do mal, e acaba por desobedecer a ordem de De
us. Esse ato de desobediência
causou desequilíbrio em relação a Deus e a toda sua
obra.
No relacionamento com Deus, quando o homem ouve os
passos de Deus, que
caminhava pelo jardim, ele se esconde, e na primeir
a oportunidade de dialogar com
Deus, ele O acusa: “a mulher que puseste junto de m
im me deu da árvore, e eu comi!”
14
Simultaneamente revela-se o desequilíbrio pessoal e
social, pois surge o medo,
vergonha, fuga da responsabilidade, a submissão de
um ao outro, as dores do parto
multiplicadas, e por fim, até a natureza sofre as m
ais diversas intervenções e poluições a
partir do próprio homem.
15
Com esse fato, homem e mulher, representados por Ad
ão e Eva, provocam um
novo caos, mas Deus promete a restauração dessa har
monia com participação ativa da
humanidade representada agora pela mulher e sua des
cendência, condenando as forças
do mal à falência.
16
Deus preparou ao longo dos séculos um plano de salv
ação bem definido e de
forma pedagógica: revela de qual povo nasceria o Sa
lvador
17
; como seria a Mulher e o
Salvador
18
; onde nasceria o Salvador
19
. As profecias anunciadas ao longo de diversos
séculos se realizam na pessoa de Maria de Nazaré da
Galiléia, desposada com José. Seu
filho é Filho do Altíssimo, nascido em Belém.
20
Deus, ao afirmar a vitória da mulher e sua descendê
ncia sobre a serpente e sua
descendência, revela que seria mediante uma dor, co
ntida na expressão “ferirá o
calcanhar”: o salvador sofreria uma dor terrível ca
usada pelo mal, porém o mal seria
derrotado – “cabeça esmagada” – e a harmonia dos re
lacionamentos restaurada.
21
14
Gn 3,12
15
Cf. Gn 3, 16-19
16
Cf. Gn 3,15
17
Cf. IISm 7,14-16
18
Cf. Is 7,14
19
Cf. Mq 5,1-4a
20
Cf. Lc 1-2
21
Cf. Jo 19-21
Na Pessoa de Jesus, Deus mesmo restabelece a unidad
e no ato da Encarnação-
paixão-morte-ressurreição: unindo-se a nós, e nos u
nindo novamente a Ele. Deus nos dá
nova possibilidade de escolha.
d) Cristo: a verdade sobre o homem
Cristo está no início, meio e fim da caminhada do
homem. Ele é o
caminho. Nós somos chamados a contemplar Cristo, po
is o homem só pode conhecer o
que é imagem de Deus em Cristo, o Verbo encarnado.
O que não era possível no Antigo
Testamento torna-se possível no Novo, uma vez que p
odemos ver em Pessoa a Imagem
de Deus. É Cristo que torna visível ao homem a verd
adeira imagem de Deus. Cristo é a
imagem de Deus por excelência.
22
Cristo é apresentado por São Paulo como o novo Adão
,
23
na Epístola aos
Romanos
24
Adão é a figura daquele que devia vir, pois fomos
criados e predestinados a
sermos filhos de Deus por obra de Cristo
25
, e como seres humanos devemos deixar
revelar em nós a imagem de Cristo.
26
Para tal devemos despojar-nos do velho homem e
revestir-nos do homem novo. Pois Cristo é imagem de
Deus, é modelo no qual o
homem foi criado e continua sendo para toda criação
.
Na economia atual da redenção, pelo fato de não est
ar mais no contexto das
origens, o homem tem um compromisso moral de empenh
ar-se para configurar-se à
verdadeira imagem na qual foi criado.
27
Esse configurar-se não se resume numa forma
externa de se viver, mas sim numa forma enquanto re
veladora de uma “substância”, de
uma “essência”, isto é, somos chamados por dom divi
no a conaturalizar-nos com Cristo
cada vez mais, gradativamente, por meio de uma educ
ação adequada, ao ponto de
atingirmos Sua maturidade e identidade, uma vez que
somos filhos adotivos do Pai, no
Filho pelo Espírito Santo que nos foi dado.
28
Após olhar o homem a partir da bíblia e da reflexão
filosófica ao longo dos diversos
séculos cabe aqui uma visão mais específica do Magi
stério da Igreja a respeito do ser
humano considerado como pessoa. A Igreja pensa semp
re no homem todo e em todos os
homens. Cada um tem valor infinito pelo simples fat
o de ser pessoa: criado a imagem e
semelhança de Deus vive neste mundo portando em si
um princípio de eternidade.
22
Cf. Jo 14, 1-9
23
Cf. 2Cor 4,4; Col 1,15; Hb 1,3
24
Cf. Rm 5,14
25
Cf. Ef 1,4-5
26
Cf. 2Cor 3,18
27
Cf. Rm 8, 29
28
Cf. Ef 1,4
2. Alguns Documentos da Igreja
O Magistério da Igreja procura recuperar, em sua do
utrina social, a noção de
pessoa humana na sociedade pós-moderna devido à deg
radação do valor da mesma,
reafirmando a sua dignidade com deveres e direitos,
que são próprios
do seu agir, isto é,
com inteligência e vontade livre. É o que nos afirm
a o Papa João XXIII:
Em toda convivência humana bem ordenada e proveitos
a há de estabelecer
como fundamento o princípio de que todo homem é pes
soa, isto é, natureza
dotada de inteligência e livre arbítrio e que porta
nto, o homem tem por si
mesmo direitos e deveres, que emanam imediatamente
e ao mesmo tempo de
sua própria natureza. Esses direitos e deveres são
universais – isto é, de todos
– e invioláveis, de tal forma que não podem renunci
ar por nenhum
conceito.
29
Para afirmar a espiritualidade da alma humana, o Ma
gistério busca respostas na
própria razão, observando o exercício de suas facul
dades intelectuais capazes de atos
espirituais, o que levou a Igreja a concluir, media
nte raciocínio lógico, que tais
faculdades só podem residir no co-princípio espirit
ual do homem chamado alma. O
Magistério da Igreja salva o verdadeiro valor da pe
ssoa humana e a eleva até o ponto
mais alto ao afirmar o seu destino eterno, cuja vid
a está ordenada ao seu Criador. A
Igreja ao reconhecer a espiritualidade da alma e, p
ortanto, sua imortalidade, combate
diversas teorias reducionistas, que ameaçam sua dig
nidade, como por exemplo, quando
escreve contra os modernistas, materialistas e comu
nistas:
É conforme a razão e exigência imperativa desta que
em última análise, todas
as coisas da terra estão subordinadas como meios em
relação à pessoa
humana, para que por meio do homem encontrem todas
as coisas sua
referência essencial ao Criador. Ao homem, à pessoa
humana se aplica o que
o Apóstolo das gentes escreve aos Coríntios sobre o
plano divino da salvação
cristã:
Tudo é vosso; vós sois de Cristo, e Cristo é de Deu
s (1Cor 3,22b-23).
Enquanto o comunismo empobrece a pessoa humana, inv
ertendo os termos
da relação entre o homem e a sociedade, a razão e a
revelação, pelo contrário,
a elevam a uma sublime altura.
30
Da imortalidade da alma humana nascem as obrigações
morais do homem, já
que deve direcionar seus atos de acordo com a sua n
atureza ordenada a seu Criador,
quer dizer, pelo fato do homem ser capaz de Deus, d
eve conformar sua vida à lei eterna,
seja em sua vida privada, seja em sua vida pública,
pois só a pessoa possui atributos que
29
JOÃO PP. XXIII,
PT, nº.
8-10.
30
PIO PP. XI,
DR
,
nº. 30.
lhe dão possibilidades de se relacionar em socieda
de, como necessidade essencial para
o seu peno desenvolvimento. O Magistério, sensível
a esta realidade, antecipa a
declaração dos direitos humanos da ONU, em 1948, po
is em 1943 diz:
Apóie quem deseja consolidar a paz, o respeito e a
relação prática dos
seguintes direitos fundamentais da pessoa: o direit
o a manter e desenvolver a
vida corporal, intelectual e moral, e particularmen
te o direito a uma formação
e educação religiosa; o direito ao culto de Deus, p
rivado e público, incluída a
ação caritativa religiosa; o direito, em princípio,
ao matrimônio e a
consecução de seu próprio fim, o direito à sociedad
e conjugal e doméstica; o
direito de trabalhar como meio indispensável para a
manutenção da vida
familiar; o direito à livre escolha do estado; por
conseguinte, também do
estado sacerdotal e religioso; o direito ao uso dos
bens materiais consciente
de seus deveres e das limitações sociais.
31
O Concílio Vaticano II ilustra e ressalta a dignida
de da pessoa humana em
muitos de seus documentos, e em especial a
Gaudium et spes
diz:
Todo homem tem direito ao trabalho, à possibilidade
de desenvolver suas
qualidades e personalidade no exercício de sua prof
issão, a uma remuneração
eqüitativa que lhe permita a ele e a sua família le
var uma vida digna no plano
material, cultural e espiritual
.
32
O Papa Paulo VI ensina na mesma linha que:
O homem, ser social, constrói seu destino através d
e uma série de associações
particulares que exigem para seu aperfeiçoamento e
como condição
necessária para seu desenvolvimento uma sociedade m
ais ampla, de caráter
universal, a sociedade política. Nesta sociedade am
pliada devem colocar-se
toda atividade particular e pelo mesmo adquire esta
a dimensão do bem
comum.
33
Por fim cabe aqui mencionar um dos maiores humanist
as cristãos de nossos
tempos, pois encontramos debaixo de seus escritos,
encíclicas, homilias e discursos, e
também em seus pronunciamentos orais, a defesa do h
omem em sua integridade,
espiritual e corporal, dotados de direitos e devere
s inalienáveis, e possuidor de uma
cultura que deveria estar sempre integrada com a Ig
reja, onde o homem encontra a razão
plena de sua dignidade: João Paulo II, o papa:
Em Cristo e por Cristo, Deus se revelou plenamente
à humanidade e se
aproximou definitivamente dela, e ao mesmo tempo, e
m Cristo e por Cristo o
homem conseguiu plena consciência de sua dignidade,
de sua elevação, do
valor transcendente da própria humanidade e do sent
ido de sua existência.
31
AAS 35 (1943) 19.
32
CONCÍLIO VATICANO II,
GS
, nº. 67; Cf. Idem,
LG
, nº. 8.
33
PAULO PP. VI,
OA,
nº. 24.
...