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A ESTRATÉGIA PRODUÇÃO MAIS LIMPA COMO RECURSO PARA AUMENTO DA COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

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Por:   •  10/3/2015  •  6.469 Palavras (26 Páginas)  •  550 Visualizações

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A ESTRATÉGIA PRODUÇÃO MAIS LIMPA COMO RECURSO PARA AUMENTO DA COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

THE CLANER PRODUCTION STRATEGY AS A RESOURCE FOR INCREASING CORPORATE COMPETITIVENESS

Claudio Luiz Eckhard, Keli Hepp, Diego Eckhard, Odorico Konrad

RESUMO

A ampliação da responsabilidade corporativa, antes limitada a sua dimensão econômica, com a inclusão de uma agenda de compromissos socioambientais traz consigo um desafio. O desafio a ela inerente é o de viabilizar a ação socioambiental sem que ela venha em prejuízo de, ou que venha a contribuir com, o desempenho econômico da empresa. A estratégia denominada Produção Mais Limpa patrocinada pelas agências UNEP e UNIDO foi desenvolvida com esse fim. Por propor um método destinado a promover tanto benefícios econômicos como ambientais e sociais, essa estratégia constitui um interessante recurso para aumento da competitividade e da sustentabilidade empresarial. A aplicação do método por ela proposto em uma empresa industrial de grande porte descrita nesse artigo confirmou tais atributos.

PALAVRAS-CHAVE: Produção Mais Limpa, sustentabilidade corporativa, responsabilidade socioambiental, gestão ambiental, competitividade empresarial.

INTRODUÇÃO

A inclusão de compromissos de natureza socioambiental na agenda empresarial, seja movida pela tomada de consciência de seus dirigentes (social responsiveness) (CARROLL, BUCHHOLTZ, 2003, p. 45-47) em função de oportunidades mercadológicas potenciais, por imposição legal ou para a obtenção de vantagens operacionais (GUIMARÃES, 1984, p. 217; PORTER; LINDE, 1995, p. 120-134, TREVISAN, 2002, p. 1-12), vem se expandindo significativamente. Algumas provas dessa expansão são os esforços de sustentabilidade feitos por grandes empresas (SCHMIDHEINY, 1992, p. 187-335), a prática de alguma forma de responsabilidade social realizada por cerca de 600.000 empresas brasileiras (IPEA, 2006, p. 11) e a adesão de mais de 90.000 empresas ao redor do mundo às normas ambientais da família ISO 14000 (BOIRAL, 2006, p. 67)

A sustentabilidade corporativa é definida como a capacidade de uma empresa atender as necessidades das partes interessadas em sua atividade – os assim denominados stakeholders, o que inclui acionistas, empregados, clientes, órgãos governamentais e comunidade, entre outros – sem comprometer o atendimento das necessidades futuras desses mesmos grupos de interesse (DYLLICK; HOCKERTS, 2002, p. 131).

Segundo Elkington (2004, p. 1-2), que cunhou a expressão triple bottom line (tripé da sustentabilidade) também conhecida pelo conjunto das palavras inglesas profit (lucro), people (pessoas) e planet (planeta), empresa sustentável é aquela que concilia esforços para ser economicamente viável e social e ambientalmente responsável.

As três dimensões da sustentabilidade corporativa – viabilidade econômica, responsabilidade social e responsabilidade ambiental (VAN MARREWIJK, 203, p. 103) – podem ser assim representadas (Figura 1):

Figura 1– Dimensões da sustentabilidade corporativa

Fonte: Adaptado pelo autor com base em Van Marrewijk (2003, p. 103), (tradução livre).

Para Elkington (2004, p. 3), a ampliação da responsabilidade corporativa com a inclusão do compromisso socioambiental teve sua origem em algumas importantes mudanças de paradigma no ambiente corporativo ocorridas no século XX. Tais mudanças, por ele rotuladas de sete revoluções culturais globais, quais sejam, do mercado, dos valores, da transparência, do ciclo de vida da tecnologia, das relações de parceria, do tempo de resposta e da governança corporativa, como explicita o Quadro 1, vem pressionando as empresas a modificarem sua postura frente a sociedade que as hospeda.

Quadro 1 – Tipos de revolução cultural global

Tipo Velho paradigma Novo paradigma

Mercado Acomodação Competição

Valores Arbitrariedade Negociação

Transparência Ambiente fechado Ambiente aberto

Ciclo de vida da tecnologia Centrado no produto Centrado na função

Relações de parceria Animosidade Integração

Tempo de resposta Pressão pelo curto prazo Pressão para o longo prazo

Governança corporativa Exclusivista Inclusivista

Fonte: Adaptado pelo autor com base em Elkington (2004, p.3), (tradução livre).

Uma parte dessa mudança de postura vem sendo feita através de medidas de comando e controle (BARBIERI, 2007, p. 72-75; FERRELL, FRAEDRICH, FERRELL, 2001, p. 69-78), isto é, em resposta a dispositivos legais que proíbem, regulam e incentivam medidas socioambientais. Outra acontece pela atuação de organismos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (LUKEN, NAVRATIL, 2004, p. 195-205) e o Banco Mundial (IBRD, 1999, p. 3-10) e de associações de classe como o World Business Council for Sustainable Development (NASCIMENTO, LEMOS, MELLO, 2008, p. 17) e a Associação Brasileira da Indústria Química (BARBIERI, 2007, p. 130). Ainda outra parte decorre da ação de organizações não governamentais independentes como o Greenpeace (GREENPEACE, 2013, p. 1-4) e o Instituto Ethos (NASCIMENTO, LEMOS, MELLO, 2008, p. 211-213) ou através de entidades de cunho religioso como a Caritas Internacional (SINGER, 2002, p. 81-129).

Contudo, em se tratando de iniciativas empresariais, para que essa extensão de responsabilidade além de voluntária seja generalizada, é necessário vencer um desafio que se apresenta. O desafio é o de viabilizar a execução das ações socioambientais de forma que não venham em prejuízo ou que venham a contribuir com o desempenho econômico da organização. (SCHMIDHEINY, 1992, p. 9; PORTER, LINDE, 1995, p. 120-134; SILVEIRA, YOSHINAGA, BORBA, 2005, p. 33-42; NORTH, 1997, p. 30-33; SEBRAE/CEBDS, 2009, p. 5).

A estratégia denominada Produção Mais Limpa (P+L) patrocinada pelas agências United Nations Environmental Programme e United Nations Industrial Development Organization (BARBIERI, 2007, p. 134), ambas agências da ONU, mais conhecidas pelos acrônimos UNEP e UNIDO, foram desenvolvidas com esse fim. Por propor um método destinado a promover tanto benefícios econômicos como ambientais e sociais (LINDHQVIST, 2000, p. 18; UNIDO, 2002, p. 11 e 18) essa estratégia constitui um instrumento adequado para aumentar a competitividade da empresa e vencer resistências a práticas socioambientalmente responsáveis.

Este artigo descreve a aplicação do método de Produção Mais Limpa como parte de uma pesquisa acadêmica levada a efeito em uma indústria de balas e derivados cuja identificação não será fornecida por razões de sigilo industrial. A empresa possui cerca de 520 colaboradores diretos - portanto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012, p. 40), de grande porte - um portfólio de 150 produtos, uma produção de 1.500 toneladas mensais e é líder de mercado em dos produtos que fabrica.

Para melhor compreensão desse estudo serão descritos sua fundamentação teórica, os procedimentos metodológicos empregados, as facilidades e dificuldades encontradas e os resultados por ela obtidos. Por fim serão apresentadas as conclusões a que se chegou.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Produção Mais Limpa, de acordo com a Division of Technology, Industry and Environment da UNEP, é uma estratégia preventiva, contínua e integrada aplicada a processos, produtos e serviços destinada a obter benefícios econômicos, ambientais e de saúde ocupacional para as empresas (UNEP, 1991, p. 1; SENAI-RS, 2003, p. 7).

Para atingir tais objetivos a Produção Mais Limpa se propõe a promover, individual e sinergisticamente ao uso eficiente de recursos (Figura 2): (a) a eficiência da produção através da otimização do uso dos recursos naturais (materiais, energia e água) (b) o gerenciamento ambiental com a minimização do impacto ambiental através da redução do desperdício e emissões; e (c) o desenvolvimento humano via diminuição dos riscos para as pessoas e para as comunidades e apoiando o seu desenvolvimento (UNIDO, 2013, p. 1).

Figura 2 – Abrangência da Produção Mais Limpa

Fonte: UNIDO (2013, p. 1) (tradução livre).

Existem outros instrumentos com semelhantes objetivos. De acordo com Barbieri (2007, p. 129-158), os principais sistemas e métodos utilizados para gestão ambiental são o Sistema de Gestão e Auditoria Ambiental da International Chamber of Commerce, o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria do Conselho da Comunidade Econômica Europeia, o Sistema ISO da International Organization for Standardization, o Programa de Atuação Responsável da Canadian Chemical Producers Association, a Administração da Qualidade Ambiental Total da Global Environmental Management Initiative, a Produção Mais Limpa da UNEP/UNIDO, o Programa de Ecoeficiência do World Business Council for Sustainable Development e o Projeto para o Meio Ambiente da American Eletronic Association (Quadro 2).

Quadro 2 - Sistemas e métodos de gestão ambiental

Denominação Entidade Patrocinadora

Sistema de Gestão e Auditoria Ambiental

Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria

Sistema ISO

Programa de Atuação responsável

Administração da Qualidade Ambiental Total

Produção Mais Limpa

Programa de Ecoeficiência

Projeto para o Meio Ambiente International Chamber of Commerce

Conselho da Comunidade Econômica Europeia

International Organization for Standardization

Canadian Chemical Producers Association

Global Environmental Management Initiative

UNEP/UNIDO

World Business Council for Sustainable Development

American Electronics Association

Fonte: Barbieri (2007, p. 129-158).

A despeito disso, a Produção Mais Limpa é o único desses instrumentos que se propõe, declaradamente, a obter tanto benefícios ambientais como econômicos e sociais (BARBIERI, 2007, 129-158). Mesmo o Programa de Ecoeficiência, que é visto como o outro lado da mesma moeda que estampa a Produção Mais Limpa (VAN BERKEL, 2006, p. 67-92) pelo fato de utilizar os mesmos recursos operacionais porém com ênfase no aumento do valor agregado e na geração de lucro, não assume o propósito de gerar benefícios sociais, ainda que de menor magnitude (LENHI, 2000, p. 4).

O objetivo acadêmico dessa pesquisa foi investigar se os benefícios econômicos, ambientais e sociais obtidos com a aplicação da estratégia Produção Mais Limpa justificam sua utilização. Para executá-la a escolha recaiu em um método exploratório e qualitativo envolvendo o estudo de um só caso (em lugar de múltiplos) de forma a aumentar o conhecimento e a compreensão do objeto pesquisado e confirmar, desafiar ou ampliar a teoria proposta. De natureza exploratória porque teve o objetivo de torna-lo mais explícito e, se fosse o caso, possibilitar a elaboração de novas hipóteses. E qualitativo por buscar identificar os atributos dos fenômenos envolvidos – ideias, coisas ou pessoas – sem ter a preocupação com estatísticas, inferências ou extrapolações (GIL, 2011, p. 27 e 37, YIN, 2010, p. 24, 39 e 71; COOPER; SCHINDLER, 2003, p. 131-132; GODOY, 1995, p. 20-29).

Os procedimentos metodológicos específicos utilizados foram baseados na rotina de implementação difundida pelas agências UNEP e UNIDO (UNIDO, 2012, p. 2-3) e pelo Centro Nacional de Tecnologias Limas/Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – CNTL/SENAI (SENAI-RS, 2003, p. 16-31).

Já a opção pela empresa pesquisada deveu-se a três de suas características: porte, competência operacional e interesse pela proposta de pesquisa. E a área de aplicação escolhida – produção da bala de goma – o foi em consequência de preferência manifestada pela empresa.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS APLICADOS

A pesquisa aconteceu em um período aproximado de seis meses – março a agosto de 2013 – nas instalações da empresa e em estreita colaboração com a equipe designada para esse fim.

Em função das condições operacionais e da proposta aprovada, o método recomendado pelo CNTL/SENAI teve que sofrer algumas adaptações, resultando no seguinte plano de trabalho (Quadro 3):

a. Etapa pré-pesquisa, de responsabilidade dos coordenadores junto à empresa e do pesquisador: definição da abrangência do programa, definição da equipe de trabalho (ecotime), identificação de barreiras à implementação e das formas de superá-las, comprometimento dos diferentes níveis de colaboradores e montagem do plano de trabalho;

b. Etapa de pesquisa propriamente dita, de responsabilidade da equipe de P+L: treinamento dos operadores, especificação dos procedimentos operacionais incluindo equipamentos, fluxos, materiais e energia, apontamento e coleta de dados de uso e consumo, estabelecimentos dos indicadores de desempenho, identificação dos pontos e causas das perdas ocorridas, análise da situação existente, proposição de medidas corretivas, implementação das melhorias aprovadas e avaliação dos resultados alcançados;

c. Etapa pós-pesquisa, de responsabilidade da supervisora de meio ambiente e do pesquisador: complementação dos dados obtidos, elaboração de sugestões para continuidade do programa e montagem e apresentação do relatório final.

Quadro 3: Etapas de desenvolvimento da pesquisa

Etapa Tarefas Responsáveis

Pré-pesquisa • definição da abrangência do programa • coordenadores

• definição da equipe de trabalho do programa e

• identificação de barreiras à P+L pesquisador

• comprometimento dos colaboradores

• elaboração de um plano de trabalho

Pesquisa • treinamento dos operadores • equipe de P+L

propriamente • especificação dos procedimentos (ecotime)

dita • apontamento e coleta de dados

• estabelecimento dos indicadores

• identificação das causas das perdas

• analise da situação existente

• proposição de medidas corretivas

• implementação das melhorias aprovadas

• avaliação dos resultados alcançados

Pós-pesquisa • complementação dos dados obtidos • supervisora de

• elaboração de sugestões meio ambiente

• montagem e apresentação do relatório final e pesquisador

Fonte: elaborado pelo autor

Na etapa de pré-pesquisa, após algumas reuniões do pesquisador com os coordenadores da pesquisa junto à empresa, a abrangência do programa ficou assim definida:

- a aplicação da Produção Mais Limpa seria uma experiência isolada;

- a unidade de análise selecionada foi o processo de moldagem e secagem da bala de goma;

- o objeto de pesquisa escolhido foi o consumo de amido para formatar o que incluía o resíduo por ele gerado;

- seriam utilizados os dados de produção e perdas já existentes acrescidos de dados a serem coletados especificamente para esse fim;

- a coleta de dados e a discussão de melhorias se estenderia por três meses podendo, após esse período, ser complementadas por consultas individuais e levantamentos que se fizessem necessárias;

- o programa contaria com a participação das equipes dos três turnos do setor de produção da bala de goma.

Quanto à equipe participante (ecotime) ficou estabelecido que seria composta por 2 gerentes de produção, 3 supervisores do setor de bala de goma, 1 supervisor de manutenção, 1 gerente de manutenção, 1 coordenador da qualidade, 1 supervisora de meio ambiente (estes dois últimos coordenadores do programa) e o pesquisador.

Não existiram barreiras para a realização da pesquisa somente algumas dificuldades. A primeira delas foi a definição da área de atividade que tomou mais tempo que o previsto em razão das muitas alternativas existentes. E a segunda foi conseguir que o maior número possível de integrantes da equipe de P+L participasse das reuniões programadas. Essa última deveu-se às escalas de horário da empresa e aos compromissos emergenciais que impediam a presença dos participantes.

Em contrapartida houve uma relativa facilidade na condução dos trabalhos. Essa facilidade foi atribuída a (1) interesse pelos resultados da pesquisa manifesto pela direção da empresa; (2) ambiente de trabalho adequado; (3) competência da equipe participante; e (4) suficiência dos recursos disponíveis (tempo, materiais, profissionais e tecnologia).

De outra parte, a intervenção destinada a comprometer a equipe de colaboradores com os propósitos da pesquisa teve seu início em uma reunião dos gerentes e chefias da fábrica com a exposição dos propósitos da P+L e a comunicação do interesse da direção da empresa pelos resultados do trabalho. E foi completada com o treinamento dos operadores do Setor de Produção de Bala de Goma.

Como havia sido previsto, a pesquisa propriamente dita foi feita em três meses. Nesse, período foram coletados os dados necessários, especificados os processos, elaborado o balanço de massa e energia, investigadas as origens das perdas que vinham ocorrendo e realizadas treze reuniões da equipe de P+L. Nas reuniões discutiu-se as medidas a serem implementadas e os resultados alcançados. Concomitantemente às reuniões, o pessoal de produção e de manutenção procediam os testes e a implementação das medidas aprovadas.

O processo de moldagem e secagem da bala de goma foi identificado como um processo em série, parcialmente linear (moldagem e secagem da bala) e parcialmente circular (retroalimentação de bandejas e de amido), operando da seguinte forma:

1. O equipamento de moldagem é abastecido com bandejas de moldagem, amido para formatar e goma líquida aquecida;

2. Uma vez abastecido e em funcionamento, o equipamento molda o amido nas bandejas deixando múltiplas cavidades onde pinga a goma aquecida;

3. Essas bandejas com a bala moldada são deslocadas em cima de trilhos por um mecanismo de tração seguindo um passo pré-programado até o pulverizador (aplicador) de amido;

4. Tendo sido pulverizada com uma fina camada de amido, a bandeja é deslocada e empilhada automaticamente em paletes existentes no fim do equipamento de moldagem por um dispositivo denominado elevador de saída;

5. Esses paletes com bandejas são deslocados manualmente até uma estufa onde a bala é secada;

6. Após a secagem, os paletes são conduzidos manualmente até o elevador de entrada do equipamento de moldagem que retira as bandejas dos paletes de forma automática e as encaixa nos trilhos do equipamento para serem esvaziadas pelo tombador de bandejas;

7. Depois de esvaziadas, o equipamento desloca as bandejas até o repositor de amido para receberem nova carga de amido;

8. Com a utilização de uma esteira seletora e de um peneirador, a carga das bandejas que foi tombada é separada em amido para ser reaproveitado, resíduo de goma e bala seca;

9. Em um processo contínuo utilizando uma esteira transportadora e um exaustor de disco, a maior parte do amido envolvendo a bala é aspirado e a bala seca é conduzida até setor de açucaramento (drageamento);

10. Novamente abastecidas de amido nivelado e moldado, as bandejas seguem pelo interior da máquina até o pingador (hopper) para receberem nova dose de goma;

11. Nesse processo parte do amido para formatar se precipita entrando em contato com áreas não higiênicas, o que leva ao seu descarte;

12. Uma vez contaminado e descartado, o amido em forma de efluente é escoado até a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e o amido sólido é recolhido e transportado em sacos plásticos até a Central de Armazenamento de Resíduos (CAR);

13. Na ETE e CAR os resíduos são tratados e destinados.

Por sua vez, o período final da pesquisa foi utilizado para uma avaliação geral do trabalho, complementação dos dados, elaboração de sugestões para a continuação do programa e montagem e apresentação do relatório final.

RESULTADOS OBTIDOS

O propósito principal da empresa ao endossar a pesquisa era reduzir o consumo de amido para formatar e a quantidade de resíduos gerados pelo processo de moldagem e secagem da bala de goma.

A aplicação de método Produção mais Limpa, contudo, como visto a seguir, ampliou essa proposta ao proporcionar benefícios tanto de ordem econômica e ambiental como de ordem informacional e social.

BENEFÍCIO INFORMACIONAL

O benefício informacional ou cognitivo alcançado pela P+L envolveu as causas da perda de amido e as melhorias passíveis de serem implementadas.

Dentre as causas da perda de amido localizadas pela pesquisa figuram:

- deficiência na operação do equipamento de moldagem;

- imperícia no deslocamento dos paletes para e das estufas;

- falhas do equipamento de moldagem por desregulagem, desgaste ou má conservação;

- desativação de dispositivos do equipamento original (sopro e freio interno das bandejas);

- deficiência na manutenção do equipamento de moldagem e periféricos;

- inadequação dos recipientes de captação do amido precipitado;

- tamanho dos lotes de produção;

- insuficiência dos equipamentos de exaustão;

- falhas na limpeza do equipamento e recolhimento do amido precipitado;

- desalinhamento e quebra de bandejas;

- problemas no sistema de aquecimento (vapor) das estufas;

- deficiência de comunicação entre membros da equipe.

A pesquisa também identificou que todas essas causas poderiam ser eliminadas ou reduzidas a um mínimo aceitável. Mesmo o tamanho dos lotes de produção que, em princípio, depende de uma demanda por diferentes especificações do produto (tipo, formato, cor e sabor) que estariam fora do controle da empresa, pode ser equacionado com o uso de previsões e cotas de venda, otimização da programação da produção, estoques reguladores e melhorias no setup do equipamento.

Em prosseguimento, da análise dessas causas surgiram as seguintes recomendações de melhorias (Quadro 4):

- treinamento dos operadores dos três turnos: aprovada, executada, deve ser repetida;

- reativação do sistema interno de sopro das bandejas: aprovada, executada;

- regulagem do aplicador de amido: aprovada, executada, deve ser repetida;

- limpeza dos dutos de aspiração e substituição dos respectivos filtros: aprovada, executada, deve ser repetida;

- reativação do sistema de freio interno das bandejas: aprovada, pendente de execução;

- instalação de um segundo disco de exaustão na saída para o açucaramento (drageamento): aprovada, pendente de execução;

- alteração das escovas das laterais das bandejas no interior do equipamento: aprovada, pendente de execução;

- modificação do sistema de coleta de amido junto ao exaustor de disco na saída para o açucaramento: aprovada, pendente de execução;

Quadro 4: Medidas recomendados pela P+L

Medida Aprovação Execução Ocorrência

1. Treinamento dos operadores OK sim regular

2. Reativação do sistema interno de sopro OK sim única

3. Regulagem do aplicador de amido OK sim regular

4. Manutenção dos dutos e filtros de aspiração OK sim regular

5. Reativação do sistema interno de freio das bandejas OK não única

6. Instalação do 2º disco de exaustão OK não única

7. Alteração das escovas internas das bandejas OK não única

8. Melhoria da coleta de amido junto ao exaustor de disco OK não única

9. Substituição de válvulas e redutores das estufas OK não única

10. Implantação de check-list de inspeção OK não única

11. Redução da exposição do amido ao ambiente aberto pendente não regular

12. Proibição de acesso sem equipamento de proteção pendente não única

13. Uso de aspiradores de fluxo reversível pendente não regular

14. Alteração do sistema de injeção da goma pendente não única

15. Modificação da coleta de amido sob o equipamento pendente não única

16. Melhoria do sistema de escovação após aplicador pendente não única

Fonte: elaborado pelo autor

- substituição das válvulas e redutores de vapor das estufas antigas: aprovada, pendente de execução;

- implantação de check-list de inspeção dos pontos críticos: aprovada, pendente de execução;

- redução da exposição do amido reaproveitado ao ambiente aberto: pendente de aprovação;

- proibição do acesso ao interior do equipamento de moldagem sem dispositivo de proteção sanitária: pendente de aprovação;

- uso de aspiradores de fluxo reversível para recolhimento do amido e limpeza do equipamento: pendente de aprovação;

- alteração do sistema de injeção para a reduzir a quantidade de fios de goma que aderem às laterais das bandejas: pendente de aprovação;

- modificação do sistema de coleta do amido que se deposita embaixo do equipamento principal: pendente de aprovação;

- melhoria do sistema de escovação das laterais das bandejas após aplicador de amido: pendente de aprovação.

Como consta, poucas das medidas aprovadas foram imediatamente implementadas. Essa postergação deu-se em razão de restrições encontradas, tais como a ausência de um fornecedor confiável ou indisponibilidade da equipe de manutenção. Por outro lado, a falta de consenso entre os membros da equipe de P+L originou algumas medidas pendentes de aprovação que poderão ser ainda aprovadas e implementadas. Mesmo assim, as melhorias já implementadas produziram benefícios significativos, como se pode concluir pelos resultados apresentados.

BENEFÍCIO ECONÕMICO

O benefício econômico da P+L foi resultado da redução de três tipos de custo: o custo do material consumido (amido virgem), o custo do tratamento do afluente gerado (amido escoado) e o custo da destinação do resíduo sólido (amido descartado).

Para determinar a redução de custo do material consumido foi necessário calcular a quantidade de amido para formatar perdido antes e após as melhorias implementadas e, depois, valorizá-la a custos correntes.

A Tabela 1 apresenta o resultado desse cálculo dividido em quatro conjuntos de dados (quantidade de goma e bala produzida, quantidade de amido consumido, custo do amido consumido e redução do custo mensal no 2º trimestre) por sua vez divididos em dois blocos cronológicos (primeiro e segundo trimestre de 2013).

Para determinar a quantidade de amido efetivamente consumido (item 2) levou-se em conta, além do amido para formatar requisitado junto ao almoxarifado da empresa, a quantidade média de amido utilizado em cada bandeja, a quantidade de bandejas em operação e a quantidade de amido que permanece aderido à bala que segue para o drageamento.

O custo médio do amido consumido informado no item 3 foi apurado com base no custo médio ponderado do amido requisitado. Já a redução do custo do amido no segundo trimestre foi determinado pela diferença entre o custo total do amido consumido no primeiro trimestre de 2013 e o mesmo custo no segundo.

Tal como exposto nos itens 2 e 4 da Tabela 1, a redução no consumo de amido virgem foi de 0,40% da quantidade de bala de goma produzida (0,85% no 1º trimestre para 0,45% no 2º trimestre) representando uma economia de R$1.962,10 mensais.

Diferentemente, para apuração da redução no custo de tratamento do afluente líquido (amido escoado para a ETE decorrente do processo de higienização e limpeza do setor de moldagem e secagem da bala de goma) foi utilizada a fórmula:

Δ CMTAL = [ (Σ kg amido 1º trim – Σ kg amido 2º trim) . ρ amido ] . (Σ C materiais 2º trim + Σ C gastos gerais 2º trim) / Σ kg mat seca 2º trim / nº meses trim

Onde:

Δ CMTAL = redução no custo mensal de tratamento dos afluentes líquidos

Σ kg amido 1º trim = somatório dos quilogramas de amido contidos nos afluentes tratados no 1º trimestre de 2013

Σ kg amido 2º trim = somatório dos quilogramas de amido contidos nos afluentes tratados no 2º trimestre de 2013

ρ amido = densidade (g/cm3) do amido para formatar

Σ C materiais 2º trim = somatório dos custos com materiais utilizados no tratamento de afluentes no 2º trimestre de 2013

Σ C gastos gerais 2º trim = somatório dos custos com gastos gerais, exceto depreciação, no tratamento de afluentes no 2º trimestre de 2013

Σ kg mat sêca 2º trim = quilogramas de matéria seca nos afluentes tratados no 2º trimestre de 2013

nº meses trim = número de meses no trimestre

Ou seja:

Δ CMTAL = [ (9.379,5 kg – 5.521,2 kg) . 0,56 ] . (R$22.804,51 + R$14.410,23) / 25.090,0 kg / 3 = R$ 1.068,26 / mês

Como se pode observar, essa forma de cálculo considera como custo do tratamento de afluentes somente o gasto com materiais e os gastos gerais (sem depreciação) da ETE. Não levando em conta, portanto, por se tratarem de custos fixos, o gasto com mão de obra e a depreciação dos bens imobilizados. Com base nesse critério a economia mensal no tratamento dos afluentes líquidos no período considerado foi de R$1.068,26 mensais.

Em seu lugar o custo de destinação do resíduo sólido (amido contaminado descartado no processo de moldagem e secagem da bala de goma) foi calculado através da fórmula:

Δ CMDRS = (Σ kg amido 1º trim – Σ kg amido 2º trim) . [(Δ C gastos gerais mai + Δ C gastos gerais jun) / Δ resíduos abr] / nº meses trim

Onde:

Δ CMDRS = redução no custo mensal de destinação do resíduo sólido

Σ kg amido 1º trim = somatório dos quilogramas de amido sólido descartado no 1º trimestre de 2013

Σ kg amido 2º trim = somatório dos quilogramas de amido sólido descartado no 2º trimestre de 2013

Δ C gastos gerais mai = acréscimo nos custos com gastos gerais em maio de 2013 para destinação do resíduo extra de abril de 2013

Δ C gastos gerais jun = acréscimo nos custos com gastos gerais em junho de 2013 para destinação do resíduo extra de abril de 2013

Δ resíduos abr = acréscimo de resíduos descartados no mês de abril de 2013

nº meses trim = número de meses no trimestre

Ou seja:

Δ CMDRS = (8.493,3 kg – 5.100,8 kg) . (R$3.578,88 + R$3.541,84) / 20.528,0 kg / 3 = R$ 392,26 / mês

Esse resultado aponta para uma economia mensal de R$392,26 ou, em outras palavras, se a quantidade de resíduo sólido enviado a CAR permanecesse igual a do 1º trimestre de 2013, esse centro de custo seria acrescidos, a cada mês, desse valor.

As vantagens obtidas por essas três economias – R$1.962,10/mês no consumo de amido virgem, R$1.068,26/mês no tratamento do amido contido nos afluentes e R$392,26/mês na destinação do amido sólido – atingiram o montante mensal de R$3.422,62.

BENEFÍCIO AMBIENTAL

Como ponto de partida para determinação dos benefícios ambientais obtidos com a aplicação da Produção Mais Limpa, foi utilizado o balanço de massa e energia e os indicadores de desempenho do período de abril a junho de 2013 do processo pesquisado (Quadro 4).

Dos benefícios ambientais passíveis de serem alcançados – redução no uso de recursos naturais, redução do consumo de materiais e energia e redução da quantidade e toxicidade dos resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas – essa pesquisa esteve voltada para a redução do consumo do amido para formatar e suas implicações no consumo de outros recursos. Mesmo assim o balanço de massa e energia faz constar as demais entradas e saídas de insumos e outros indicadores de desempenho de forma a dar uma visão geral do desempenho ambiental do setor.

Pela insignificância da emissão de gases atmosféricos no processo analisado (exemplo disso foram os poluentes gerados na combustão de gás liquefeito de petróleo pela empilhadeira da CAR), essa variável não fez parte da análise.

A relação entre a entrada e a saída de insumos e os indicadores de desempenho ambiental que o Quadro 4 expõe é a seguinte:

a. A entrada da massa de goma originou a saída de bala de goma seca com 89,3% de eficiência. A diferença existente entre a entrada e a respectiva saída é decorrente da perda de umidade ocorrida no processo de secagem da bala;

b. A entrada de amido para formatar gerou a saída de amido em processo (em uso pelas bandejas), de amido aderido à bala seca, de resíduo de amido escoado para a ETE e de resíduo de amido encaminhada a CAR. A soma dos três últimos itens representa o consumo de amido que, nesses três meses, alcançou 0,45% da produção de bala;

c. A entrada de água para limpeza e higienização (informação não disponível) somada ao amido escoado para a ETE deveria compor a saída de efluentes da moldagem e secagem da goma (informação também não disponível);

d. As entradas de energia elétrica e de energia térmica na forma de vapor geraram movimento e calor que foram inteiramente consumidos no processo de produção. O consumo de energia elétrica foi de 1,87 kWh por tonelada de bala produzida e o de vapor é desconhecido;

e. A entrada de bandejas de polímero deu origem as saídas de bandejas em uso e de bandejas danificadas. A inexistência da informação “bandeja danificada” impediu o cálculo desse indicador de desempenho.

Tais dados adicionados dos dados do trimestre imediatamente anterior permitiram o cálculo do benefício ambiental da aplicação da PmaisL na moldagem e secagem da goma utilizando-se a fórmula:

Δ amido mês = (Σ amido 1º trim – Σ amido 2º trim) / nº meses trim

Onde:

Δ amido mês = redução mensal do consumo de amido para formatar

Σ amido 1º trim = somatório do amido consumido no 1º trimestre de 2013

Σ amido 2º trim = somatório do amido consumido no 2º trimestre de 2013

nº meses trim = número de meses no trimestre

Ou seja:

Δ amido mês = (18.936 – 11.892) / 3 = 2.348 kg

O que significa que um dos benefícios ambientais da aplicação da P+L no trimestre considerado foi a redução de 2.348 kg mensais no consumo de amido para formatar.

Além desse, houve também o benefício obtido no tratamento dos afluentes líquidos (representado pela redução no consumo de soda cáustica necessária para neutralizar sua carga orgânica) e o benefício na destinação de resíduo sólido (representado pela redução da necessidade de transporte e compostagem do amido descartado).

O benefício no tratamento dos afluentes líquidos foi determinado através da fórmula:

Δ soda mês = (Σ amido ETE 1º trim – Σ amido ETE 2º trim) / nº meses trim . ρ amido . Σ soda trim / Σ CO trim

Onde:

Δ soda mês = redução do consumo mensal de soda cáustica (sol. 50%p NaOH)

Σ amido ETE 1º trim = somatório do amido escoado para a ETE no 1º trimestre de 2013

Σ amido ETE 2º trim = somatório do amido escoado para a ETE no 2º trimestre de 2013

nº meses trim = número de meses no trimestre

ρ amido = densidade (g/cm3) do amido para formatar

Σ soda trim = somatório da soda cáustica (sol. 50%p NaOH) consumida no trimestre

Σ CO trim = somatório da carga orgânica determinado por sua demanda química de oxigênio (FEPAM-RS, 2013, p. 1) contida nos afluentes da ETE no mesmo trimestre.

Ou seja:

Δ soda mês = (9.379,5 kg – 5.521,2 kg) / 3 . 0,56 . 15.003 kg / 26.235 kg = 411,9 kg

Portanto, o benefício ambiental decorrente da redução da carga de amido escoado para a ETE no período considerado foi de 411,9 kg/mês da solução de hidróxido de sódio com 50% de concentração.

Já o benefício na destinação de resíduo sólido foi a redução de 1.130,8 kg/mês de material orgânico (amido descartado) que, em caso contrário, seria destinado à compostagem (Tabela 1).

Os demais componentes do processo de destinação dos resíduos sólidos não tiveram relação com o material orgânico gerado. Por esse motivo não foram afetados pela redução da quantidade de amido descartado.

BENEFÍCIO SOCIAL

Como benefícios sociais decorrentes da aplicação das medidas recomendadas pelo programa de PmaisL podemos incluir:

1. Para o público consumidor: melhoria da qualidade do produto final

A implementação de procedimentos que impeçam ou reduzam a possibilidade de contaminação física, química ou biológica do amido para formatar (eliminação do vazamento nas estufas, redução da exposição do amido ao meio ambiente e cuidados extras na operação e manutenção do equipamento de moldagem) tendem a aumentar a qualidade do produto ingerido pelo consumidor final.

2. Para a comunidade regional: menos poluição

A redução na geração de resíduos resulta, probabilisticamente, em melhor qualidade de vida para a população local. Exemplo: pela menor possibilidade de contaminação dos lençóis freáticos.

3. Para a equipe de colaboradores: melhoria das condições de trabalho

Menor precipitação de amido para formatar e melhorias no sistema de aspiração significam: (a) melhor qualidade do ar no ambiente de trabalho (menor grau de insalubridade) em razão da volatilidade do amido em processo; (b) menor possibilidade de acidentes (menor grau de periculosidade) decorrentes do pó de amido depositado nas escadas de acesso ao equipamento, nos corredores de deslocamento e no piso das estufas; e (c) menor incidência de problemas de origem ergonômica em razão da menor quantidade de amido a ser retirado de locais de difícil acesso (exemplo: embaixo do equipamento de moldagem).

CONCLUSÃO

A aplicação do método Produção Mais Limpa na empresa pesquisada foi feita com dois enfoques distintos: o acadêmico, destinado a investigar se seus benefícios justificavam sua utilização e o empresarial, voltado para a redução do consumo de amido e dos resíduos por ele gerado.

Mesmo sabendo-se da existência de experiências internacionais (BERKEL, 1999, p. 33-38; FRONDEL, HORBACH, RENNING, 2007, p. 571-584) e nacionais (SEBRAE/CEBDS, 2009, p. 6-16) de aplicação da P+L bem sucedidas, a questão levantada pela pesquisa fazia sentido por não se tratar de uma aplicação patrocinada por uma instituição internacional, provida de subsídios financeiros ou liderada por especialistas na estratégia de Produção Mais Limpa.

Por outro lado, para a empresa pesquisada foi uma oportunidade de testar a metodologia proposta e obter benefícios econômicos, ambientas e sociais que pudessem aumentar sua competitividade e sustentabilidade.

Após um período inicial de indefinição, a pesquisa adquiriu ritmo dando origem a inúmeras propostas e intervenções que resultaram nos benefícios descritos. Há que se levar em conta, porém, que para que isso acontecesse dois fatores foram de primordial importância: o apoio integral da direção da empresa e a competência da equipe participante.

Mesmo com a implementação de somente 1/3 das medidas recomendadas, a experiência serviu para demonstrar a viabilidade do método proposto. Além do conhecimento adquirido (benefício informacional), sua aplicação proporcionou a economia mensal da ordem de R$3.422,62 (benefício econômico) e a redução de 2.348 kg no consumo de amido para formatar, de 411,9 kg no consumo de soda cáustica e de 1.130,8 kg de material orgânico para compostagem (benefício ambiental). Mais as melhorias esperadas nas condições de trabalho, na qualidade do produto final e na qualidade de vida da população (benefício social).

Existiram outros benefícios que, por nem sempre estarem diretamente relacionados a esses fatos geradores, não foram considerados. Exemplos desses benefícios são a redução no custo para comprar, estocar e abastecer o amido, a redução no consumo de gás liquefeito de petróleo pela empilhadeira que movimenta o resíduo sólido e os benefícios ambientais a serem obtidos em toda a cadeia produtiva dos insumos que tiveram seu consumo reduzido..

Independentemente desses benefícios, os resultados alcançados devem servir para incentivar a empresa pesquisada a dar continuidade a utilização da Produção Mais Limpa. Tanto para aumentar sua competitividade e superar possíveis resistências a esse tipo de iniciativa como para facilitar sua ação socioambiental.

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