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A Oftalmologia Como Empreendimento

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Por:   •  2/4/2014  •  1.163 Palavras (5 Páginas)  •  371 Visualizações

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A OFTALMOLOGIA COMO EMPREENDIMENTO – PRESENTE E FUTURO

(VISÃO DE UM “OUTSIDER”)

Tenho notado a preocupação dos Oftalmologistas, aliás muito pertinente, quanto ao futuro do exercício de sua profissão.

Claro que os avanços científicos notáveis, especialmente das últimas décadas, deverão continuar a acontecer, provavelmente numa velocidade ainda maior. A evolução permanente da microeletrônica e da informática, aplicadas à pesquisa e tecnologia médica são fatores catalisadores importantes e permitem antever um futuro promissor.

O problema aparece quando a Oftalmologia é encarada como atividade profissional, responsável pela “renda” do médico e de sua família.

A formação de um número cada vez maior de Oftalmologistas a cada ano, aliada à proliferação de faculdades de medicina e programas de residência médica, de certa forma desproporcional ao crescimento da população, preocupa.

Por outro lado, desapareceu, praticamente, o paciente particular que hoje, mais do que tudo, é aquele que não tem sequer condições de pagar um plano de saúde. Muitas vezes, o dinheiro juntado para a consulta é insuficiente para arcar com os custos de exames complementares e, menos ainda, para uma possível cirurgia.

Os operadores de planos de saúde – “convênios”, pressionados pelos usuários e pelo Ministério da Saúde, congelaram honorários e preços. Médicos e hospitais procuram defender-se, mas nem sempre têm conseguido êxitos significativos.

Em todo caso, melhor do que reclamar da escuridão é tratar de acender uma vela!

Vamos, aqui, procurar analisar a questão sob as várias óticas e propor algumas medidas que podem trazer algum resultado prático imediatamente.

Quanto ao número crescente de Oftalmologistas, pouco se pode fazer, além de pleitear-se uma fiscalização mais severa do Estado e das entidades de classe sobre as faculdades, programas de residência médica e exames de capacitação. É uma lei de mercado inexorável: as remunerações atrativas do passado motivaram os universitários a abraçar essa carreira e só haverá uma auto-regulação quando for atingido um equilíbrio entre oferta e demanda que equalize os preços. Esses ciclos ocorrem em praticamente todas as atividades econômicas.

Quanto aos preços praticados pelos convênios, o poder de atuação dos Oftalmologistas é um pouco maior, mas ainda limitado por diversos fatores, entre os quais as condições econômicas da população brasileira, o atual desemprego e, principalmente, a concorrência entre os médicos. Um esforço sério e competente nesse sentido vem sendo feito pelos Oftalmologistas do Rio de Janeiro e certamente deverá trazer bons resultados.

Neste ponto, cabe uma dicotomia entre o que são HONORÁRIOS MÉDICOS e PREÇOS de cirurgias e exames complementares.

Os HONORÁRIOS MÉDICOS são a remuneração do trabalho profissional, resultante da formação científica e de habilidades naturais, desenvolvidas ao longo do tempo pelo exercício da especialidade. Sempre haverá aqueles que se destacam, seja por uma formação melhor, por uma contínua dedicação ao acompanhamento dos avanços científicos, seja por predicados intrínsecos, ou, ainda, por um bom marketing pessoal.

Os PREÇOS, entretanto, são a prestação pecuniária de um serviço colocado à venda e que deve remunerar os investimento em instalações, equipamentos e a mão-de-obra empregada. São definidos, por um lado, pelos CUSTOS e, por outro, pelo MERCADO, através da lei da oferta e da procura.

Entretanto, o LUCRO (diferença entre preço e custo) é a remuneração de uma atividade econômica de natureza empresarial que, muitas vezes, não é bem compreendida pelos médicos. Confunde-se muito a excelência profissional com a capacidade de planejar, organizar, operar e controlar uma estrutura de prestação de serviços, como é um consultório, uma clínica ou um hospital.

É por isso que estamos acostumados a ver excelentes médicos ou hospitais que não são bem sucedidos financeiramente e outros, relativamente medíocres, que prosperam.

O poder de atuação dos Oftalmologistas sobre os preços existe sim, porém é relativamente limitado. Qualquer avanço nesse sentido representará sempre uma redução na margem de lucro dos convênios ou um encarecimento da saúde para a população, num país de baixa per capita e com índice elevado de desemprego.

É importante ressaltar que, para negociar preços com os convênios, as organizações de classe dos Oftalmologistas precisam atuar profissionalmente, reunindo informações de natureza econômico-financeira tecnicamente relevantes, corretas e consistentes, pois o amadorismo resultará sempre numa enorme desvantagem para os médicos. Os operadores de planos de saúde são empresas muito bem estruturadas, com equipes técnicas especializadas e competentes.

Entretanto, como o resultado realmente importante é o LUCRO, diferença entre PREÇOS e CUSTOS, paralelamente ao esforço de renegociar preços, parece muito mais fácil, rápida e eficaz a atuação sobre os CUSTOS da atividade empresarial do Oftalmologista.

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