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Coleta Seletiva

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Por:   •  21/4/2014  •  4.179 Palavras (17 Páginas)  •  529 Visualizações

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3.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Resíduos Sólidos

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004), resíduos sólidos são:

“...todos aqueles resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam das atividades industriais, domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas e de serviço de varrição. Incluem-se também os lodos das Estações de Tratamento de Água - ETA´s e Estações de Tratamento de Efluentes - ETE´s, os resíduos gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição e determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face de melhor tecnologia disponível.”

A ABNT define ainda lixo como sendo o resto das atividades humanas, considerado inútil, indesejável ou descartável pelos seus geradores. Pode apresentar-se no estado sólido, semi-sólido (no caso todos aqueles resíduos com teor de umidade inferior a 85%) ou líquido, sendo esse último válido somente para resíduos industriais perigosos. No mesmo contexto, Ribeiro & Lima (2000) definem lixo como: conjunto heterogêneo de elementos desprezados durante um dado processo e pela forma como ele é tratado, assume um caráter depreciativo, sendo associado à sujeira, repugnância, pobreza, falta de educação e outras considerações negativas. A origem do lixo é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. Quanto a isso, existem cinco classes: I) Lixo doméstico ou residencial: resíduos gerados nas atividades diárias em casas, apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais; II) Lixo comercial: resíduos gerados em estabelecimentos comerciais, cujas características dependem da atividade ali desenvolvida; III) Lixo público: resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes do ambiente tais como folhas, galhadas e poeira, além de entulhos descartados irregularmente pela população e restos de embalagens; IV) Lixo domiciliar especial: compreende os entulhos de obras de construção civil, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus; V) Lixo de fontes especiais: lixo industrial, lixo radioativo, lixo de portos aeroportos e terminais rodoferroviários e lixo agrícola. As características dessa última classe merecem cuidados especiais em seu manuseio,

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acondicionamento, estocagem, transporte e disposição final (IBAM, 2001). Segundo a NBR 10.004 (ABNT, 2004), os resíduos sólidos podem ser classificados em três categorias, segundo a sua natureza: a) Resíduos de Classe I – Perigosos: O resíduo é classificado como Classe I se apresentar risco à saúde pública e risco ao meio ambiente. Nesta classificação encontram-se os resíduos gerados nos serviços de saúde. Possuem característica de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. b) Resíduos Classe II – Não Perigosos (II A – não inertes e II B – inertes) b.1) Resíduos classe II A – Não inertes: resíduos sólidos ou misturas de resíduos sólidos que não se enquadram na classe I – perigosos ou na classe II B – inertes, podendo ter propriedades como combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade em água. b.2) Resíduos classe II B – Inertes: resíduos sólidos ou misturas de resíduos sólidos que, quando amostrados e submetidos a um contato dinâmico e estático com a água destilada ou deionizada à temperatura ambiente, não apresentem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspectos cor, turbidez, dureza e sabor.

3.2.Gerenciamento dos resíduos sólidos

Com o considerável aumento da consciência ecológica das populações urbanas, surgiram diversas alternativas para se aproveitar os produtos contidos no lixo urbano. No caso dos resíduos sólidos domésticos ou urbanos as principais alternativas restringem-se a implementação de programas de coleta seletiva em áreas ou bairros selecionados das cidades, nos quais podem ser aproveitados vidros, plásticos, metais e papéis (RIBEIRO & BESEN, 2007). Segundo Calderoni (1997), o adequado gerenciamento dos resíduos constitui uma alternativa que contribui para alcançar o desenvolvimento sustentável, uma vez que permite economizar recursos naturais (matéria-prima, energia, água) e saneamento ambiental (reduz poluição do ar, água, solo e subsolo). A relação entre resíduos e a problemática ambiental torna-se mais visível quando se trata de resíduos sólidos, uma vez que seu grau de dispersão é bem menor do que os líquidos e gasosos. (DEMAJOROVIC, 1995).

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De acordo com Valle (1995), os aterros sanitários permitem o confinamento seguro dos resíduos em termos de contaminação ambiental e saúde pública. Descreve ainda que os resíduos são dispostos em camadas, compactados por tratores e cobertos com uma camada de terra, que será a base para uma nova camada de resíduos. Este mesmo autor acrescenta que a instalação dos aterros deve ser feita em área adequadamente escolhida, afastada de corpos d’água e a base dos mesmos devem conter camada impermeabilizada e dreno, permitindo o controle e o tratamento do chorume. Os lixões, por sua vez, são locais de disposição final de resíduos a céu aberto sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública (SHIRAIWA et al., 2002; LOPES, 2006). Segundo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM, 2001) o lixão é uma forma inadequada de se dispor os resíduos sólidos urbanos porque provoca uma série de impactos ambientais negativos. Cerca de 70% dos municípios brasileiros ainda recorrem ao lixão como forma de disposição de resíduos sólidos (IBGE, 2004) e esta irresponsabilidade traz inúmeros problemas sociais e ambientais. Exposto ao ar, o lixo atrai animais, bactérias e fungos. A decomposição libera um odor que é transportado pelo vento, atraindo baratas, ratos, urubus e vários insetos que, ao se nutrirem da matéria orgânica presente no lixo, encontram nele também condições propícias para viver, se abrigar e se proliferar. Estes animais são vetores de doenças como a cólera, desinteria, diarréia, dentre outras.

3.3.Coleta seletiva

A coleta seletiva, além de contribuir significativamente para a sustentabilidade urbana, vem incorporando gradativamente um perfil de inclusão social e geração de renda para os setores mais carentes e excluídos do acesso aos mercados formais de trabalho (SINGER, 2002). De acordo com Ribeiro & Besen (2007), os programas municipais de coleta seletiva, no Brasil, integram o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos domiciliares. Esses programas podem ser operacionalizados unicamente pelas prefeituras (ou empresas contratadas para essa finalidade) ou por prefeituras em parcerias com catadores organizados em cooperativas, associações, ONGs e, recentemente, em Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). A mobilização da sociedade para a separação dos materiais recicláveis na fonte geradora é realizada através de campanhas de sensibilização promovidas junto aos bairros,

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condomínios, escolas, comércio e indústrias (RIBEIRO & BESEN, 2007). Entre as vantagens ambientais da coleta seletiva, destacam-se a redução do uso de matéria prima virgem e a economia dos recursos naturais renováveis e não renováveis, além da redução da disposição de lixo nos aterros sanitários e dos impactos ambientais decorrentes (WAITE, 1995). Através da coleta seletiva, o lixo gerado pelo consumo de produtos da população é coletado e separado. A coleta seletiva pode ser domiciliar (ou porta-a-porta), com os recicláveis separados previamente na residência do gerador do resíduo ou por entrega voluntária, na qual conjuntos de containers (postos de entrega voluntária ou local de entrega voluntária) são instalados em locais estratégicos para depósito dos materiais recicláveis pela população (RUBERG, AGUIAR E PHILIPPI JR., 1998). Os resíduos domésticos possuem um potencial muito grande para a reciclagem, pois contém em sua composição muita matéria orgânica (compostagem), além de substâncias que possuem mercado comprador, tais como papel e papelão, metais ferrosos e não ferrosos, plásticos e vidros (RIBEIRO e LIMA, 2000). Com o hábito da coleta seletiva do lixo há uma melhora na limpeza urbana, diminuição do acúmulo de lixo a ser despejado nos aterros sanitários e uma maior geração de renda através da comercialização dos recicláveis (PEREIRA NETO, 1999; VILHENA 1999; CHEMONT, 1996; CALDERONI, 2003). Desde 1990, as iniciativas mais bem sucedidas de coleta seletiva no Brasil são aquelas nas quais as administrações municipais estabeleceram parcerias com catadores organizados em associações ou cooperativas (RIBEIRO & BESEN, 2007). A separação ou triagem dos resíduos pode ser efetuada em usinas de triagem, ou nos locais de disposição inadequados, como nos lixões (WIEBECK, 1997). No mercado de reciclagem os tipos de materiais que tem maior remuneração por sua coleta são os metais, que por terem alta durabilidade e resistência mecânica, são bastante utilizados na fabricação de equipamentos e embalagens em geral (KONRAD, 2006). O Brasil é líder mundial na reciclagem de alumínio, superando países como Estados Unidos e Japão (CEMPRE, 2008). Já quanto ao plástico, o consumo per capita é baixo, mas os atuais índices apontam um potencial crescimento do consumo e, conseqüentemente, da aceitação para processos de reciclagem (CEMPRE, 2008).

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3.4. O município de Goiânia e a coleta seletiva

Goiânia possui uma população estimada em 1.244.645 habitantes (IBGE, 2007). De acordo com dados da Prefeitura de Goiânia, são coletadas diariamente na capital 1.200 toneladas de resíduos sólidos, os quais são encaminhados para o aterro existente (COMURG, 2008). De acordo com a COMURG (2008), desse total, 360 toneladas são de materiais que podem ser encaminhados para a reciclagem, gerando renda e trabalho para os catadores, além de preservar o meio ambiente. O aterro sanitário de Goiânia é situado no km 3,5 da rodovia GO 060 (saída para Trindade), Chácara São Joaquim. A área funcionava como um depósito de lixo a céu aberto desde 1983 e dez anos depois, foi transformada em aterro sanitário. O programa de Coleta Seletiva que vem sendo implantado na cidade de Goiânia é uma parceria entre o poder público, juntamente com a sociedade civil, com o objetivo de promover educação ambiental, mudanças de hábitos de consumo e a valorização do trabalho de autônomos, pessoas que vivem da renda do lixo que coletam, promovendo a reciclagem dos resíduos sólidos (COMURG, 2008). Até 2007, o município possuía oito Pontos de Entrega Voluntária (PEV) (Fig. 1) espalhados pela cidade para deposição do material reciclável segregado nas residências e nos comércios da região. Atualmente, dados internos da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA, 2008) registram 20 PEVs instalados na capital (Anexo 1).

Figura 1 – Modelo de Ponto de Entrega Voluntária (PEV) de Goiânia.

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Com o aumento do desemprego, as pessoas mais carentes começaram a dar mais atenção ao lixo e passaram a separar os materiais que possuem valor econômico e que podem ser reciclados dos demais. Com o passar dos anos, o mercado de reciclagem foi se fortalecendo, aparecendo mais compradores para os materiais recicláveis, e tornando-se o sustento de várias pessoas e famílias tanto no Brasil, quanto na cidade de Goiânia. Aproximadamente 400 catadores de materiais recicláveis foram cadastrados na cidade para fins estatísticos. Atualmente há quatro cooperativas/associações que congregam os catadores de materiais recicláveis (COMURG, 2008), com apoio da prefeitura. Essas associações foram formadas com o objetivo de promover o crescimento socioeconômico das partes envolvidas bem como capacitar os catadores para o gerenciamento do próprio negócio. Segundo a AMMA, o programa de coleta seletiva de Goiânia baseia-se na política dos três R’s que consistem em (Anexo 2): 1º R (Reduzir) diminuir a quantidade de lixo, consumir apenas o necessário, evitando o desperdício; 2º R (Reutilizar) reaproveitar materiais como papeis, embalagens plásticas e latas de alumínio, dando-lhes novas utilidades. 3º R (Reciclar) transformar os materiais recolhidos na coleta seletiva, utilizandoos como matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Empresas ou entidades podem se cadastrar junto a AMMA para integrar o sistema de coleta seletiva de lixo de Goiânia. Basta para isso que preencham formulário específico junto esta agencia (Anexo 3).

3.5 O alumínio

O alumínio não é encontrado em estado natural no meio ambiente. Sua extração é conseguida a partir da bauxita, a qual possui alumina em sua composição. A eletrólise da alumina fornece, então, o alumino (KONRAD, 2006). No Brasil as latas de alumínio são usadas basicamente como embalagens de bebidas e representam menos de 1% dos resíduos sólidos urbanos (CEMPRE, 2008). Há anos vêm sendo coletadas e fundidas com outras sucatas de alumínio para a produção de panelas, colheres e outros utensílios domésticos. De acordo com o CEMPRE (2008), em 1991, foi lançado o primeiro programa brasileiro de reciclagem de latas de alumínio (CEMPRE, 2008), o que culminou, no ano de 2006, na reciclagem de mais de 10,3 bilhões de latas de alumínio, o que corresponde a 94%

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do total de latas de alumínio produzidas, superando países como Japão e Estados Unidos (Tabela 1). Somente na etapa de compra das latas, R$ 540 milhões vão para a economia nacional (CEMPRE, 2008).

Tabela 1 – Índice de reciclagem de latas de alumínio (%) nos últimos anos. 2002 2003 2004 2005 Argentina Brasil Europa EUA Japão 78 86,5 46 53,4 83,1 80 89 48 50 81,8 78 95,7 48 51,2 86,1 88,1 96,2 52 52 91,7

2006 88,2 94,4 N/D 51,6 90,9

Fonte: ABAL; ABRALATAS 2006

Além de reduzir a quantidade de lixo gerada, a reciclagem de latas ajuda na economia de energia elétrica e também na redução da extração de bauxita, pois para cada tonelada de alumínio são necessárias cinco toneladas de bauxita (KONRAD, 2006). O processo de reciclagem das latas de alumínio tem início na separação e coleta das mesmas. Depois de coletadas, as latas de alumínio vazias são amassadas por prensas especiais, algumas delas computadorizadas, que fornecem o ticket com a quantidade entregue. O material é embalado pelos sucateiros, cooperativas e associações e repassados para a indústria de fundição. Depois de fundidas, as latas transformam-se em lingotes de alumínio. Esses blocos são vendidos para fabricantes de lâminas de alumínio que revendem essas lâminas para indústrias de latas (CEMPRE, 2008). O ciclo das latas de alumínio é observado na Figura 2.

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Figura 2 – Ciclo da lata de alumínio.

3.6 Garrafas de polietileno tereftalato (PET)

A participação do plástico entre os materiais que compõem o lixo urbano no Brasil ainda é pequena quando comparada à dos países desenvolvidos, mas vem aumentando. O consumo per capita de plásticos nos EUA (o maior consumidor deste material no mundo) é de 100 kg/hab./ano e no Japão de 60 kg/hab./ano, enquanto no Brasil está em torno de 19 kg/hab./ano (CEMPRE, 1998). Esta diferença indica que o Brasil apresenta um grande potencial para o aumento do consumo de plástico. Dentre os materiais recicláveis, o plástico representa um resíduo de grande aceitação para ser submetido ao processo de reciclagem (WIEBECK, 1997). Segundo Sherman (1989), reciclagem é uma das melhores alternativas para os resíduos plásticos. Segundo Rolim (2000), existem seis tipos de plásticos mais consumidos no Brasil e no mundo e presentes, conseqüentemente, em maior quantidade no lixo urbano: PEBD

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(polietileno de baixa densidade), PEAD (polietileno de alta densidade), PP (polipropileno), PVC (policloreto de vinila), PET (polietileno tereftalato) e PS (poliestireno). A Tabela 2 e a Tabela 3, a seguir, apresentam a produção e o consumo aparente no Brasil de alguns tipos de plásticos. Essas tabelas demonstram o aumento da produção e consumo de plásticos no Brasil. Associando-se ainda esses dados à Figura 3, observa-se que as maiores taxas de crescimento, tanto de produção quanto de consumo, foram observadas para o tipo PET. Por outro lado, PS teve diminuição na produção entre 1996 e 1998, e no consumo entre 1996 e 1997. Quanto ao tipo PEBD, houve diminuição na produção e mais acentuadamente no consumo entre os anos 1997 e 1998. Para o tipo PP houve diminuição no consumo entre 1997 e 1998.

Tabela 2 – A produção de plásticos no Brasil. 1996 PEBD PEAD PS PP PVC PET TOTAL 561.246 529.395 149.347 589.577 629.959 97.945 2.735.097 1997 664.363 643.538 132.696 635.939 631.851 143.343 3.038.788 1998 652.647 692.864 129.879 702.795 649.480 200.000 3.212.718

Fonte: COPLAST/ABIQUIM apud JORNAL DO PLÁSTICO ON LINE (1998) Tabela 3 – O consumo aparente de plásticos no Brasil. 1996 PEBD PEAD PS PP PVC PET TOTAL 478.496 510.385 240.208 536.662 561.326 173.268 2.678.532

1997 527.774 563.549 233.342 594.947 608.427 249.012 2.999.301

1998 490.005 632.884 246.107 581.164 687.121 298.413 3.164.064

Fonte: COPLAST/ABIQUIM apud JORNAL DO PLÁSTICO ON LINE (1998)

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Figura 3 – Taxas de produção e consumo entre os anos de 1996 e 1998 para diferentes tipos de plásticos no Brasil [baseado em dados de COPLAST/ABIQUIM apud JORNAL DO PLÁSTICO ON LINE (1998)].

0,35 0,3 0,25 0,2 PE BD 0,15 0,1 0,05 0 1996-1997 -0,05 Produção -0,1 -0,15 Consumo 1997-1998 1996-1997 1997-1998 PE AD PS PP PVC PE T

Atualmente, segundo CEMPRE (1997), o maior mercado para o PET pósconsumo reciclado é a produção de fibras para fabricação de cordas (multifilamento), fios de costura (monofilamento) e cerdas de vassouras e escovas, sendo que outra parte é destinada à moldagem de autopeças, lâminas para termo-formadores e formadores a vácuo (manequins plásticos), garrafas de detergentes, mantas não-tecidas, carpetes e enchimentos de travesseiros. Em 1996, 21% da resina de PET produzida no Brasil foi reciclada, totalizando 22 mil toneladas. As aplicações do plástico reciclado no Brasil ainda são simplórias [conduítes, mangueiras, sacos de lixo, cerdas e cordas] (CEMPRE, 1997). Segundo Pinto (1995), os problemas mais comuns para a reciclagem dos resíduos plásticos pós-consumo estão relacionados à implantação de um sistema de coleta seletiva e a processos para a adequada separação de materiais plásticos do lixo. Estes problemas são: • escassez de empresas interessadas em comprar o material separado;

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• grandes distâncias que, às vezes, separam o município do mercado comprador; • dificuldade em separar corretamente os diferentes tipos de plástico; Dentro deste contexto, a reciclagem de resíduos plásticos constitui uma oportunidade e com potencial de crescimento. Atualmente existe uma participação ainda muito pequena da reciclagem de plástico em relação ao potencial de mercado interno de plásticos no Brasil. A reciclagem mecânica tende a crescer significativamente devido à abundância de matéria-prima existente e às oportunidades dadas a esta atividade (CEMPRE, 1998). No caso específico do PET, a demanda por matéria-prima reciclada desse tipo deverá aumentar consideravelmente. A Portaria n° 987 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, publicada em dezembro de 1998, regulamenta o uso de resina de PET reciclada a partir de garrafas pós-consumo e pós-industrial em embalagens multicamadas, destinadas ao acondicionamento de bebidas carbonatadas não alcóolicas (Ferro, 1999). Neste tipo de embalagem, há duas camadas feitas de plástico virgem e uma camada intermediária feita de resíduo plástico reciclado, sendo que esta não entra em contato com a bebida. Ferro (1999) verifica que a oferta de flakes de PET é deficitária, mas que o aumento do interesse pela reciclagem de PET certamente elevará a disponibilidade deste material. A geração de resíduos de PET também deverá crescer, tanto pelo esperado aumento do consumo de água mineral e de isotônicos no Brasil (as garrafas destas bebidas são feitas de PET, entre outras resinas), quanto pelo impacto da introdução deste plástico no engarrafamento de cerveja em larga escala (Borges, 1999).

3.7 O Condomínio Residencial Privê das Laranjeiras

O condomínio Residencial Privê das Laranjeiras situa-se na região Sul de Goiânia, no setor Parque das Laranjeiras. Ele possui uma área total de 261,4102 m2, e no seu interior existe uma área social com quadra, piscina, parquinho para as crianças e um salão de festas. Ao todo são 49 casas, sendo essas germinadas. Ao todo, moram no condomínio cerca de 129 pessoas. A renda mensal das famílias, de acordo com o questionário aplicado, foi de 3 a 15 salários mínimos. Esse fato demonstra o alto potencial de produção de lixo do condomínio já que, segundo Ribeiro & Besen (2007), a produção de lixo domiciliar está diretamente ligada a renda familiar. A coleta interna de lixo do condomínio é feita diariamente por uma pessoa contratada por uma firma terceirizada, que cuida da limpeza e serviço de portaria. O

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recolhimento do lixo do condomínio é de Segunda à Sexta das 10:00 h da manhã às 11:00 hs e no período da tarde das 15:00 h às 16:00 h e aos Sábados até as 11:00 h. A pessoa encarregada de recolher o lixo interno do condomínio passa com um carrinho de mão recolhendo-o nos horários citados a cima, e, no final armazena-o em um contêiner fechado, localizado atrás do condomínio, no qual é encaminhado para o serviço de coleta municipal.

4. METODOLOGIA

Inicialmente o trabalho foi desenvolvido tendo como principal fonte de apoio, pesquisas bibliográficas, feita em documentos e sites da prefeitura Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA) e Companhia de Urbanização de Goiânia (COMURG) além de consulta a trabalhos e artigos científicos e consultas a sites de empresas e associações relacionadas ao tema em questão. 2º Etapa Foi feita uma reunião, no dia 09/10/08 com os condôminos a fim de verificar a aceitação da proposta/projeto. Apresentou-se a proposta de implementação da coleta seletiva aos condôminos, com o objetivo de sensibilizar e argumentar as vantagens e benefícios da separação do lixo para o condomínio e para a sociedade em geral. Para isso usaram-se folhetos de educação ambiental fornecidos pela AMMA. 3º Etapa Foram feitas quatro novas reuniões, no período de outubro à novembro (registradas em ata) nas quais foram apresentadas todas as etapas do projeto a serem feitas, custos e benefícios para os condôminos, sempre enfocando a importância de se fazer a separação do lixo, além de esclarecer dúvidas e conquistar novos adeptos a idéia. 4º Etapa Foi feita a aplicação do questionário (Anexo 4) a um representante de cada residência habitada. A pesquisa foi realizada porta-à-porta em um prazo de 2 dias, pois nem todos os moradores encontravam-se nas suas residência, ao todo foram entrevistadas 43 moradores. 5º Etapa Posteriormente, utilizou-se a metodologia no estudos de Ourofino (2000). Uma pessoa produz em média 0,6 kg de lixo ao dia e o material reciclável representa em torno de 40% (0,4) do total de lixo produzido e a densidade do lixo reciclável é

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de 57m3. A fórmula para produção de lixo ao dia consiste em:

Pt = n x 0,6 (kg)

onde: n = ao número de moradores x número de casas Pt = produção de lixo ao dia

Já a fórmula para o cálculo da produção diária de lixo reciclável consiste em:

Pr = Pt (kg) x 0,4

Onde: Pr = produção de lixo reciclado ao dia

Por fim calcula-se o espaço necessário para o depósito dos recicláveis

Vd = Pr (kg) x (m3/semana)

6º Etapa Por fim realizou-se uma pesquisa de mercado, para analisar a possibilidade de se fazer parcerias com cooperativas, no que se diz respeito a doação dos materiais recicláveis, levando em consideração a proximidade do local e a existência de meios de transporte para a coleta dos materiais.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O grau de escolaridade do moradores (Figura 4) é constituído, principalmente, por pessoas de nível superior, o que corresponde a 34% dos moradores. Cerca de 12% dos moradores possuem ensino superior incompleto, 25% apenas o ensino médio completo, 12 % ensino técnico completo, 5% ensino médio incompleto e 7% técnico incompleto. O nível de escolaridade elevado da maioria dos moradores é extremamente importante para campanhas de educação ambiental. Isso porque, a quantidade de informação

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que esse grupo já dispõe facilita a compreensão das vantagens e necessidade da coleta seletiva e da preservação ambiental.

Grau de Escolaridade

Alfabetizado 0% Técnico incomp leto 7% Técnico comp leto 12% Ensino médio completo 28% Ensino Superior incomp leto 12% Ensino Superior comp leto 34% Ensino Fundamental completo 2% Ensino Fundamental Incomp leto 0%

Ensino médio incomp leto 5%

Ensino Fundamental completo Ensino médio incompleto Técnico completo

Ensino Fundamental Incompleto Ensino Superior completo Técnico incompleto

Ensino médio completo Ensino Superior incompleto Alfabetizado

Figura 4: Grau de escolaridade dos moradores do Privê das Laranjeiras

Para a maior parte dos condôminos, 77% dos entrevistados (Figura 5), a proposta foi bem aceita. Para os outros 23% a implementação é indiferente, em razão da indisponibilidade de tempo ou a descrença do processo de coleta seletiva. Esses dados demonstram que a proposta da coleta seletiva, é vista pela maior parte como sendo um investimento, resultando em benefícios para a comunidade e meio ambiente. Dona Marcilene Tereza e sua filha Roberta Wonna, moradoras do condomínio, aprovam a proposta acreditando que “iniciativas pontuais de cada condomínio da capital contribuiriam consideravelmente para a redução de lixo no aterro da capital”. Dona Divina acrescenta que “nos dias atuais, qualquer projeto que beneficie o meio ambiente é bem vinda”.

Aceitação da Proposta

Não se interessa 23%

Má idéia 0%

Boa idéia 77%

Boa idéia

Má idéia

Não se interessa

Figura 5: Aceitação da proposta de implemetação da coleta seletiva

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A Figura 6 demonstra os tipos de materiais recicláveis que podem ser encontrados nos lixos dos condomínios. Podemos perceber que a quantidade de latas e pets é bastante alta diante dos outros materiais. Assim, com esse resultado partiu-se para o convencimento, entre os condôminos, da necessidade e importância de se reciclar esses dois tipos de material. Após aceitação dos mesmos, decidiu-se recolher primeiramente garrafas pets e latas de alumínio no condomínio.

Materiais Reciclaveis

Plástico PET 26% Papel 7% Vidro 12%

Latas de alumínio 55%

Papel

Vidro

Latas de alumínio

Plástico PET

Figura 6: Materiais recicláveis mais utilizados pelos moradores

Com esse resultado decidiu-se recolher garrafas PET e latas de alumínio que tiveram maior aceitação entre os condôminos após o questionário. A maioria das pessoas, cerca de 51%, respondeu que preferem doar o material, pois estariam contribuindo para as pessoas que trabalham e vivem de materiais recicláveis. Os 37% preferiam que o material fosse vendido para que futuramente viesse a gerar renda para o próprio condomínio. E os 12% responderam que tanto faz vender ou comercializar.

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