Crítica Filme Obrigado por Fumar

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ATIVIDADE PRÁTICA ATP

ÉTICA

KATIA DIAS FERNANDES

DILEMA ÉTICO

LONDRINA

2020

No cotidiano os indivíduos procuram agir de maneira com que consideram mais apropriada de acordo com cada situação. A moral diz respeito a esses comportamentos que por sua vez resultam nas reflexões que buscam justificar los (Vasquez 2003).

Segundo (Vasquez 2003) tais reflexões sobre esses comportamentos práticos promovem a criação de normas a serem cumpridas que compõem a chamada ética.

“Obrigado por fumar” é um filme que de forma sarcástica conta a história de Nick Naylor, um lobista representante e porta-voz das indústrias de tabaco, tem como principal função filtrar, modificar e de certo modo reinterpretar os malefícios do cigarro mascarando por assim dizer os efeitos negativos desse produto junto a população. Nick faz uso de uma argumentação extraordinária e retórica impecável, vale ressaltar que isso se assemelha aos sofistas na Grécia clássica. Os sofistas ensinavam os cidadãos com técnicas retóricas a fim de torná-los capazes de discursarem em público, encantar platéias, ganhar causas e disputas verbais.

Porém, ele acaba sendo mal visto por todos, gerando dúvidas em relação a sua ética de trabalho, enquanto anúncios e manifestantes divulgavam que fumar causa inúmeros danos o seu trabalho acaba sendo contrário, ele tenta convencer as pessoas que os males provocados pelo cigarro não são tão prejudiciais assim, mesmo que números mostram que as indústrias de tabaco são culpados pela morte de milhões de pessoas por dia. Naylor durante o filme é assistido e de certa forma idolatrado pelo seu filho, logo a pergunta que se faz é como representar e defender algo que é socialmente errado e ainda sim ter uma boa relação de responsabilidade e educação para com o seu filho.

“A ética Kantiana é a ética do dever autocoerção da razão que concilia dever e liberdade. O pensamento do dever derruba a arrogância e o amor-próprio, e é tido como princípio supremo de toda a moralidade”.

Colocado em pauta o fato do nosso personagem ter um filho que atentamente vê a postura do pai, é preciso colocar ética e moral como pilares na educação haja visto que moral é o costume e hábito de uma sociedade ou povo, tudo se baseia onde as pessoas estão localizadas. Já ética diz sobre o comportamento individual, sobre as tomadas de decisões que nos norteiam.

Dentre os diálogos com seu filho, Nick disse que é preciso ter “flexibilidade moral”, ele usa desse argumento para se sentir à vontade em promover o cigarro, ensinando seu filho em um desses diálogos feito por eles que o “importante de uma discussão não é estar certo, mas sim provar que o opositor está errado”. Contudo o problema com a flexibilidade moral é que ela pode ser fruto do hábito profissional e nesse contexto ela pode ser relevante. Vejamos, o que dizer de um advogado que defende o assassino? Exemplo dado pelo personagem, parece perturbador para uma pessoa com princípios éticos e morais que o assassino seja defendido, sendo assim talvez Nick Naylor agisse pela força do hábito por ser apenas uma exigência de sua profissão.

Nick Naylor sempre diz que faz esse trabalho para pagar a hipoteca, não nos deixando com dúvida que obter lucro é o objetivo desse trabalho e de todos os outros, mas a ética vem para dar equilíbrio entre as necessidades individuais e coletivas.

Eugenio Bucci em seu livro sobre ética e imprensa coloca ética como saber fazer uma escolha entre o “bem” e o “bem” ou entre o “mal” e o “mal”, levando em conta o interesse da maioria da sociedade. No entanto Nick Naylor  só entende essa questão após uma repórter do jornal The Washington que através de encontros casuais consegue obter informações preciosas e imorais partidas de atitudes dele, como suborno, que descrevia o esquema de colocação de produtos de tabaco em cenas de filme em Hollywood. Em seu artigo ainda ela o acusava de estar treinando seu filho a seguir seu exemplo imoral, logo então ele é demitido. Isso acaba com a simpatia que o público sentia por ele. O protagonista entra em depressão até que seu filho ajuda a recuperar a dignidade em seu trabalho, a partir daí Naylor começa a defender corporações que quase ninguém se sente à vontade em defender. Restruturado o protagonista comparece a uma comissão no Senado sobre o cigarro e admite os perigos de fumar, mas argumenta que a consciência pública já é alta o suficiente sem avisos extras.