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LOGISTICA PAROU NO TEMPO NO RIO GRANDE DO SUL

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Por:   •  8/4/2014  •  1.421 Palavras (6 Páginas)  •  555 Visualizações

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Poucos estados brasileiros possuem uma geografia tão privilegiada quanto o Rio Grande do Sul. Hidrovias extensas, fronteira com Argentina e Uruguai e 622 quilômetros de costa que lhe garante a possibilidade de escoar sua produção Atlântico adentro. No entanto, se o trabalho da natureza foi exemplar, o mesmo não pode ser dito dos governantes que estiveram no Palácio Piratini nas últimas duas décadas. A falta de investimento em infraestrutura fez com que a localização e os recursos naturais que o estado oferece não fossem aproveitados adequadamente. Hoje, esse gargalo responde por boa parte da culpa da falta de competitividade do estado.

Alguns números são bastante ilustrativos das dificuldades logísticas do estado. Menos de 20% das rodovias estaduais são duplicadas, por exemplo. Um pouco mais da metade dos acessos municipais é asfaltada, ao passo que apenas 50% da capacidadade dos rios aptos ao transporte de carga são utilizados. O porto de Rio Grande – localizado a 320 quilômetros ao sul de Porto Alegre, e que deveria ser utilizado para escoar boa parte da produção do estado – tem dificuldade, tal como outros portos brasileiros, para atender a crescente movimentação de mercadorias. Sem contar o agravante de seu principal acesso, a BR-101, estar constantemente congestionado, sobretudo em períodos de embarque da safra de soja. Para se ter ideia, a movimentação total de carga no porto no primeiro semestre deste ano foi de 18 milhões de toneladas – cerca de 9% a mais que no mesmo período do ano anterior – sem que nenhuma melhoria no acesso fosse efetuada. A boa notícia é que ao menos o porto recebeu do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) investimentos de 1 bilhão de reais para obras de ampliação.

Em 2011, a Superintendência do Porto do Rio Grande (Suprg), em conjunto com os terminais Bianchini, Bunge e CCGL (Termasa/Tergrasa) e órgãos de controle e Segurança, colocou em prática o Plano de Ação da Safra de Soja. Trata-se de um conjunto de medidas para reduzir os problemas que surgem no período de concentração dos embarques, tais como agendamento de cargas e expansão da área de estacionamento para diminuir as filas de caminhões na BR 392, que vai de Pelotas ao Rio Grande. Quando tudo corre bem, as filas de caminhoneiros esperando para embarcar duram 24 horas. Segundo o presidente do Sindmóveis (sindicato patronal da indústria moveleira de Bento Gonçalves), Glademir Ferrari, a burocracia para o embarque é tanta que, para alguns empresários da indústria, a exportação vira prejuízo. O transporte até o porto chega a encarecer os produtos em 10%. “Muitas vezes a carga fica mais de um mês parada no porto. Se o cliente não pagou ainda, ele cancela o pedido”, diz o empresário.

Opções de transporte – Como alternativa para chegar mais rápido ao porto e ajudar a reduzir os fretes, o governo gaúcho pretende ampliar o tráfego das hidrovias. São atualmente 798 quilômetros de rios navegáveis, mas que não funcionam em sua total potencialidade, entre outras razões, por ainda não haver permissão para o tráfego noturno. Segundo o secretário de Logística do estado, Beto Albuquerque, o Rio Grande do Sul é o estado com a melhor malha hidroviária do país. “Estamos tentando desenvolver isso para conseguir desafogar o transporte rodoviário. Nosso potencial fluvial é grande. Não tem porque não ser utilizado”, afirma.

Já o transporte ferroviário tampouco serve o estado a contento. A ideia do atual governo estadual é tentar viabilizar a extensão da Ferrovia Norte-Sul até o Porto de Rio Grande. O atual ponto final da obra é na cidade de Estrela d’Oeste, em São Paulo. “Não faz o menor sentido haver uma ferrovia Norte-Sul que termina no Sudeste”, diz o secretário.

Apagão logístico na capital – É um desafio, mesmo para os especialistas, delimitar qual o maior problema logístico do estado – até porque todos estão interligados. Porto Alegre, vítima do crescimento desordenado, tem picos de congestionamento que se igualam aos de outras metrópoles brasileiras; sobretudo quando a ponte móvel sobre o Lago Guaíba, que liga a cidade ao oeste e ao sul do estado, é içada para permitir a passagem de navios de grande porte.

A própria presidente Dilma Rousseff afirmou, durante a campanha eleitoral, que conhecia bem os problemas do estado e que uma das obras fundamentais de sua gestão seria a construção de uma segunda ponte para cumprir esse mesmo trajeto. “Só tem um jeito de fazer a ponte no dia seguinte: usar o nosso projeto e estudo de viabilidade técnica que, garanto, são de qualidade. Uma ponte não cai do céu", disse a presidente. O projeto de viabilidade foi apresentado ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes. Contudo, após os escândalos de corrupção que resultaram na queda do ministro Alfredo Nascimento (PR), nada avançou até o momento.

Em agosto, foi instaurada a Frente Parlamentar Pró-Nova Ponte do Guaíba na Câmara dos Vereadores de Porto Alegre, que é liderada pelo petista Carlos Todeschini. O projeto elaborado pelo grupo será inspirado no que foi citado por Dilma, e a obra deverá custar em torno de 900 milhões de reais. Não há, por ora, qualquer definição se será pública, privada, ou resultante de parceria

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