Mundo corporativo no Brasil
Relatório de pesquisa: Mundo corporativo no Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: monirafa2014 • 19/10/2014 • Relatório de pesquisa • 5.010 Palavras (21 Páginas) • 639 Visualizações
A angústia da vida executiva
O mais completo estudo sobre o mundo corporativo no Brasil revela por que o
ambiente de trabalho se tornou fonte de infelicidade para presidentes e diretores
POR AMAURI SEGALLA
COM REPORTAGEM DE ALINE RIBEIRO, ANA SANTA CRUZ E CRYSTIANE SILVA
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FOTOS PAULO VARELLA
As porcentagens acima são os principais resultados de entrevistas com mais de mil executivos de 350 empresas
Nos últimos sete meses, a executiva paulistana Denise Santos, de 38 anos, presidente da
BenQ Mobile no Brasil, fabricante de celulares, esteve no centro de um furacão. A empresa
é subsidiária do grupo taiwanês BenQ, que em 2006 registrou o maior prejuízo de sua
história. Para ajustar as contas, fábricas foram fechadas mundo afora, e centenas de
funcionários, demitidos. De Taiwan, Denise recebeu ordem para reduzir em 40% a
estrutura da filial. Sua rotina tornouse
caótica. Ela chegou a trabalhar até 17 horas por dia.
Nos finais de semana, reuniões intermináveis paralisaram sua vida pessoal.
Praticamente só respirava trabalho. Numa das decisões mais difíceis e doloridas de sua
carreira, ela se viu na contingência de afastar 300 funcionários. "Amo o que faço, mas os
momentos de infelicidade no trabalho já me fizeram ir diversas vezes para uma sessão de
terapia", afirma Denise, uma das mais jovens presidentes de empresa no Brasil.
As angústias, temores e dilemas enfrentados por executivos do topo como Denise são o
tema de um profundo mergulho nos corações e mentes dos altos executivos brasileiros,
num estudo conduzido, nos últimos dois anos, pela psicóloga mineira Betania Tanure e
pelos pesquisadores Antonio Carvalho Neto e Juliana Oliveira Braga. Professora
associada da Fundação Dom Cabral e mestre convidada do Insead (França) e da London
Business School, autora de sete livros na área de negócios e membro dos conselhos de
administração da Gol e da Medial Saúde, Betania e seus colegas entrevistaram
pessoalmente 263 presidentes, vicepresidentes
e diretores de grandes empresas
nacionais. Outros 965 altos executivos responderam a um extenso questionário. O
levantamento abrangeu mais de mil executivos de aproximadamente 350 empresas. Dele
emergiu um quadro preocupante. Acompanhe:
>>> 84% dos executivos são infelizes no trabalho.
>>> 76% deles acessam email
profissional fora do horário de trabalho.
7/8/2014 ةpoca Negَcios - EDG ARTIGO IMPRIMIR - A angْstia da vida executiva
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDR77246-8374,00.html 2/9
>>> 58% acham que os cônjuges estão descontentes com o ritmo excessivo de trabalho
deles.
>>> 55% vivenciam uma mudança radical no trabalho.
>>> 54% estão insatisfeitos com o tempo dedicado à vida pessoal.
>>> 35% apontam problemas com o chefe como a crise mais marcante de suas vidas.
"Fiquei abismada com o grau de desconforto dos executivos em seu trabalho", afirma
Betania. Algumas entrevistas, que acabaram se convertendo em sessões de desabafo,
duraram horas. Em alguns casos, tantas eram as queixas que a conversa teve de ser
retomada. Todos foram ouvidos sob a condição de que seria mantida confidencialidade (o
que faz toda a diferença em um trabalho dessa natureza). Lastreada pela atuação
profissional de mais de duas décadas, a pesquisadora valeuse
da sólida relação de
confiança estabelecida com seus entrevistados. Prevaleceu um clima de franqueza acima
do comum em trabalhos dessa natureza. "Para seguir em frente, os executivos costumam
colocar um véu em seus problemas e se recusam a olhar para suas infelicidades", afirma
Betania.
Esta não é mais uma daquelas pesquisas simplistas, que se limitam a contabilizar
respostas formais. Para chegar à conclusão de que 84 de cada 100 altos executivos
brasileiros são infelizes no trabalho, os pesquisadores combinaram dois índices de
avaliação. O primeiro, chamado Índice Global de Satisfação, considera variáveis como as
horas trabalhadas, o grau de satisfação com os chefes e subordinados, os níveis de
cobrança por resultados e os sistemas de recompensa, entre outros. O segundo critério,
denominado Índice Global de Sensações e Atitudes, avalia o grau de ansiedade, insônia,
problemas familiares, desânimo e consumo de bebidas alcoólicas, entre outros aspectos
relacionados à vida pessoal. Depois de cruzados esses dados, com os respectivos pesos,
foram considerados infelizes aqueles executivos cujos indicadores negativos
sobrepujavam os positivos.
A globalização desponta no estudo como uma das principais vilãs responsáveis pelo
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