O Anúncio da Associação de Editores de Madrid
Por: Fer951 • 30/3/2016 • Trabalho acadêmico • 786 Palavras (4 Páginas) • 164 Visualizações
O anúncio da Associação de Editores de Madrid propõe uma discussão envolvendo tecnologia e a importância dos livros. Deixando de maneira explícita a idéia de que as pessoas estão trocando a literatura “tradicional” e substituindo- a pela “literatura moderna” que está basicamente resumida em jogos.
Baseando-se nos conceitos de Saussurre, a peça faz um estudo Diacrônico, comparando as transformações ocorridas ao longo do tempo e a nova forma de consumir “cultura”. Essa comparação fica clara a partir do momento em que dois ícones de épocas distintas dividem o mesmo tempo e espaço. O cenário apresenta uma batalha na qual um personagem “clássico” da literatura, no caso Dom Quixote é morto por um pássaro do jogo Angry Birds, que representa a “literatura moderna”.
Outro aspecto das dicotomias analisado no anúncio é o sintagma, sendo ele composto por uma combinação de paradigmas que resultam na peça como um todo. Os elementos isolados como: Dom Quixote, Angry Birds, moinhos de vento, estilingue, penas e etc, são considerados paradigmas, pois há uma idéia de seleção, no qual cada elemento tem um valor isolado.
Quando segundo as ideias de Sausurre ele nos permite entender que significante e significado não estão “colados” um ao outro, havendo assim uma relação arbitrária, sempre sendo imotivada, sabemos que ao ver a imagem o sujeito não tem nem ideia dela, nem a forma(conceito) o que ocorre é a relação que ele faz entre uma e outra, ou seja, conhecendo os personagens e ligando por meio da imagem a relação que existe entre essas duas realidades diferentes é que resulta na compreensão da própria mensagem. E esse signo só pode ser compreendido se houver alguém que o perceba como realidade.
Logo, tanto o significado quanto o significante dependem da experiência e do conhecimento que a pessoa tem, sobre literatura e os jogos, a exemplo o Angry birds, mesmo que apriori, pois se ela conhecer os personagens porém o cenário não fizer sentido em sua cabeça, haverá um significante com significado vazio, porque para ela, aquela realidade não será percebida, e não haverá relação nenhuma entre ambos, o que resultará na não compreensão da mensagem proposta.
Quando o autor nos diz que Fala é individual e que se concretiza no momento em que o falante a expressa por meio da Língua, podemos dizer então que o significante e significado ficam armazenados em nosso cérebro esperando entrarem em ação por meio da fala. Assim podemos afirmar que a Língua se encontra na mente do falante onde estão associados os conceitos às imagens acústicas.
Com esses conceitos aplicados a peça podemos identificar a fala, por ser individual, como sendo caracterizada pela indumentária dos personagens, ou seja, pelo que eles estão trajando é que associamos e percebemos que são de tempos diferentes e reconhecemos Dom Quixote, assim como os moinhos de vento caracterizam o cenário dele, o estilingue por sua vez, caracteriza o cenário do Angry Birds, perceba que é através dessas características individuais deles, que nos remetem a entender o propósito da mensagem.
Já a Língua é o todo, que está relacionado entre si, o cenário, personagens, vestimenta, as características dum todo que só fazem sentido quando estão organizados e juntos num mesmo espaço.
Podemos atribuir duas funções da linguagem à peça, sendo, conativa: porque a mensagem se centraliza no receptor, fazendo uso de um tom imperativo quando ordena que a pessoa “salve um livro”, e que “leia um livro”, como uma espécie de ordem/obrigação, sem contar o uso do você mais de uma vez. A outra é a função poética, pois a imagem consegue reunir de forma inesperada e inovadora, dois temas que são diferentes e que ao mesmo tempo estão se complementando, valorizando muito mais a imagem, do que seu próprio sentido. Ou seja, cada elemento da peça em si, tem seu valor isolado, e que fazem sentido apenas quando estão juntos no mesmo cenário, isso nos possibilita fazer uma ponte novamente com as dicotomias de Sausurre, sintagma e paradigma.
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