O GERENTE E A FUNÇÃO GERENCIAL
Monografias: O GERENTE E A FUNÇÃO GERENCIAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ronannreis • 31/10/2013 • 4.816 Palavras (20 Páginas) • 315 Visualizações
O GERENTE E A FUNÇÃO GERENCIAL NAS ORGANIZAÇÕES PÓS REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo
I - INTRODUÇÃO
A atuação do gerente se dá em um modelo organizacional que não comporta a idéia de racionalidade imutável nem de uma racionalidade homogênea dos atores. Assim, os novos modelos (ou paradigmas), delineados a partir da metade da década de 80, englobam uma mistura de ruptura com formas tradicionais, manutenção de outras e, em alguns casos, com práticas até regressivas dentro de um contexto histórico. Além disso, a análise das situações de trabalho aponta a existência simultânea de duas lógicas: a da organização e a da inovação (ALTER, 1993), opondo estratégias contraditórias mas alicerçadas em uma legitimidade comparável e, principalmente, complementares.
A estratégia de inovação tende a reaproveitar os recursos disponíveis, utilizando-se das incertezas do processo de trabalho como oportunidades de intervenção para rever lógicas sedimentadas por processos variados, enfim, a desorganizar o estabelecido. A estratégia da organização tende a atender os objetivos fixados no contexto da empresa, planificando, estandartizando o(s) processo(s) de trabalho e reduzindo as incertezas.
Apesar de suas dimensões mensuráveis, um modelo organizacional é, então, um construto social inacabado no qual os atores/profissionais de inovação se opõem aos atores/profissionais das regras e, em muitos casos, os mesmos atores/profissionais devendo jogar nestes dois campos. Assim, o que deve ser gerenciado não é somente um modelo mais adequado e eficaz, mas principalmente, os atores/pessoas. Neste processo destacam-se os gerentes colocados numa via dupla: atores do modelo e administradores de atores.
Além disso, deve ser considerado que a multiplicidade de modelos de racionalidade favorece o desenvolvimento de representações mentais diferenciadas nos diversos grupos da ação coletiva. Assim, recomenda SAINSAULIEU (1987) que a tarefa do profissional e do pesquisador será de descobrir o universo das representações e referências no qual os atores se situam para compreender, antes de agir, qual é a estrutura dominante da racionalidade ambiente. Em síntese, a questão da racionalidade tem passado por diferentes momentos históricos, mostrando que sua prática se fundamenta fortemente em razões ideológicas e culturais. Isso significa também que toda busca de racionalidade pode se apoiar num princípio simples, sem ser banal: a prática social pode ser racionalizada segundo outras perspectivas, tomando outras direções, muitas vezes extremamente diferentes (GORZ, 1988).
Atualmente o discurso da racionalidade interrelaciona-se com o próprio contexto econômico, político e social, criando um elo sem retorno: a exigência de acompanhar novas transformações ocorridas, e em curso, no espaço produtivo e organizacional, justificada pela necessidade de sobrevivência em uma economia globalizada e com novas referências de competitividade e com novos formatos organizacionais.
Temos trabalhado e defendido a posição de que os resultados de uma organização dependem, talvez em percentuais maiores do que de outros fatores, do modelo de gestão construído e adotado. Também tem sido considerado mesmo em nível internacional, o fator gestão como um dos elementos de competitividade.
A competitividade desejada e buscada pelos programas de modernização organizacional depende necessariamente do modelo de gestão construído e adotado pela organização.
Mas a questão da competitividade passa a ser um fator que extrapola a questão da empresa. O internacional Institute of Management Development – IMD (Laussane – Suíça) e o World Economic Forum – WEF (Genebra – Suíça) vêm produzindo estudos sobre a competitividade de diversos países do mundo.
Os Estudos do IMD e do WEF tem modificado suas definições e ampliado suas variáveis de mensuração à medida que tem sido detectado a dificuldade de entendimento do que de fato é competitividade no nível dos países. A partir de 1996, essas duas instituições vêm preparando dois relatórios separados. (ARRUDA et.al. 1996).
Os informes utilizam informações “hard”, ou seja, indicadores estatísticos obtidos de organizações internacionais e regionais, instituições privadas e institutos nacionais, e informações “soft”, significando dados compilados de uma Pesquisa de Opinião realizada com executivos que respondem questões sobre a competitividade presente e futura de seus países.
Os fatores analisados pelo WEF e IMD tem sido: Economia Doméstica, Internacionalização/ Abertura, Governo, Instituições Civis, Finanças, Infra-estrutura, Tecnologia, Gestão e Força de trabalho/população.
Tanto o IMD quanto o World Economic Forum (WEF), consideram o fator Gestão como significativo na competitividade de um país, apesar de fazerem suas análises de forma bastante distinta, e com pesos de seus fatores diferenciados.
Pelo estudo do IMD, o desempenho geral brasileiro no fator gestão é no máximo razoável. A colocação brasileira neste estudo é semelhante à colocação brasileira no estudo do WEF. Ou seja, o estudo do IMD constatou pouco avanço da gestão brasileira, apesar de todos os esforços recentes de reestruturação das empresas brasileiras.
Estes dados indicam uma dissociação entre a ação gerencial e a função gerencial delineada para as organizações neste final de século. Um dos discursos sobre a questão do “management” gira em torno de algumas palavras-chave: processo de gerência global dos recursos, destacando a densidade e a qualidade das interações; horizontalização dos processos, para que se possa atuar mais como agente pró-ativo e inovador; descentralização das estruturas e da decisão para ser mais pertinente às novas exigências e aumentar a capacidade de aproveitamento do potencial humano disponibilizado na organização, mas também para obter, através da competição entre unidades descentralizadas, um fator de dinamismo, ausente nas grandes burocracias.
No entanto, a despeito do papel que lhe possa ser reservado em cada aporte teórico, a figura do gerente ainda permanece obscura como sujeito das práticas organizacionais. Na verdade, o gerente e seu campo de atuação constituem-se em um objeto de pesquisa alvo de diversos estudos e fonte de igual número de controvérsias. MOTTA constata que
“a definição da função gerencial, apesar de muitas pesquisas e estudos diversos, permanece ainda um tanto e até mesmo misteriosa para muitos dos que tentam se aproximar de seu conteúdo”(MOTTA, 1991, p.19)
Dentre as instâncias
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