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Predestinação? E o amor de Deus?  

Por:   •  19/9/2019  •  Projeto de pesquisa  •  7.515 Palavras (31 Páginas)  •  181 Visualizações

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Predestinação?

E o amor de Deus?

 

 

 

Délcio Meireles

 

 

Proibida a reprodução total ou parcial deste livro

sem a autorização escrita do autor.

Introdução.       

 

              A quarenta e cinco anos passados J. O. West era o reitor da St. Philip e St. Jacob Without, Bristol. Em sua paróquia estavam os quartéis-generais da Sociedade Secularista, militantes ateus, seguidores de Charles Bradlaugh. Ele os convidou para uma conferência aberta e me pediu que o auxiliasse. Uma das perguntas feitas foi: A presciência não envolve predestinação?

 

              Provavelmente o questionador tinha em mente a idéia de que ninguém poderia positivamente saber de antemão que um evento aconteceria, a menos que tivesse o poder e a intenção de fazê-lo acontecer. Se isso fosse aceito, ele sem dúvida teria argumentado que Deus era o autor do pecado e o agente responsável por ele. Eu respondi que a presciência não implica necessariamente na predestinação, pois alguém pode ter conhecimento de que um ladrão pretende roubar sua casa, sem que isso signifique que ele predestinou tal ação. O presidente, um ateu, comentou: “Mas o seu próprio Livro está contra você” e apontou o texto de Romanos 8.29 onde está escrito: “Aqueles que (Deus) conheceu de antemão, também os predestinou para ser conforme a imagem do Seu Filho, para que Ele fosse o Primogênito entre muitos irmãos”. Eu respondi dizendo que o texto não diz: “Aos que Ele dantes conheceu conseqüentemente Ele predestinou”, como se um seguisse automaticamente o outro. Mas está escrito que “Ele também predestinou”, mostrando que a predestinação foi adicional à presciência, e, portanto, distinta dela. Nesse ponto (e com tais palavras) terminou a discussão.

 

              Sobre esse assunto Rosenberg escreveu estas fortes palavras: “No conceito Judaico-Sírio-Romano, que faz separação entre a Personalidade Humana e Deus e os coloca em inimizade, a idéia da ‘predestinação’ tornou-se um conceito louco que abateu a humanidade ao nível de escravos por nascimento” (M. 395).

 

              Deixando o azedume dessa declaração, e por ser um homem honesto e cristão eu devo simpatizar com aqueles oponentes do Cristianismo que ficam chocados com este dogma da predestinação. A falha está inicialmente com aqueles teólogos que o anunciaram em termos severos e deles extraíram inferências duras e terríveis não ensinadas na Palavra de Deus. 

 

              Agostinho disse: “Deus opera todas as coisas em nós, recompensando Seu próprio bem e punindo Seu próprio mal”. Tais palavras parecem indicar que o erro moral é operado por Deus e depois castigado naqueles que o praticam. Essa declaração de Agostinho é citada por E. T. Vaughan na nota de rodapé da sua tradução de 1.823do livro de Lutero “Escravidão da Vontade” (pg 61). Ele não fornece a referência. Agostinho, no Enquirídio, capítulo C, fala do Bem supremo tirando proveito até daquilo que é mal, para a condenação daqueles que em Sua justiça Ele tem predestinado para a condenação, e para salvação daqueles que em Sua misericórdia Ele tem predestinado para a graça.

 

              Calvino escreveu: “Os quais então, Deus criou para a vergonha da vida e destruição da morte, para serem instrumentos da Sua ira e exemplos da Sua severidade: para que cheguem ao seu próprio fim, ocasionalmente Ele tira a capacidade de ouvir Sua Palavra e em outras ocasiões Ele os cega e os torna mais confusos por meio da pregação dela” (Institutas, Bk. Iii; cap 24.12).

 

              Lutero escreveu: “Fazemos tudo apenas pela vontade de Deus e por meio de uma exigência que é colocada sobre nós ... de modo que todas as coisas ainda acontecem inevitavelmente, no que nos diz respeito ... visto que Deus move e atua em todas as coisas, não há como Ele também Se mover e atuar em Satanás e no ímpio ... (eles são) impelidos por este impulso da onipotência Divina ... Daí se conclui que o homem ímpio não pode senão se desviar e pecar continuamente; visto que ele é capturado e impulsionado pelo poder de Deus, ele não tem permissão para ficar ocioso, mas decide, deseja e age exatamente de acordo com o que ele é (Escravidão da Vontade, pgs 251, 252, 266, 267 – Ed. E. T. Vaughan, 1.823).

 

              Esse editor de Lutero mencionado acima acrescentou numa nota de rodapé: “Pela afirmação de que o reino do inferno tem conquistado e está conquistando seus súditos através de um poder que Deus deu ao diabo, sou levado a entender que o diabo não poderia existir, nem continuar existindo senão pela vontade de Deus; e que ele enche o inferno através da sua ação; por meio da qual, em perfeita consistência com todas as relações e obrigações da criação, a ruína foi originalmente trazida sobre o homem; e por meio da qual ele (o diabo) protege e preserva para si mesmo aquele despojo, o qual é do agrado do Pai que ele ganhe, para Sua glória, isto é, para glória de Deus o Pai” (pg 222).

 

              Samuel Rutherford foi realmente um discípulo raro e fiel de Cristo. Todavia em uma de suas cartas (edição de Bonar, No. 34) encontramos um horrível exemplo da teologia Calvinista. O longo argumento pode ser assim resumido: “A vontade de Deus é essencialmente santa e justa. Quando Deus diz aos reprovados ‘creiam em Cristo (que não morreu pela vossa salvação) e sereis salvos’, isso é justo e correto. Deus tem obrigado de forma imutável que todos os reprovados da igreja visível creiam nesta promessa: “Quem crer será salvo”. Mas, no decreto e intento secreto de Deus não há qualquer salvação ordenada e planejada para os reprovados. Por isso, por haver malícia neles e desprezo por Cristo, eles são culpados e a justiça tem a lei contra eles e não podem vir a Cristo (esse é o mistério), porque Ele não morreu por eles”.

 

              Essa linha de pensamento termina na Doutrina da Reprovação cujo sentido é: Deus por meio de sua soberania irresistível determinou antes da criação que alguns não seriam resgatados do pecado e da condenação. Cristo só morreu para redimir os escolhidos; o restante foi preordenado para a condenação e Deus não tem a intenção de salvá-los. Todavia, Ele ordena que se arrependam e creiam, mesmo sabendo que eles não podem fazer isso. E no final Ele os manda para o inferno por sua desobediência.

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