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Questões texto " A Violência no Brasil"

Por:   •  10/4/2016  •  Resenha  •  1.431 Palavras (6 Páginas)  •  505 Visualizações

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QUESTÕES TEXTO:

CHESNAIS, Jean Claude. "A violência no Brasil. Causas e recomendações políticas para a sua prevenção." Ciência e Saúde Coletiva 4.1 (1999): 53-69. http://www.scielo.br/pdf/csc/v4n1/7130.pdf

  1. É possível afirmar que o Brasil vive um apartheid social?

Como qualquer visitante, para além do âmbito da nossa missão, ficamos chocados pela obsessão com a insegurança que atinge a totalidade dos habitantes das grandes cidades brasileiras. No centro de São Paulo, casas vigiadas, cercadas por grades, protegidas por seguranças, são igualmente sinais desta desconfiança das classes burguesas com relação às

classes ditas perigosas. Tudo se passa como se os brancos tentassem reproduzir enclaves europeus, evitando o contato com descendentes de escravos ou com os imigrantes, fugindo da miséria no seu Nordeste. Muitos são os que ousam falar de um apartheid social pois, diante de tal segregação social, é inevitável lembrar daquela que existe em países com forte tensão entre negros e brancos, como os EUA, ou a África do Sul.

  1. Como a televisão pode integrar este contexto de aumento de desigualdades e violência?

No Brasil, a violência, sobretudo urbana, está no centro do dia a dia e ocupa as manchetes dos jornais. Ela é assunto de especiais para a tv e, mais que tudo, assombra as consciências, de tal forma é ameaçadora, recorrente e geradora de um profundo sentimento de insegurança.

Essa evolução é sintoma de uma desintegração social, de um mal-estar coletivo e de um desregramento das instituições públicas.

Ora, a televisão faz, a cada dia, a apologia do dinheiro e da violência: os assassinos são apresentados como heróis dos tempos modernos. Há um monopólio dos produtores e uma ausência de controle dos consumidores, submetidos a uma enxurrada de imagens sangrentas. O império da mídia banaliza a violência. 

  1. Por que o ensino público construído até agora é uma fantasia?

O ensino público é um desastre: os professores, mal pagos e desmotivados, não fazem um bom trabalho de pedagogos. Um grande número de crianças só vai à escola para comer pois lhes é assegurada uma refeição. A escola não garante mais a transmissão dos conhecimentos básicos. Essa instituição não soube se adaptar ao ensino de massa, as aulas limitam-se a quatro horas por dia, vinte por semana; no resto do tempo os jovens ficam na rua, na casa de vizinhos ou diante da televisão. A droga já conseguiu infiltrar-se nas escolas públicas. Estima-se que em São Paulo, um quarto dos jovens já são parcialmente tóxico dependentes, pois começaram a fumar, a beber ou a se drogar.

  1. Relacione a crise da moradia e o avanço da violência?

Ter um abrigo, um teto, confere um sentimento de segurança e dignidade. Atualmente a crise  e moradia é patente. Além de oferta insuficiente e políticas prediais inadequadas (ocupação ilegal, expulsão, retomada pela prefeitura, aumento abusivo de preços), o custo de acesso à propriedade ultrapassa os recursos dos mais pobres, especialmente da nova leva de nordestinos, desempregados ou mendigos na maioria. Os aluguéis, depois do Plano Real, atingiram um nível fora do alcance da classe pobre e mesmo da classe média. Apesar da solidariedade familiar e do dinamismo da “auto-construção”, o número de desabrigados cresce. Essa população flutuante, desenraizada, é, ao mesmo tempo, ameaçada e ameaçadora além de ser facilmente manipulável pelos chefes da droga e do crime que dela se servem para o roubo, para a prostituição e para a venda de drogas.

  1. Caracterize o cinturão de pobreza.

A periferia da grande São Paulo é onde as populações são mais vulneráveis e desvalidas. Trata-se do cinturão de pobreza, povoado de recém-chegados, vindos do Nordeste, empurrados pela fome, semi-analfabetos, sem qualificação, dispersos numa cidade ameaçadora, instalados de forma precária numa terra de ninguém, onde os serviços públicos são deficientes ou francamente inexistentes.

  1. Como o transporte impacta a vida do morador de periferia?

Comparado com o sistema metroviário de Paris, o metro paulista é muito curto, enquanto a sua população é dois terços maior e tem de percorrer o dobro das distâncias. O tempo gasto nos transportes é maior, o serviço mais complexo e os preços, em termos relativos, cinco vezes mais caros. Para o morador da periferia, trabalhar no centro significa longas jornadas (levantar muito cedo e deitar muito tarde) cujas horas passadas no transporte esgotam o organismo e desorganizam a vida familiar.

Tal situação desencoraja o trabalho. É mais fácil sobreviver com o trabalho informal (vender cigarros, isqueiros e outros objetos de contrabando) ou com a delinquência, que com um salário.

  1. Segundo o autor, por que a existência de quatro polícias públicas piora o contexto da violência ao invés de combatê-lo?

A existência de quatro polícias públicas, mal coordenadas e, frequentemente, rivais, cria confusão. A polícia federal, a polícia civil, a polícia militar e a polícia municipal têm, em princípio, papéis complementares mas, na realidade, mal definidos, o que atrapalha a eficiência da atuação assim que começa um tiroteio.

  1. Explique como a justiça aprofunda o contexto da violência?

Mesmo a justiça é lenta, ineficaz e inacessível ao cidadão devido aos elevados honorários dos advogados. Quanto aos juizes pouco familiarizados com regras de contabilidade, com as astúcias da informática ou dos crimes de colarinho branco, são fáceis de enganar e subornar.

  1. É possível afirmar que, no Brasil, a violência tem um componente racista.

A sociedade brasileira é feita de uma curiosa mistura de latinidade e negritude, onde os contrastes e a discriminação social não tardam a se revelar por trás da informalidade, jovialidade e cordialidade. Para escapar à sua condição, o negro tem de ser rico e isso torna-se tanto mais difícil na medida em que aumentam as barreiras entre os dois mundos e as diferenças de níveis de vida e mentalidade se aprofundam. Nas prisões e necrotérios, a população é, em geral, negra ou mestiça; nas universidades,ela é 95% branca.

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