REPRESENTAÇÃO GLOBAL
Tese: REPRESENTAÇÃO GLOBAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: tatianeletecia • 6/4/2014 • Tese • 2.735 Palavras (11 Páginas) • 294 Visualizações
Três décadas depois estes países lideram a retomada do crescimento econômico global após uma severa crise, entre 2008 e 2009, ter abalado as estruturas financeiras dos países mais desenvolvidos. Para consolidar este novo posicionamento e importância no cenário mundial, os países do BRIC (acrônimo criado pelo economista chefe do banco Goldman Sachs, Jim O´Neill, em 2001) se articularam buscando formas de aumentar sua participação nos rumos econômicos do planeta, bem como uma maior inserção na política internacional, seja por meio de uma participação mais relevante em organismos multilaterais, seja reforçando entre si posicionamentos e parcerias comerciais e tecnológicas.
Neste sentido, realizaram em 2009, na Rússia, a primeira cúpula dos BRIC, encontro cujo ponto central foi a busca de uma maior representatividade dos países emergentes no processo decisório no campo das relações internacionais. Um ano depois, o Brasil sediou a II Reunião de Cúpula dos países que formam o BRIC, ocorrida no Palácio do Itamaraty em Brasília, no dia 15 de abril, na qual o presidente Luís Inácio Lula da Silva recebeu seus colegas Hu Jintao (China) e Dmitri Medvedev (Rússia) e o primeiro-ministro Manmohan Singh, da Índia. Em paralelo, o Ipea promoveu, entre os dias 14 e 15 de abril, um encontro entre representantes de alguns dos principais centros de estudo econômicos da Rússia, China e Índia, para discutir o papel dos BRIC na transformação global pós-crise.
REPRESENTAVIDADE GLOBAL A busca por uma maior cooperação no cenário político internacional reflete o crescimento que estes países obtiveram nos últimos anos, especialmente no âmbito econômico. De acordo com dados do Banco Mundial, em 1990 os países do BRIC representavam 8% Produto Interno Bruto (PIB) mundial, e em 2006 passaram a representar 12% da economia global. O comércio internacional é uma das dimensões na qual a importância dos BRIC aumentou visivelmente. No mesmo intervalo de tempo, o peso destes países no comércio mundial passou de 3,9% para 10,6%, excetuando-se deste total a Rússia, cujos dados de 1990 não estão disponíveis.
Apesar do expressivo crescimento da corrente global entre 1996 e 2008, que praticamente dobrou nesses 12 anos, Brasil, Rússia, Índia e China expandiram suas exportações a taxas ainda mais elevadas (ver gráfico 1) e reforçaram a sua importância no mercado mundial.
Segundo destacou Renato Baumann, representante da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) no Brasil, o desempenho recente destas economias e seus indicadores macroeconômicos auxiliaram na mudança de perspectiva em relação às suas potencialidades de crescimento. Sobretudo porque, em comum, estas economias apresentam grandes mercados internos que "aumentam as possibilidades para que possam obter 'exportações viabilizadas pelo crescimento', em vez de um 'crescimento liderado pelas exportações'", o que lhes confere um espaço maior de participação nas relações internacionais, argumentou o pesquisador no texto O comércio entre os países do BRIC, divulgado durante o evento em Brasília. Alguns estudos chegam a apontar que os nos próximos 50 anos o BRIC poderá superar o G-6 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália) como principal força propulsora da economia global.
INVESTIMENTOS DIRETOS EXTERNOS Parte do crescimento destes países se explica pelos investimentos diretos externos (IDE) feitos em suas economias, e por suas economias. A Unctad, órgão das Nações Unidas para o comércio e desenvolvimento, estima que em 2009 o fluxo total de IDE tenha alcançado US$ 1,4 trilhão, após pico de US$ 1,97 trilhão em 2007, e US$ 1,69 trilhão em 2008 (ver gráfico 2). O órgão da ONU projeta que a partir de 2011 os fluxos de IDE se recuperem consistentemente, com boa parte deste fluxo sendo gerada e absorvida pelos BRIC.
Radhika Kapoor, do Conselho Indiano para Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais (ICRIER, na sigla em inglês), destacou, durante o evento do Ipea em Brasília, que apesar do declínio em volume global de IDE nos últimos anos, a quantidade destes recursos que foi absorvida pelos países em desenvolvimento apresentou crescimento de 17% em 2009, em relação ao ano anterior. "A participação das economias em desenvolvimento no fluxo global de IDE subiu de 31% em 2007 para 43% em 2008, mudando o cenário de investimentos", afirmou a pesquisadora indiana.
Dentre os países do BRIC, o Brasil é o mais internacionalizado, com o maior estoque de IDE em relação ao seu PIB (18%), seguido pela Rússia (13%), Índia (10%) e China (9%). Entretanto, considerando os investimentos feitos em outros países, o Brasil fica em segundo lugar. O estoque de investimento no exterior corresponde a 10% do PIB brasileiro, enquanto na Rússia este porcentual alcança 12% (ver tabela 1).
Apesar de apresentarem perspectiva de recepção e aplicação crescentes destes investimentos, a forma como estes recursos são utilizados varia de acordo com as especificidades econômicas de cada país. Luciana Acioly, coordenadora de Estudos de Relações Econômicas Internacionais do Ipea, citou o exemplo da Rússia, que aproveitando-se do ciclo de valorização das commodities minerais na década de 2000, acumulou um elevado nível de divisas (mais de US$ 439 bilhões ao final de 2009), tornando-se assim a maior fonte de IDE dentre os BRIC.
O IDE russo concentra-se nos setores de petróleo e gás, mineração, siderurgia e telefonia móvel, detalhou Luciana, acrescentando que cerca de 30% do estoque de IDE russos estão localizados na Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que reúne países que faziam parte da URSS, com a União Europeia concentrando mais de 40%. "A Rússia não possui políticas específicas de apoio à internacionalização de suas empresas, tais como incentivos fiscais, financiamentos e seguro contra risco político, mas apesar desta inexistência de políticas específicas, é clara a influência do Estado sob o processo de internacionalização das empresas", ressalta.
Já Svetlana Glinkina, do Instituto de Economia da Academia de Ciências da Rússia salientou que metade dos investimentos totais da Rússia em 2009 foi IDE. A pesquisadora reconhece que o papel do Estado russo no setor de óleo e gás é muito grande, e que "mudar esta situação hoje é muito difícil, porque as companhias estão lucrando muito com o alto preço do petróleo". Svetlana avaliou que a melhor maneira de a Rússia a superar sua dependência da exportação de commodities minerais é aproveitar as grandes reservas em moeda estrangeira e "aplicá-las para organizar créditos específicos para nossas
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