Um Levantamento Bibliográfico sobre os Impactos das Mídias Socias no público LGBT
Por: JoaoPauloDurao • 7/11/2016 • Artigo • 3.756 Palavras (16 Páginas) • 442 Visualizações
Um levantamento bibliográfico sobre os impactos das mídias sociais
no empoderamento do público LGBT
DURÃO, João¹
CHIARETTO, Silvana²
RESUMO
As redes sociais hoje têm um papel muito importante no que tange a visibilidade e disseminação da cultura LGBT, por anos estigmatizada, essa comunidade viu nas redes uma possibilidade de mostrar quem é, tanto para seus comuns quanto para aqueles que os desconheciam, quebrando pré-conceitos e paradigmas provenientes da falta de informação de muitos sobre a mesma.
Palavras-chave: Mídias Sociais, LGBT, Empoderamento.
ABSTRACT
Social media today has a very important role when it comes to visibility e dissemination of the LGBT culture, stigmatized for years, this community saw in social media a possibility of showing its true colors, being for those who knew about them or for those who were unaware, breaking barriers and pre-conceptions and paradigms due to lack of information of many regarding the matter.
Keywords: Social Midia, LGBT, Empowerment.
¹João Paulo Durão – aluno do MBA em Gestão Estratégica de Marketing. Belo Horizonte/MG. E-mail: joaopaulodurao@gmail.com
²Silvana Chiaretto: Professora e Orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso. Belo Horizonte/MG. E-mail: silvanachiaretto@yahoo.com
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como intuito entender a relação entre movimentos sociais e mídias sociais e como estas podem ser usadas a fim de divulgar a discussão sobre a representatividade da comunidade LGBT.
O mundo está vivendo um constante processo de evolução e transformação, processo este acelerado desde o surgimento e disseminação da internet no meio dos anos de 1990, de lá até hoje, muita coisa surgiu e acabou, mas uma coisa mostrou-se constante, o uso das redes sociais como forma de comunicação e troca de ideias entre pessoas com interesses em comum.
Na atual conjuntura social, na qual o conservadorismo e a liberdade andam lado a lado, as redes sociais mostram-se como um santuário para livre expressão da individualidade pessoal – mesmo com julgamentos – o anonimato e o conforto da distância virtual, provam-se aliados fortes para o empoderamento de minorias antes silenciadas pela opressão da sociedade.
A partir do momento em que nós podemos emitir livremente, nos conectar aos outros, nós conseguimos reconfigurar a cultura, a sociedade, a política. Esses para mim são os três princípios básicos da cibercultura, e podemos encontrar isso nos blogs, nos podcasts, no software livre, no Twitter. Todo mundo pode produzir. Essa produção só faz sentido se um estiver conectado a outro, porque não é produzir para mim mesmo, e sempre que uma sociedade dá voz às pessoas, as pessoas podem falar, as pessoas podem se agregar para fazer coisas, isso tem uma potência gigantesca de transformação social, política e cultural (LEMOS, 2009, p. 143).
E em uma dessas minorias encontra-se o foco deste trabalho: o empoderamento da comunidade LGBT por meio das mídias sociais. Segundo Arthur Costa, no texto Empoderamento, Representatividade na Mídia e Movimentos Sociais: “O empoderamento possibilita a aquisição da emancipação individual e também da consciência coletiva e pública necessária para a superação da dependência social e dominação política na sociedade”.
Por muitas décadas, a comunidade LGBT foi relegada ao ostracismo do preconceito, ao subterrâneo da sociedade, ao status de não cidadãos por puro medo do desconhecido, conhecido como homofobia. Apesar do mundo em constante evolução e adaptação e respeito, hoje ainda ser homossexual é considerado crime em mais de 70 países e em 13 deles há previsão de pena de morte.
Apesar das adversidades, a população LGBT, em destaque a mais jovem, tem feito uso das redes sociais, em especial Facebook, Twitter e Instagram para se expressar e mostrar quem realmente é; usando-as como ferramenta para construir um diálogo social engrandecedor e empoderador e ajudar àqueles que não têm a força ou a possibilidade de o fazerem, dando voz e visibilidade àqueles ainda invísiveis.
Vê-se através das redes sociais a união de diversas minorias, antes segregadas, na busca de um bem comum, de um empoderamento coletivo. Todas com um diálogo parecido no que tange o desmonte da normatização e padronização da sociedade. No caso mais específico da comunidade LGBT, o discurso passa pelo desmanche da heteronormatividade comportamental, a aceitação e inserção das travestis e transexuais e a representatividade da comunidade em geral, fugindo de padrões e normas na busca de uma totalidade do grupo.
Discussão essa de suma importância, principalmente no Brasil, país com maior índice de homicídios de LGBTs no mundo, segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB) – mais antiga entidade do gênero do Brasil – em seu relatório anual ela indica que 318 gays foram mortos em 2015 em todo o País. Desse total de vítimas, o GGB diz que 52% são gays, 37% travestis, 16% lésbicas, 10% bissexuais.
E também, frente ao ataque à Boate LGBT Pulse em Orlando, ocorrido no dia 12 de junho de 2016, considerado o maior massacre a mão armada em solo americano, onde 49 pessoas foram mortas e outras 51 foram feridas pelo simples fato de serem elas mesmas, homens e mulheres gays, bis, lésbicas, trans, travestis, etc.
As pessoas encontram nas redes sociais digitais um meio de comunicação horizontal e imediato, capaz de mobilizar milhares de pessoas acerca de uma causa quase que em tempo real. Segundo CASTELLS (2013), da segurança do ciberespaço, pessoas de todas as idades e condições passaram a ocupar o espaço público, num encontro às cegas entre si e com o destino que desejavam forjar, ao reivindicar seu direito de fazer história – sua história – numa manifestação da autoconsciência que sempre caracterizou os grandes movimentos sociais.
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