A Interdependência Complexa
Por: bernardolobato • 30/9/2021 • Dissertação • 597 Palavras (3 Páginas) • 137 Visualizações
É incerto dizer se o cenário deve mudar de forma drástica recentemente, apesar do prolongado comprometimento de recursos militares e diplomáticos da Rússia e de países do Ocidente no conflito, uma resolução pacífica ainda é o objetivo a ser alcançado, e o regime de Assad permanece firmemente no controle do país após anos de interferências externas e internas no governo sírio. Apesar das escaladas de tensão já terem se cessado, ainda é possível, de forma clara, analisar a situação como uma interdependência militar por parte da Rússia para com o governo da Síria, visto que a intervenção da Rússia no conflito começou com o intuito além de simplesmente combater o terrorismo e apresenta uma chance para exercitar poder de projeção e usar o conflito armado como oportunidade de treinamento, mas com uma forte projeção política, quanto para a Síria a presença militar e política de forças russas na região se mostrou benéfica no enfrentamento de diversas milícias locais anti-Assad, assim proporcionando aumento do poderio militar pró-ditador sírio, e menor influência de países ocidentais como Estados Unidos e membros da União Européia, que já se manisfestaram contra o regime. Deste modo, o curso de ação mais viável é a dependência do regime de Assad das intervenções militares russas na região.
Indubitavelmente houveram diversas tentativas de diminuir os conflitos na região, durante o confronto vários acordos temporários de cessar-fogo foram firmados entre a anfitriã Síria, os países envolvidos e as diversas milícias e grupos paramilitares que lutam por interesses na guerra. Todavia, foi na mesa de negociações de Astana, Cazaquistão, que pela primeira vez diversos atores importantes do conflito como a própria Síria, Rússia, Irã, Turquia (países da região que de uma forma ou outra acabaram se envolvendo no conflito) e representantes rebeldes se reuniram com o intuito de regrar uma série de documentos em prol da criação de zonas de segurança. Este acordo pretende proteger a população civil e rebaixar a tensão entre os rebeldes e as forças governamentais.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-09/sexta-rodada-de-negociacoes-em-astana-sobre-paz-na-siria-sera-em
Por conseguinte, após as negociações de Astana, o conflito se tornou mais aberto às negociações de paz e resolução, desta forma os países envolvidos foram convocados para uma nova mesa de negociações, desta vez intermediadas pela ONU, em Genebra. A Rússia se tornou a partir do final de 2018 peça chave para a resolução do conflito, abrindo mesas de negociação entre todas as partes envolvidas, inclusive a oposição síria ao regime de Assad, que se encontrava exilada. A intenção da Rússia é de iniciar um processo interno sírio de formulação de uma nova constituição, contando com a participação do governo atual e da oposição, com intermédio russo. Desta forma, observa-se uma estrutura política nas relações de interdependência entre os países, onde a Rússia dita militarmente e politicamente os rumos da Síria, buscando mais poder a longo prazo no governo sírio e na região como um todo.
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/11/01/interna_internacional,1097800/russia-se-torna-peca-chave-para-solucao-politica-do-conflito-na-siria.shtml
Pode-se concluir que a relação entre a Rússia e a Síria vai além de uma simples aliança. O país árabe se tornou um satélite russo no Oriente Médio, onde o Kremlin ditou todos os processos, desde o início da guerra civil síria até as mesas de negociações e a busca pela reestruturação social e política. Estas manobras em torno da Síria fazem com que a Rússia possa supervisionar um assentamento político naquele país, ao lado de alguns estados ocidentais e regionais, de uma maneira que consagraria a influência russa, caracterizando este processo de interdependência contínua na região como um todo.
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