A RECENSÃO ANALÍTICA
Por: juliabitello • 31/5/2020 • Resenha • 2.893 Palavras (12 Páginas) • 366 Visualizações
Introdução
O presente trabalho pretende analisar os argumentos apresentados pelos autores
no texto “Conceptualizing the Domestic Impact of Europe - Börzel; Risse (2003) e fazer
uma síntese e analise da tese e dos argumentos, juntamente com o que foi aprendido em
aula.
Por décadas, as academias de estudo europeias preocuparam-se principalmente
em explicar o conceito da integração europeia e europeização. Debates entre
neofuncionalistas, intergovernamentalistas, (liberais) e perspectivas de “governança
multinível” centraram-se na questão de como explicar a política europeia emergente. Esta
pesquisa adotou uma perspectiva bottom-up, ou seja, de baixo para cima, na qual a
dinâmica e os resultados do processo europeu de criação de instituições são a principal
variável dependente.
Uma literatura mais recente, foca-se no impacto da integração europeia e da
europeização nos processos políticos e sociais internos dos estados-membros e além,
sendo esse denominado como um processo top-down, ou seja, de cima para baixo, sendo
esse necessário para o entendimento da importância da União Europeia e da Europa e esse
o modelo escolhido pelos autores para explicar como a integração europeia e a
europeização afetam de maneira mais geral as policies, politics e polities dos estados
membros – no decorrer do texto explicarei a diferença entre esses três tipos de política.
Essa literatura está presente também no desenvolvimento de estudos internacionais que
procuram analisar cada vez mais os efeitos domésticos de instituições e normas
internacionais. No caso da União Europeia, segundo os autores, deve-se focar nos
processos de feedback entre e através dos vários níveis de governança europeia, nacional
e subnacional.
Condições para as mudanças domésticas em resposta à europeização:
Para que seja respondida à questão sobre a forma como a integração europeia e a
europeização afetam em geral as policies, politics e polities, existem duas condições para
que isso ocorra. Primeiro, a europeização deve ser algo tal como “inconveniente”, ou seja,
deve existir algum grau de “desajuste” ou incompatibilidade entre processos, políticas e
instituições em nível europeu de um lado, e no outro, processos a níveis domésticos,
políticas e instituições. Esse grau de desajuste leva a adaptação mediante a pressões, o
que constitui uma condição necessária, porém não suficiente, para esperar uma mudança
doméstica. A segunda condição para a mudança doméstica é que, segundo os autores,
vários fatores facilitadores – sejam atores ou instituições – devem responder às pressões
de adaptação induzido a mudança.
Assim, os autores conceptualizam a adaptação do processo em resposta à
europeização de duas maneiras, o que levam a ênfase diferentes em relação a esses fatores
facilitadores. Referem-se assim a duas variantes do “novo institucionalismo”, o
institucionalismo racionalista e o institucionalismo sociológico, que procurarei explicar
melhor ao longo do texto de acordo com as ideias dos autores.
Numa perspectiva racionalista, seguindo a “lógica do consequencialismo”, o
desajuste (misfit) entre processos, políticas e instituições europeias e domésticas fornece
aos atores sociais e/ou políticos novas oportunidades e restrições para satisfazer seus
interesses, e essas mudanças na estrutura de oportunidades levam a uma redistribuição
doméstica do poder uma vez que os atoes tem a capacidade de explorar essas
oportunidades e evitar restrições.
Fatores intermediários que influenciam a capacidade do ator em explorar as
oportunidades e evitar restrições
Segundo os atores, existem dois fatores que influenciam essas capacidades, são
eles:
1) Múltiplos pontos de veto na estrutura institucional de um país podem
efetivamente capacitar atores com interesses diversos para resistir às pressões
de adaptações emanadas da europeização. Por exemplo, referendos tem sido
grande pontos de veto na europa.
2) Instituições formais podem existir, fornecendo aos atores recursos materiais e
ideacionais para explorar novas oportunidades, levando a uma maior
probabilidade de mudança. Tal como, a possibilidade do parlamento ou do
conselho de vetar normas.
Seguindo a lógica do institucionalismo racionalista, a europeização leva a
mudanças domésticas através de um “empoderamento” diferenciado de atores resultante
de uma redistribuição de recursos no nível doméstico. Opostamente a essa lógica, uma
perspetiva sociológica parte do princípio que as políticas, normas e entendimentos
coletivos europeus exercem
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