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Breves Considerações Sobre a Conjuntura Política do Oriente Médio.

Por:   •  15/12/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.615 Palavras (7 Páginas)  •  101 Visualizações

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Breves considerações sobre a conjuntura política do Oriente Médio.

(Parte 1)

A imponência do crescimento chinês e a sólida aliança que a cada dia se constitui de maneira dia a dia mais vigorosa na Eurásia colocou em xeque a posição do imperialismo americano em todo o mundo. Especialmente no oriente médio, após sucessivas e significativas derrotas diplomáticas e militares, os EUA necessitam deslocar a sua ação para o mar da China e se ocupar em infligir a soberania chinesa.

Esse deslocamento em direção ao mar da China, abre um vácuo importante sob a influência que as potências ocidentais exercem na região mais estratégica do planeta. O oriente médio não é mais o mesmo de dez anos atrás. Diria mais, de forma mais contundente, o oriente médio não é o mesmo de cinco anos atrás, especialmente pelo desenvolvimento da guerra da Síria, o atoleiro da coalizão saudita no Iêmen, o fracasso retumbante da retirada das tropas do Afeganistão, a convulsão social iminente que espera o Líbano etc.

Neste breve artigo, pretendo situar o leitor com alguns contextos, balanços e as perspectivas futuras que os países da região podem experimentar nos próximos anos. Alguns palpites sobre como o xadrez deve se desenvolver. Contudo, há também certezas além dos palpites e dentre elas está o fracasso dos EUA e a vitória do chamado “eixo da resistência”.

Síria:

Chegamos a uma década de guerra na Síria e o país é principal palco de derrotar militar dos Estados Unidos. Após armar, treinar, financiar toda sorte de jihadistas, opositores chamados “moderados” e separatistas “de esquerda” na região do curdistão os americanos não tem mai uma mão pesada no terreno de batalha.

A entrada da Rússia com um pequeno contingente de aéreo Khmeimin, e ataques a partir da base de Tartus no mediterrâneo, proporcionaram aos combatentes do exercito árabe sírio, do hezbollah e ao instrutores iranianos uma vitória incontestável na guerra. O país chegou a ser dominado em mais de 60% do seu território pelo jihadismo e, hoje, apenas a região norte (a província de idlib) segue dominada por uma dezena de grupos apoiados majoritariamente pela Turquia.

O governo prepara uma grande ofensiva para a retomada de cada centímetro do seu território e a situação segue tensa e em impasse. Russos e iranianos conseguirão demover os planos expansionistas e neo otomoanos de Erdogan? Essa é a pergunta central. O equilíbrio é frágil e um enfrentamento direto pode fazer toda a região sair do controle. O tempo esta cada vez mais se esgotando para Erdogam e forçar a mão na Síria pode isolar ainda mais a chamada “terceira via” [1] regional.

Iêmen:

Pouco noticiada, pouco debatida, e com baixa visibilidade midiática no ocidente, a guerra do Iêmen é conhecida como a guerra esquecida e, ao lado do conflito sírio, os dois maiores desastres humanitários do século XXI. No pequeno país ao sul da península arábica uma poderosíssima coalização liderada pela Arábia Saudita e Emirados Árabes, com suporte e apoio dos Estados Unidos, tenta controlar uma das resultantes das primaveras Árabes.

O complexo interesse dos setores em disputa, combinada com alianças frequentemente cambiáveis dentro deste mesmo conflito dinamitam as leituras simplistas, quase sempre orientalistas, acerca das disputas regionais. A resistência iemenita é majoritariamente comandada pelos Houthis que, mesmo com grande inferioridade militar, tem golpeado duramente os modernos exércitos sauditas e de seus aliados.

Mais uma vez assistimos o prestigio iraniano sair inteiro em meio a um conflito assimétrico, demonstrando a imensa capacidade dos conselheiros militares persas em comparação com os seus adversários regionais. Sua técnica de construção de túneis e elaboração da guerra de guerrilhas colocam em destaque a atuação dos houthis ao enfrentar adversários infinitamente mais poderosos e, mesmo assim, ainda logram êxito.

Iraque:

Ocupado desde ano de 2003 pelos Estados Unidos, Inglaterra e outros aliados da Otan, o Iraque já experimentou diversos estágios da guerra e segue oscilando na disputa de projetos que mais uma vez antagoniza o “eixo da resistência” de um lado e as potências imperialistas juntamente com seus aliados regionais de outro. Este país detêm uma das maiores e melhores reservas de petróleo do planeta, segue fracionado e fraturado com um projeto que visa drenar os seus recursos pelo maior tempo possível em detrimento da sua população, cada vez mais pobre e alijada de recursos básicos.

De sua parte, a conjuntura política iraquiana insiste em não se enquadrar com as leituras e interpretações midiáticas, quase sempre orientalistas, e que insistem em antagonizar grupos e vertentes islâmicas. O Iraque é mais uma prova do fracasso na insistência em colocar a chave sectária no centro do debate para interpretar a região como um todo. O maior país árabe xiita (cerca de 60% da sua população) tem os dois principais campos do xiismo em lados opostos a saber: a) os Saadistas, liderados por Moqtada el-Sadr, que saltou para 70 vagas num total de 329 do total do parlamento ; b) o Fatah[2], que é uma coligação de aliados dos iranianos que saiu de 48 vagas no parlamento em 2018 para apenas 16.

O resultado eleitoral, foi amplamente denunciado por fraude pelos grupos de resistência além de ter quase 60% de abstinência pela população. As MPU[3], principal força militar do país e responsável pela derrota do Daesh[4] permanece mobilizada para o que acredita ser uma nova investida dos Estados Unidos e aliados no país. Após a saída vergonhosa do Afeganistão os olhos de todos voltam-se para o Iraque à espera do que vai acontecer no Iraque por dois motivos fundamentais: A) O norte do país é o pavimento por onde o auxilio iraniano chega a síria e, consequentemente ao Líbano; b) Qual será o lugar das multinacionais na exploração do petróleo do país?

O último acontecimento no país ficou por conta de um ataque por drone à casa do atual primeiro ministro Al-Kadhimi localizado em uma região de desescalada conhecida como “zona verde”. Obviamente, as potencias imperialistas e seus aliados se apressaram em acusar as MPU e responsabilizar o irã pelo suposto atentado. Chamo a atenção que este tipo de conflito, localizado em um país e região absolutamente instável, pode escalar muito rapidamente para uma violência generalizada, portanto, prudência e permanente atenção com os fatos é determinante para compreender este ato.

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