O Glossario Marxista
Por: Viviane Macarini • 14/12/2016 • Resenha • 1.622 Palavras (7 Páginas) • 268 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DISCENTE: Viviane Carvalho Macarini RA: 4204312
DOCENTE: Profa. Dra. Regina Laisner
DISCIPLINA: Teoria Política
CURSO: Relações Internacionais – 2º ano (Noturno)
Glossário Marxista
Em um mundo onde o sistema vigente tem como alguns de seus fundamentos a divisão de classes; a dominação da minoria sobre os meios de produção e a restrição de princípios básicos aos indivíduos; teóricos marxistas constroem pensamentos que tem por objetivo transformar o mundo em um lugar de todos. Mas, apesar de possuírem a mesma base teórica, divergem sobre meios e modos de se chegar a esse objetivo, ou seja, o melhor caminho para se instalar o socialismo.
Marx possui uma visão realista do Estado e, analisa suas irregularidades, apontando a existência de uma falsa liberdade, pois com a divisão de classes e a dominação da classe burguesa sobre o proletariado, somente os dominantes seriam detentores desta liberdade. O proletário não tem a autonomia de comandar sua vida, ele simplesmente vive a mercê dos planos burgueses. Juntamente com essa escassa liberdade, nota-se a presença significativa da desigualdade social, a qual aparece com a função de opressão de classes. Para o teórico, no capitalismo, os indivíduos são considerados iguais até o aparecimento do caráter socioeconômico. E por fim, onde há desigualdade há injustiças. Em tal sistema, os meios de produção são controlados pelos dominantes, e esses usam a mais-valia como sinônimo da injustiça social. Proletários não recebem seus salários justamente, pois o tanto de horas trabalhadas não correspondem ao mínimo de dinheiro recebido. O restante, ou seja, o tão valioso lucro já tem um caminho certo, os bolsos da classe dominante.
A partir da análise feita por Marx sobre o sistema capitalista, ele chega à conclusão de que a sociedade só viveria plenamente com liberdade, igualdade e justiça, quando o comunismo fosse instaurado através de uma revolução violenta, chamada de luta de classes, que romperia totalmente com o sistema capitalista; pois com isso as relações de dominação seriam eliminadas, surgindo a verdadeira liberdade; a divisão de classes desapareceria, aparecendo, assim, a igualdade; e se formaria, entre as classes, um equilíbrio, onde não existiria a estrutura de produção antiga, garantindo a justiça.
Um dos autores mais fiéis a Marx e seus pensamentos é Lênin. Ele acredita que o marxismo seja um método para a ação e não só um dogma. Considerando fundamental a presença dos partidos políticos na sociedade, afirma que estes guiariam a revolução dos proletários contra o capitalismo. Com essa revolução, há a busca pelos princípios básicos da vida do homem, tendo, assim, que eliminar a propriedade privada, e se apossar de todos os meios de produção, o que garantiria a liberdade e a igualdade. O outro princípio é o da justiça, e esse só seria conquistado quando a classe dominada estivesse no poder, não sobrepondo mais as preocupações com o próprio enriquecimento acima das preocupações sociais de bem estar coletivo.
A pensadora Rosa Luxemburgo vê a revolução como meio necessário para a condução da ruptura com o sistema capitalista; e assim, critica os sociais-democratas, os quais preferem a reforma – revolução mais processual. Também os critica quanto à questão do crédito, pois enquanto para eles o crédito é algo bom, integrador do capitalismo, para ela o mesmo é uma forma de enganar o proletário, passando a ideia de inserção de todos no sistema, porém, a realidade é que esse somente acentua a desigualdade social. Assim, com a finalidade de se alcançar a igualdade absoluta, seria feita uma revolução permanente, quebrando o sistema vigente e instaurando o socialismo. Essa mesma revolução também garantiria a justiça, pois removeria os meios de produção das mãos da classe dominante. Um dos pontos importantes da autora é a sua visão sobre a democracia, pois, para ela, essa possui valores positivos. Porém, a democracia liberal vigente no capitalismo não carrega tais valores ao impedir a participação direta da massa no campo político, restringindo, assim, sua liberdade política. A fim de recuperar essa liberdade, o proletariado deve implantar a democracia socialista, destruindo assim, a dominação de classes.
Já Gramsci foi um autor muito fiel à obra de Marx. Ele traz uma (re) leitura marxiana, a qual se relaciona com os novos desafios impostos pelo capitalismo. Pensa em uma revolução mais processual, que seria direcionada pelos partidos políticos, pois, assim como Lênin, acredita na importância destes. Porém, os partidos políticos deveriam ser formados por intelectuais interventores e entendedores da sociedade, pois assim teríamos uma maior garantia de justiça e igualdade, uma vez que estes liderariam de forma a equilibrar os interesses da massa e usando do consenso de todos, o que asseguraria a liberdade. Também trás consigo a ideia de emancipação intelectual dos dominados, pois com um líder político representante das massas, esta teria a possibilidade de participar do sistema sem restrições. Porém a liberdade individual, para Gramsci, só seria contemplada quando fosse coletiva.
Sendo considerado Frankfurtiano, Adorno não acredita na real necessidade de uma revolução autoritária e afirma que mudar somente o sistema econômico não é o suficiente, pois antes de tudo, o capitalismo é um conjunto de valores. E são esses valores que são criados para manter o funcionamento do sistema capitalista. Baseado nesse ponto, Adorno constrói sua teoria da Indústria Cultural. Para ele, a indústria cultural cria uma cultura massificada, ou seja, uma cultura para as massas, e não feita por elas. Isso caracteriza a falsa manifestação, a qual faz a classe dominada ter a ideia de que a cultura surge deles, porém, quem detém tal cultura são as classes dominantes e usam dela para manter o pensamento homogeneizado e o sistema desigual. Além disso, segundo Adorno, a cultura já é produzida baseada na injustiça, “ela deve sua existência à injustiça cometida na esfera da produção” (ADORNO, 2002). Toda essa análise constitui, além da desigualdade e da injustiça, a falta de liberdade intelectual existente no sistema. E assim como Gramsci, Adorno afirma ser na emancipação intelectual do indivíduo a localização da chave para o alcance da justiça, liberdade e igualdade real. A partir do momento em que o homem tem a liberdade de avaliar sob seu modo o que é produzido pela indústria cultural, ele será livre. O homem passa a ter a liberdade de pensar diferente.
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