O Paradigma Liberal Conservador
Por: thalia1920 • 24/10/2022 • Ensaio • 728 Palavras (3 Páginas) • 164 Visualizações
O paradigma liberal-conservador do século XIX e da Primeira República é explicado por Amado Cervo à luz da ordem global vigente nesse período, a qual reproduzia valores, princípios e interesses europeus no sistema internacional. A Europa impôs ao sul global os moldes de comercialização, produção e de criação de instituições políticas e sociais. Dessa maneira, não existia alternativa viável para a periferia, tendo como único caminho a abertura do seu mercado para os manufaturados europeus e enfoque nas atividades primárias, impedindo, assim, uma modernização capitalista interna. “O liberalismo europeu continha apenas uma face, para fora” (CERVO, 2003, p.9).
A política externa brasileira do século XIX pautava-se no liberalismo de matriz europeia, em que o mercado de manufaturados foi cedido e a modernização capitalista foi sacrificada. A face liberal do paradigma liberal-conservador explica a perpetuação da condição periférica do Brasil, enquanto o lado conservador demonstra o fracasso do projeto de industrialização na década de 1840, a tentativa de exercer algum controle sobre o subsistema platino das relações internacionais e a negociação firme das fronteiras nacionais.
O paradigma do Estado desenvolvimentista se deu no contexto da depressão capitalista e da Segunda Guerra Mundial, momento no qual a América Latina revelou um dinamismo econômico, que incubiu em um processo de modernização, enquanto as potências capitalistas regrediram ao protecionismo e ao nacionalismo. “Os dirigentes rompem com a diplomacia da agroexportação e conferem nova funcionalidade ao Estado, contando com o apoio do pensamento diplomático, da imprensa e da opinião pública popular” (CERVO, 2003, p.12).
No Brasil, a ideologia desenvolvimentista penetrou a opinião pública, a vida política e os estudos sócio-econômicos, entre os anos 1950 e 1980, fazendo-se presente nos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Ernesto Geisel. Nesse contexto, o desenvolvimento se tornou vetor da política exterior, promovendo maior autonomia decisória, cooperação e políticas comerciais flexíveis, não doutrinárias. Desse modo, o paradigma desenvolvimentista conseguiu romper o modelo de dependência imposto pelo centro à periferia, abrindo espaço para uma modernização capitalista.
O paradigma do Estado normal diz respeito ao pensamento neoliberal, que penetrou a América Latina por meio de ideias monetaristas e do regionalismo aberto da Cepal. A estabilidade econômica foi um dos problemas crônicos enfrentados pelos latino-americanos, acerca disso, os estruturalistas entendiam ser necessário a implementação de medidas a longo prazo, enquanto os monetaristas defendiam o tratamento de choque. Nesse sentido, os detentores dessa concepção, travaram uma guerra contra os projetos desenvolvimentistas, encaminhando a destruição do patrimônio nacional construído em sessenta anos de esforços.
Com o Consenso de Washington, foram definidas condições para que os países da América Latina conseguissem seus empréstimos. Essas instruções concerniam: “mercados de consumo, abertura dos mercados de valores, abertura do sistema produtivo e de serviços, eliminação do Estado empresário, privatizações, superávit primário, proteção ao capital e ao empreendimento estrangeiros e adaptação das instituições e da legislação” (CERVO, 2003, p.16). Dessa maneira,
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