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A Derrocada da Revolução

Por:   •  14/11/2016  •  Artigo  •  5.322 Palavras (22 Páginas)  •  393 Visualizações

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A DERROCADA DA RÉVOLUTION:

As relações entre a ascensão do Terceiro Estado na política francesa, as adversidades entre jacobinos e girondinos e a corrupção do discurso revolucionário francês do século XVIII.

Cauê Fernandes Carvalho¹

 Trabalho de conclusão da disciplina de História das Relações Internacionais II, do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo, elaborado durante o primeiro semestre de 2016, sob orientação do Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni.

RESUMO

 O descontentamento populacional característico aos Estados absolutistas foi, conjuntamente às produções que prestigiaram a Razão, a força motora de uma revolução que direcionou o Ocidente a novas percepções políticas e sociais, as quais respaldaram a passagem definitiva da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Tal revolução - a Revolução Francesa do século XVIII - foi, portanto, a expressão politica, social e econômica da desestruturação do Antigo Regime.

  Os primeiros atos revolucionários franceses do século XVIII assinalaram a articulação dos membros do Terceiro Estado, ou seja, expressaram anseios comuns à parcela menos favorecida de uma das sociedades estamentais mais antigas de toda Europa. Contudo, as atribuições dos integrantes do terceiro estamento, ao longo do primeiro estágio da Revolução, diferenciaram-se entre si, posto que as capacidades conferidas à burguesia, ao baixo clero e aos sans-culottes, assim como suas limitações sócio-econômico-políticas, não foram congêneres.

 Em função de sua capacidade econômica, a burguesia francesa almejava maior representatividade nos processos decisórios políticos do Estado, e, por conseguinte, liderança na estruturação de relações que beneficiassem diretamente setores relacionados ao comércio. No entanto, baixo clero e sans-culottes, os quais compar-

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1. Aluno do terceiro termo do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo.

tilhavam pretensões com a burguesia – a exemplo da  redução do Poder real, da superação da crise, da atribuição de impostos ao primeiro e ao segundo estamentos, e da extinção de privilégios -, se manteriam, segundo princípios burgueses, alheios à esfera de tomada de decisões e suas contribuições seriam limitadas, de modo geral,  à manutenção do pensamento revolucionário. Irrefutavelmente tais limitações não se traduziram, em parte, à realidade, devido ao fato de que a burguesia dividiu-se, posteriormente à sua chegada ao Poder, em duas tendências políticas: a dos girondinos, conservadora, e a dos jacobinos, atenta às demandas sociais.

 O embate burguês iniciado em meio à Revolução gerou tensões que fomentaram o comportamento reativo em relação ao jacobinismo, o qual, tendo apoio dos sans-culottes, passou a dedicar-se não somente ao combate do pensamento antirrevolucionário, mas também de seus atores – em sua maioria, defensores da monarquia e girondinos -, ou seja, as divergências que se estabeleceram entre jacobinos e girondinos sustentaram a decadência da fala revolucionária.

 Penosamente, o enfrentamento entre jacobinos e girondinos chegou ao fim, posto que o jacobinismo e suas propostas orientadas pelos avanços sociais foram “derrotados”, e instaurou-se um governo pontuado por princípios conversadores girondinos que possibilitaram, a partir da “prática do Consulado”, a chegada de Napoleão ao Poder e o desfecho do primeiro processo revolucionário burguês na França.

Palavras-chave: Antigo Regime, Revolução, Terceiro Estado, sans-culottes e jaconinos.

ABSTRACT

The characteristic dissatisfaction to the absolutist States was the driving force of a revolution that directed the West to new political and social perceptions, which were responsible for final passage of the Modern Age to the Contemporary Age. This revolution - the French Revolution of the eighteenth century - was therefore the political, social and economic significance of the end of the Old Regime.

 The first French revolutionary acts of the eighteenth century marked the articulation of the Third State members, which means that they expressed common third State longings. However, contributions from the third state members, during the first stage of the Revolution differed from each other, since the capacity conferred to the bourgeoisie, the lower clergy and the sans-culottes were not equal.

 Because of its economic capacity, the French bourgeoisie wanted greater representation in political decision-making processes of the State, and therefore leadership in structuring relationships that directly benefit sectors related to trade. However, lower clergy and sans-culottes, who shared aspirations with the bourgeoisie - like reducing the real power, the overcoming of the crisis, allocation of taxes to the first and second estates, and privileges of extinction - would be kept, according to bourgeois principles, outside the sphere of decision-making and their contributions would be limited, in general, the maintenance of revolutionary thought. Undeniably such limitations did not become real due to the fact that the bourgeoisie was divided into two political trends in the time after the formation of the National Assembly: Girondins, conservative, and Jacobins, attentive to social demands.

bourgeois dispute started amid the Revolution created tensions that increased reactive behavior in relation to the Jacobinism, which, with support of the sans-culottes, began to devote not only to combat the anti revolutionary thought, but also of its actors - in most of the monarchy and Girondins defenders.

 Difficultly the confrontation between the Jacobins and Girondins came to an end, since Jacobinism and proposals guided by social advances were "defeated" and began a conversationalists Girondins government that allowed the arrival of Napoleon to power and the end of the first bourgeois revolutionary process in France.

Key-words: Old Regime, Revolution, Third Estate, sans-culottes and Jacobins.

INTRODUÇÃO

 As discussões presentes nesse artigo orientam-se preeminentemente pelo estabelecimento das possíveis relações entre a ascensão do Terceiro Estado à gerência política da França na última década do século XVIII, as consequentes divergências existentes entre jacobinos e girondinos no tocante às propostas revolucionárias, e a corrupção do pensamento e do desenvolvimento do pensamento revolucionário.

Para esse fim – estabelecerem-se as relações anteriormente referidas – o texto se divide em quatro estágios substanciais: a caracterização do Antigo Regime e o descontentamento popular; a composição do Terceiro Estado e a conquista das restrições ao Poder real; o desenvolvimento da Revolução de acordo com propostas jacobinas e a oposição girondina; as contribuições dos sans-culottes para o estabelecimento e a manutenção da primeira República francesa; e, consequentemente aos estágios anteriores,  as ultimações.

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